Na primeira vez em comenta sobre a morte da enteada – Sophia OCampo, que morreu aos dois anos após uma série de agressões – Christian Campoçano, padrasto da menina, nega as acusações e diz que a mulher, Stéphanie de Jesus, o acusou para se esquivar.

“Eu não sei o que passa na cabeça da Stéphanie, sinceramente. O que eu vejo é ela me acusando para que não caia sobre ela”, respondeu ao juiz Aluísio Pereira dos Santos, da a 2ª Vara do Tribunal do Júri.

Cristian começou a depor por volta das 18h30 desta terça-feira (4), logo depois da mulher encerrar o depoimento, no qual o acusou pela morte da filha. Esta é a primeira vez em que o casal fala a respeito do caso. Nas outras audiências, eles optaram pelo silêncio e não se manifestaram.

Ao ser questionado sobre ter estuprado a enteada, Christian também negou e disse que pediu ao advogado que fizesse exame para descartar a acusação. “A primeira coisa que fiz foi pedir ao meu advogado para solicitar um exame genético para comprovar que eu não cometi esse ato”, afirmou

Christian também foi questionado sobre a mensagem enviada para a mulher depois de saber sobre a morte da criança. No texto ele diz para que ela inventasse uma desculpa. Ao juiz ele disse que a intenção era que Stéphanie não fosse presa.

“No momento de todo aquele acontecimento eu não queria que ela fosse presa. Falei isso para que ela pudesse sair daquele local”, justificou.

Embora tenha dito que o intuito era que a mulher não fosse presa, Christian mencionou a esposa ao ser questionado sobre a quem poderia atribuir a morte de Sophia. “Olha senhor, a única pessoa que estava comigo em casa era a Stephanie”, afirmou ao juiz.

Caso Sophia

A menina, que já havia passado por diversas internações, morreu em janeiro deste ano. As investigações mostraram que Sophia foi levada pela mãe a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), já sem vida. A mulher chegou ao local sozinha e informou o marido sobre o óbito.

Uma testemunha afirma que depois de receber a informação sobre a morte de Sophia, o padrasto teria dito a frase: “minha culpa”.

Uma das contradições apontadas na investigação é o fato da mãe ter afirmado que antes de levar a filha para atendimento médico, a menina teria tomado iogurte e ido ao banheiro.

A versão é contestada pelo médico legista que garantiu que com o trauma apresentado nos exames, a criança não teria condições de ir ao banheiro ou se alimentar sozinha. A autópsia também apontou que Sophia pode ter agonizado por até seis horas antes de morrer. O padrasto e a mãe da menina são acusados do crime e estão presos.

Abusos

A perita Rosângela Monteiro, que atuou no caso Nardoni em 2008, analisou material enviado pela advogada do pai de Sophia, Janice Andrade. Em seu parecer, Rosângela afirma que a menina foi abusada inúmeras vezes.

“A violência sexual foi claramente identificada pelo rompimento de hímen, a heperemia em partes da vagina e esquimoses na face interna das coxas, e o rompimento do hímen já estava cicatrizado, portanto fora realizado em data anterior da morte da vítima”, diz parte da análise feita.