Após um atentado ocorrido no fim de semana contra policiais penais que estavam nas torres do Presídio Jair Ferreira de Carvalho, conhecido como Máxima, o Cope (Comando de Operações Penitenciárias) está dentro da penitenciária. Um dos criminosos morreu em confronto com policiais do Batalhão de Choque.

Um pente-fino está sendo feito dentro das celas da Máxima, onde detentos chegam a postar sua rotina em redes sociais. Porém, ainda não há informações sobre o que foi apreendido. Uma série de reportagens do Midiamax denunciou a entrada de celulares no presídio. Um bilhete foi interceptado com um detento que trazia ordens de execução dos policiais penais.

Um detento apagou sua rede social depois de matéria do Jornal Midiamax mostrar que ele fazia stories de sua rotina dentro do presídio. Em janeiro deste ano, o detento fez uma postagem parabenizando a filha pelo aniversário pedindo desculpas por estar longe por um tempo. As fotos publicadas em seus stories teriam sido postadas na semana passada e uma outra, onde aparece com um colega de cela, na noite desta segunda (20), conforme informações obtidas pelo Midiamax.

O detento influencer deu entrada no presídio em fevereiro de 2021. Ele tem passagens por associação criminosa, ameaça e evasão de custódia, e está preso por tráfico de drogas. 

Sem bloqueadores de sinal e sem combate efetivo da corrupção entre a cúpula de servidores, as cadeias de Mato Grosso do Sul se tornaram verdadeiros escritórios conectados com o mundo para detentos que comandam organizações criminosas a partir das celas da Agepen (Agência Estadual de Administração Penitenciária).

O Midiamax entrou em contato com a Agepen (Agência Estadual de Administração Penitenciária) para saber sobre o detento influencer e, após a publicação da matéria, em nota a Agepen disse:

“A Gerência de Inteligência da Agepen já havia identificado e realizado o processo de investigação necessário, bem como medidas administrativas vem sendo tomadas”.

Bilhete interceptado

Um bilhete interceptado há pelo menos uma semana na Gameleira de Segurança Máxima, em Campo Grande, trazia ordens expressas para execução de policiais penais. No domingo (19), três agentes foram alvos de mais de 10 disparos de um grupo de criminosos, que seriam faccionados, de acordo com informações obtidas pelo Jornal Midiamax.

O bilhete manuscrito traz em alguns trechos: “destemido o papo é reto para seu XXX para XXX e seu XXX que pegar primeiro é para executar sem dó entendeu, pois referente ferramenta nós tem”, dizia uma parte do bilhete. Por questão de segurança dos policiais penais, os nomes dos agentes alvos da execução estão suprimidos na matéria.

“Minha conta bruta é para pegar, pois me bateram lá na Máxima, e é para pegar sem dó, entendeu?”, estava escrito no bilhete interceptado com um detento transferido do Presídio de Segurança Máxima para a Gameleira I. 

A parte final do bilhete traz: “tem dois meses que estou mandando essas ideias, mano. Vê se tá tranquilo que vou chutar na mão dos guris, entendeu. Já tão demais no MS, está na hora de dar uma resposta a altura”. Conforme escrito no bilhete que dava ordens de execução aos policiais penais que estavam na torre da Máxima, neste fim de semana.

Sem bloqueadores e celulares na Máxima

Esquema supostamente organizado em parceria entre presos faccionados e servidores da administração penitenciária corrompidos teriam transformado as ‘telecomunicações ilegais’ em negócio milionário nas cadeias da Agepen.

Para funcionar, o esquema aproveitaria brechas intencionalmente mantidas. Dessa forma, o acesso de empresas terceirizadas, a ‘vista grossa’ para o arremesso de pacotes para dentro dos presídios, a entrada de visitas e até mesmo de servidores que burlam revistas seriam os meios de colocar aparelhos celulares nas penitenciárias de Mato Grosso do Sul.

Portanto, não importa o tamanho da prisão, todas estariam comprometidas, mostram as inúmeras ocorrências policiais que apontam como mentores intelectuais detentos sob responsabilidade da Agepen. Isso sem falar dos constantes flagrantes de celulares e até explosivos ‘guardados’ pelos bandidos na segurança das cadeias.