Acusada de tentar matar amante no Residencial Búzios muda versão após exclusão de réu: ‘Fui coagida’

Ré disse que foi coagida pelo ex-marido, já excluído do processo, a ajudar no crime e assumir a autoria

Victória Bissaco – 29/08/2024 – 09:56

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Jacqueline é ré por tentar matar o amante – (Foto: Victória Bissaco)

Acusada de tentar matar o amante, no bairro Residencial Búzios, em Campo Grande, no ano de 2019, Jacqueline de Almeida Araújo, de 28 anos, mudou completamente a versão apresentada em juízo, que resultou na exclusão de um outro réu do processo. Nesta quinta-feira (29), a ré encara o Júri Popular e afirmou ter sido coagida pelo ex-marido a participar da tentativa de homicídio e a mentir sobre o caso.

“Eu fui induzida pelo meu ex-marido a fazer o que eu fiz com o Danilo”, disse durante o julgamento. A mulher, ainda, disse ter mudado de versão por não achar justo pagar por um crime que não cometeu. “Tinha e ainda tenho muito medo dele. Somos separados há três anos e ainda não entrei com processo de divórcio com medo de ele descobrir meu endereço”, afirma.

A mudança indignou os presentes no Plenário. “A senhora contou muita mentira aqui nesse processo, desde o início. Então, é difícil saber o que é verdade”, observou a promotora de Justiça Luciana do Amaral. “A senhora, em juízo, tirou a participação dele, chamou para si a responsabilidade, e agora a senhora diz que foi ele que te coagiu? Que a senhora foi pressionada por ele a dizer isso? A senhora disse o contrário ao anterior?”, questionou o juiz Carlos Alberto Garcete.

Diferentes versões

No dia do crime, a vítima foi atraída para a residência do casal por meio de uma mensagem de Jacqueline enviada pelo Facebook. Na casa, o homem foi esfaqueado e teve o corpo queimado. Ele tentou fugir, mas foi novamente esfaqueado. A ré e o então marido saíram da casa, e a vítima foi socorrida por populares após gritar por socorro.

A denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) apontava, inicialmente, que a mensagem enviada pela rede social de Jacqueline partiu do então marido – que também era réu no processo – com consentimento dela. As facadas e o incêndio também seriam de autoria do homem. A participação da ré seria em ajudar o então companheiro a atrair o amante até o local.

Durante a Audiência de Instrução e Julgamento, realizada em 2019, Jacqueline negou que o então marido tenha participado de qualquer ação. Em juízo, assumiu total autoria, inclusive, das mensagens, facadas e do incêndio. Isso resultou na exclusão do outro réu do processo e apenas a mulher passou a responder pela tentativa de homicídio do amante.

Sentada ao banco de réus do Tribunal do Júri nesta manhã, Jacqueline, então, voltou a dizer que a culpa foi do marido, do qual está separada há três anos. Ela disse que, na época dos fatos, estava separada do companheiro e teve um relacionamento com a vítima. Ainda, afirmou que o próprio marido estaria em outro relacionamento.

A ré afirma que a babá dos filhos do casal quem teria contado para o homem sobre a relação dela com a vítima. O homem, então, quis voltar com a esposa – que aceitou – e planejou matar a vítima. “Não autorizei ele a mandar mensagem, fui coagida. Ele me agrediu, tinha raspado meu cabelo”, afirma.

O suposto amante foi até a casa do casal. Quem o recebeu foi Jacqueline, que o levou para o quarto e disse que iria fechar a porta do quarto das crianças e já voltava. No entanto, a vítima foi surpreendida pelo marido da ré, que o esfaqueou, depois jogou thinner e fogo nele.

O julgamento deve seguir durante o dia. Jacqueline responde por homicídio qualificado por motivo torpe, emprego de fogo e dissimulação.

Outra reviravolta

Essa é a segunda sessão consecutiva da 1ª Vara do Tribunal do Júri marcada por reviravoltas. Na terça-feira (27), o juiz Garcete adiou o julgamento de Fábio da Silva, conhecido como ‘Borracha’, suspeito de matar a tiros Isaías Vicente Ferreira, de 51 anos, em abril de 2016.

Isaías morreu após ter um desentendimento e o autor atirar contra ele na Rua Coata, no Jardim Montevidéu. Nesta terça, uma testemunha não compareceu ao julgamento. Essa testemunha, Elder Silva Rodrigues, teria dado uma declaração em que confessa o crime.

Com isso, o Ministério Público pediu o adiamento da sessão, para que todos os fatos sejam esclarecidos. O juiz então deferiu o requerimento e dispensou os jurados.

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