Capoeirista acusado de estuprar alunos é ouvido em audiência no Fórum de Campo Grande

Caso segue em segredo de justiça

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Protesto realizado em 2021 em frente ao Fórum de Campo Grande, pedindo prisão do mestre capoeirista

A terceira audiência sobre o caso envolvendo o professor de capoeira acusado de estupro contra seus alunos acontece na tarde desta sexta-feira (6) no Fórum de Campo Grande. A morte de um jovem, de 18 anos, ocorrida em outubro de 2021, no Parque dos Poderes, revisitou a revolta de familiares, amigos e outras vítimas do capoeirista.

O capoeirista já foi condenado pelo estupro de um dos meninos, porém, recorre ao processo em liberdade. Outras duas audiências foram realizadas anteriormente para oitiva das testemunhas de acusação, vítimas e defesa. Já nesta sexta (6), o réu é quem será ouvido e, segundo informações, o depoimento será prestado por meio de videoconferência. 

A audiência acontece no Tribunal do Júri desde o início da tarde, contudo, a imprensa não pode acompanhar, visto que o caso está em segredo de justiça. 

O rapaz encontrado morto em outubro de 2021 é um dos que denunciou o professor de capoeira por abuso sexual um ano antes de sua morte. Ele tinha 13 anos quando sofreu os abusos, mas a família relatou que o professor não foi condenado por falta de provas. À época, em outubro de 2020, um primo do jovem chegou a registrar boletim de ocorrência, também denunciando o professor.

Desde a época que o caso repercutiu após a morte do jovem, outros alunos denunciaram os abusos e relataram ao Jornal Midiamax. Um jovem contou que o professor fazia amizade e se aproximava dos alunos, os levava para os lugares e chegou até a oferecer maconha e bebida para as crianças. 

Ele relatou ainda que ninguém sabia dos crimes, até que ele e o colega, encontrado morto em outubro após, a princípio, ter cometido suicídio, começarem a conversar sobre o assunto.

Em novembro de 2021, foi realizado um protesto em frente ao Fórum de Campo Grande, pedindo justiça e a prisão do mestre capoeirista. “Ele era uma pessoa muito alegre em vida e não queremos que outras pessoas passem pelo que ele passou”, disse uma prima do jovem, na época.

Capoeirista está em liberdade

O professor é investigado pelo estupro de quatro adolescentes, sendo que um é o jovem de 18 anos, que acabou cometendo suicídio um ano após denunciar o caso. O capoeirista já foi condenado por um dos crimes, contra um menino de 12 anos. Os estupros aconteceram entre 2017 e 2018.

O acusado acabou condenado a cumprir 9 anos e 4 meses de reclusão em regime fechado, além do pagamento de R$ 1,5 mil em indenização à vítima. No entanto, ele apelou e o recurso foi julgado em agosto deste ano. A condenação foi mantida, mas a indenização foi retirada.

Como a decisão não foi por unanimidade, o capoeirista ainda entrou com embargos infringentes.

O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) proíbe a exposição da identidade das crianças e adolescentes vítimas. Assim, o nome do acusado, independente de classe social ou profissão, não será divulgado, para que as vítimas também não sejam identificadas.