Durante depoimento em julgamento nesta segunda-feira (18), no Tribunal do Júri em , a filha de Márcia Lugo Ortiz, Flavia Lugo Ortiz Golin, relembrou o sumiço e morte da mãe naquele dia 7 de outubro de 2021. Carlos, assim como na polícia, apresentou a ela várias versões para o crime.

Flavia, que mora em Goiás, contou que o pai ligou avisando que Márcia não tinha voltado para casa. A filha achou estranho e passou a ligar para os parentes da cidade. Todos estranharam porque Marcia não era de sumir.

No dia, chegaram a ir até o lava jato do autor, o amigo e confidente da vítima Carlos Fernandes Soares. Primeiro, ele disse que havia deixado Márcia na casa da avó de Flavia no dia anterior.

Até que veio a notícia do corpo de uma mulher encontrado debaixo de uma ponte na BR-262. O marido de Márcia foi ao local e reconheceu o corpo.

‘Teatro' e versões do autor

Segundo Flavia, Carlos ligou chorando dizendo: “Minha tia morreu. Eu não acredito nisso”. Segundo ela, ele estava desesperado e dizia que não podia ser ‘minha tia'.

“Agora a gente sabe que era tudo um teatro”, disse.

Depois, ligou para Flavia questionando se o que aconteceu não foi alguma mulher perigosa que matou Márcia para se vingar.

No dia seguinte de quando o corpo foi encontrado, Flavia veio para Campo Grande e Carlos acusou de ter mandado uma foto de Márcia para os jornais.

Ele não apareceu no velório e enterro e novamente ligou para a filha de Márcia querendo fazer uma confissão. Nessa confissão, disse que presenciou a morte de Márcia. Contou que estava em uma SW4 preta com a vítima quando foi parado pelo agiota conhecido como ‘China' e que Carlos devia para esse homem. Eles então começaram a brigar, momento em que Márcia teria tomado as dores de Carlos e tentou intervir. Segundo essa versão do autor, China, então, teria atirado contra ela.

Já em outra versão, contou que China o colocou no banco de trás e andaram pela cidade até que a levaram a um local, onde desovaram o corpo de Márcia.

Carlos ainda ficava mandando mensagem dizendo que estava com medo, mandava ainda fotos do China, sendo que a polícia constatou que o homem, na verdade, nem estava em Campo Grande no dia do crime.

Aos jurados, Flavia contou que o incentivava a ir à delegacia.

Como os cartões de Márcia haviam sumido, a filha trancou as contas, mas já tinha Pix agendado até janeiro para Carlos, tanto para o lava jato quanto para a pessoa física. No dia do velório, ele fez empréstimos e saques no dia que acharam o corpo. Com isso, a movimentação continuou mesmo após a morte.

Relembre o caso

A vítima foi encontrada morta, em um banco de areia, abaixo da ponte de um córrego, na BR-262, na tarde do dia 8 de outubro de 2021, horas após desaparecer. Ela estava com um tiro na testa.

Márcia era casada com um policial civil aposentado. As investigações revelaram que Carlos matou a amiga depois de atraí-la para um suposto flagrante de traição do marido dela.

No trajeto, o réu teria atirado na testa da vítima. Eles estavam em um carro SW4 alugado por ele. Depois de matar a vítima, Carlos levou o veículo para um lava jato, uma serralheria e a uma tapeçaria para consertar os danos causados pelo disparo.

A Polícia constatou que Carlos fez várias transferências bancárias, além de compras pagas com cartão de Márcia. Dias depois, ele foi preso em um Hotel em Dourados.