O último réu pelo homicídio de Vinicius de Souza e Silva, morto no dia 10 de julho de 2020 durante tribunal do crime do PCC (Primeiro Comando da Capital), afirmou durante julgamento ocorrido nesta quarta-feira (1º) que ele apenas foi levado para o local, onde funcionou como “cantoneira” e que “estava com medo de ser o próximo”.

Durante o Tribunal do Júri, o jovem, hoje com 21 anos, explicou que no dia do crime conversava com um dos réus quando um carro Chevrolet Corsa vermelho se aproximou deles e ele foi convidado pelo amigo para ir até um local desconhecido. Segundo ele, os dois voltavam de uma partida de futebol.

“Eu nunca tinha visto a vítima, eu fui com eles mas não sabia o que estava acontecendo. Pararam dois caras dentro do carro, perguntaram pra vítima se ele não queria ir resolver um problema que tinham. O Josiel falou para mim para ir com ele, eu disse que precisava tomar banho, e ele falou que a gente já voltava”, explica.

Ainda segundo o acusado, ele teria sido informado por Josiel de que eles iriam com a vítima até uma farmácia, já que Vinicius disse que precisava comparar um remédio para o filho. “Eu estranhei quando o carro foi para o Bairro Tijuca, mas disseram que iam pegar o remédio e conversar com a vítima”, alega.

O réu afirmou que, ao chegarem na casa, já tinham outros rapazes que ele não conhecia no local. Ele ainda explicou que Vinicius sentou na cama, ele na cadeira ao lado de Josiel, e pediram para a vítima entrar no banheiro e sentar no chão. Em seguida, parte das pessoas saiu do local e outro homem entrou na casa com um fone de ouvido.

“Entrou um monte de gente e fecharam a porta. Esse rapaz do fone de ouvido disse para amarrar a vítima e colocou o fone de ouvido nela. Não sei com quem ele estava falando, mas dizia para [o Vinicius] falar a verdade, e depois deu um chute na cabeça dele e efetuou as facadas”, afirma o acusado.

Ele ainda disse que não viu o momento em que o corpo da vítima foi levado até a área de mata onde foi encontrado, nos fundos do Rancho Alegre, e ter sido ameaçado a não contar nada do que viu na casa.

Conforme relatado pela testemunha, o delegado Carlos Delano, delegado que conduziu às investigações à época, afirmou que não há evidências de que o réu tenha participado da ocultação do cadáver da vítima. “Ele talvez não tivesse a consciência de que isso [estar junto aos membros da facção criminosa] poderia ocasionar o resultado que teve. Não identificamos envolvimento dele em outros crimes nem em facção criminosa. Ele demonstrou medo, estava chorando e isso pode explicar o porquê deu informações erradas no começo, como a cor do carro que ele falou que era branco e na verdade era vermelho”, afirmou.

Tribunal do Crime

Vinicius desapareceu no dia 5 de julho e foi levado a uma residência na Rua Diogo Alvares, Tijuca, onde foi julgado no . Depois, ele foi morto com vários golpes de a mando de internos do sistema prisional.

Após executá-lo, dois dos acusados colocaram o corpo da vítima em um veículo e levaram até o local onde foi encontrado, uma área de mata, aos fundos do bairro Rancho Alegre. O corpo de Vinicius foi localizado no dia 10 de julho, com os pés e mãos amarrados e, conforme a perícia, estaria no local entre 3 a 7 dias, o que leva a crer que o rapaz foi morto no dia de seu desaparecimento.

O cadáver foi localizado próximo a uma trilha por populares, que acionaram a Polícia Militar. O local fica em uma área de mata fechada, ao final do bairro.