Um detento do Presídio de Segurança Máxima seria o mandante do atentado que acabou na morte de dois adolescentes de 13 anos, no Jardim das Hortências, região do Bairro Aero Rancho, na última sexta-feira (3).

Após a prisão de três envolvidos neste domingo (5), a Polícia Civil teve acesso aos celulares de um dos suspeitos. Em análise do material, a investigação apurou que o interno de 22 anos como sendo o mandante do crime. A motivação seria desavença por tráfico de drogas.

Conforme a Polícia Civil, equipes do Garras, GOI e Choque foram até o presídio e prenderam o integrante da organização criminosa em flagrante. Ele e os demais autores foram conduzidos para a Delegacia do Garras.

Organização criminosa

Neste domingo, o Batalhão de Choque prendeu um homem identificado como Rafael, de 18 anos, no mesmo bairro do crime. Conhecido como ‘Jacaré’, ele contou que autorizou a dupla responsável pelo crime a utilizar sua casa como ‘local seguro’ para uma reunião antes de partirem para o atentado.

Após crime, eles voltaram para lá e deixaram uma moto, que é roubada e foi utilizada nos homicídios. O veículo foi apreendido pela polícia no local. O suspeitos foi preso pela posse ilegal de um revólver cal. 38, mas que não teria sido usada no atentado. Ele tem passagens por receptação e posse ilegal de arma de fogo.

Após receber voz de prisão, ‘Jacaré’ informou que tinha conhecimento sobre os autores dos homicídios, indicando dois nomes. Diante disso, a polícia identificou os dois suspeitos de executarem o atentado, Nicolas, de 18 anos, e João, de 19 anos, este último não encontrado.

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Presos por envolvimento no atentado (Divulgação, PCMS)

Autores do crime

Em seguida, a PM prendeu, em uma casa de massagens na Vila Jacy, o responsável por pilotar a moto, Nicolas. Em sua mochila, a polícia encontrou um revólver cal. 357.

O suspeito confirmou que estava armado durante o ataque, mas relatou que apenas pilotou a motocicleta enquanto seu comparsa, portando uma pistola 9mm, efetuava os disparos contra as vítimas com o veículo em movimento.

Após o crime, os dois se reuniram na casa de ‘Jacaré’, onde Nicolas observou seu comparsa descarregando o carregador da pistola, ou seja, aproximadamente 16 disparos. Depois de esconderem a moto, os suspeitos acionaram um motorista de aplicativo.

“Deu bom…? Nem escutei os tiros”

Por fim, a polícia identificou e prende o motorista de app, de 40 anos, na Vila Bandeirantes. O suspeito confirmou ter prestado apoio ao trio utilizando o veículo HB20, que também acabou apreendido.

Entretanto, o motorista negou envolvimento no crime. Contudo, Nicolas afirmou em depoimento que o motorista teria se dirigido ao comparsa com intimidade, questionando-o sobre o resultado alcançado: “Deu bom…? Porque eu nem escutei os tiros e estava aqui pertinho”, teria dito.

De acordo com as investigações, o motorista tinha conhecimento do plano para assassinar o desafeto e, mesmo após errarem o alvo, manteve-se fiel ao acordo firmado com os comparsas.

Após isso, a investigação teve acesso aos aparelhos celulares e chegou até o possível mandante, preso na Máxima.

Pai se despediu da adolescente

O corpo da adolescente, de 13 anos, que morreu em um tiroteio na Rua Flor de Maio, foi levado na manhã deste domingo (5) para a despedida do pai, que está preso no PTran (Presídio de Trânsito) de Campo Grande.

O velório da adolescente ocorria desde às 19h na Pax Mundial, em frente ao Horto Florestal. Por volta das 08h40, o caixão com o corpo da menina chegou ao PTran. Conforme apurado, o pai pôde ficar cerca de 10 minutos com a filha, ocasião na qual conseguiu se despedir e realizar orações.

De acordo com a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) a despedida no presídio é um procedimento normal, para que os detentos possam se enlutar pelos entes queridos.

O outro adolescente, de 13 anos, também morto no atentado, teve o corpo velado e sepultado no sábado (4). Outras duas adolescentes acabaram atingidas de raspão.

Alvo vendia drogas

Segundo a mãe das meninas feridas, as duas estão muito abaladas com a perda dos amigos e também com a situação vivida.

Ela conta que o grupo de adolescentes estava sentado na calçada de uma casa, tomando tereré e conversando. Por volta das 21h, uma dupla chegou em uma moto e parou em frente de uma residência que serve como ponto para venda de drogas. A casa em questão fica de frente para o local que os jovens estavam.

Foi então que a dupla começou a disparar contra o homem que fornece os entorpecentes. Ele, para tentar se esquivar das balas, correu para onde os adolescentes estavam, momento em que os dois acabaram atingidos.

“Eles não tinham nada a ver com a história. A gente nem sabe onde esse cara mora, a gente só vê ele aqui porque é um ponto de droga”, lamentou.