Mato Grosso do Sul teve um aumento de 6,2% nos casos de mortes violentas intencionais, conforme mostram os dados da edição 2023 do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. MS fica em 4º lugar dos seis estados que tiveram aumento nesses crimes.

Entram na categoria de MVI (Mortes Violentas Intencionais) os homicídios dolosos, os feminicídios, latrocínios, as lesões corporais seguidas de mortes, mortes de policiais e as mortes decorrentes de intervenção policial.

Mato Grosso do sul registrou 568 mortes violentas intencionais em 2022. No ano seguinte, o número registrado subiu para 603.

Na sequência, tiveram aumento os estados: Amapá (39,8%), Mato Grosso (8,1%), Mato Grosso do Sul (6,2%), Pernambuco (6,2%), Minas Gerais (3,7%) e Alagoas (1,4).

Entre os crimes registrados em Mato Grosso do Sul, por exemplo, foram registradas 13 vítimas de latrocínio em 2022 e 6 em 2023. Homicídio, foram 498 vítimas em 2022 e 448 em 2023. Já lesão corporal seguida de morte foram 6 em 2022 e 16 vítimas em 2023. 

Destes casos, em Campo Grande em 2023, foram 124 homicídios, 1 latrocínio, 7 lesões corporais seguidas de morte e 14 feminicídios.

Para se ter uma ideia, a média de Mortes Violentas Intencionais no Brasil, de 22,8 MVI para cada grupo de 100 mil habitantes, em 2023, é 18,8% maior do que a média regional da América Latina e Caribe.

Em termos globais, a taxa de MVI no país é quase quatro vezes maior do que a taxa mundial de homicídios, que segundo o UNODC2 é de 5,8 mortes por 100 mil habitantes. No Brasil vivem aproximadamente 3% da população mundial. Mas o país, sozinho, responde por cerca de 10% de todos os homicídios cometidos no planeta.

No país, a grande maioria das vítimas são homens, sendo eles 90,2% das vítimas das MVI. Já em relação às idades, vítimas com até 29 anos representam 47,4% dos casos de homicídios dolosos. Nos crimes de latrocínio, 52,5% são pessoas com mais de 45 anos e ¼ mais de 60 anos. Lesões corporais seguidas de morte, 59,1% das vítimas tem 35 anos ou mais.

O Anuário conclui os dados dizendo que há muito o que se fazer a respeito dos alto números e índices, conforme o que foi mostrado.

Em conclusão, o debate sobre o nível de violência letal no Brasil precisa encarar, em primeiro lugar, a questão da qualidade dos dados. Sem dados confiáveis, não há política pública. Em segundo lugar, é preciso avançar na discussão sobre como reprimir o poder bélico, territorial e financeiro do crime organizado de forma mais eficiente e efetiva do que o incentivo/ liberalidade da letalidade policial por parte de alguns governantes, sejam eles de direita, centro ou de esquerda no espectro político e ideológico. A atual forma de enfrentamento acaba por gerar mais mortes, sobretudo a atual forma de enfrentamento acaba por gerar mais mortes, sobretudo de negros, jovens e por armas de fogo, enquanto o crime organizado tem comprometido várias esferas da vida pública e da economia formal não atingidos pela ação de policiamento ostensivo e de operações especiais“.