‘Tinha me chamado para beber com as meninas’, diz réu sobre assassinato em Campo Grande

Acusado pilotava moto em que atirador estava, mas negou ter conhecimento que garupa iria cometer crime

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Réu foi condenado e cumprirá pena no regime aberto

Foi a julgamento nesta terça-feira (25), no Tribunal do Júri de Campo Grande, Kennyd José Antunes Oliveira, de 29 anos, acusado por corrupção de menor e participação na morte de Carlos André Isidio Acosta, na época com 21 anos. Carlos foi assassinado a tiros no tórax, no dia 19 de abril de 2022, na região do Portal Caiobá.

Kennyd é apontado na época do crime como quem estava pilotando a moto junto com um adolescente de 16 anos, mas negou o crime em seu depoimento. “Ele passou em casa, me chamou para beber com umas amigas. Perguntou se eu queria pilotar a moto e eu fui. Ele foi indicando o caminho”, falou Kennyd.

Ainda na versão de Kennyd, ele nem imaginava que o autor do tiro estivesse armado e que foi tudo muito rápido. “Ele atirou, eu pilotei a moto e voltei para a casa rapidinho”. O adolescente que estava junto do réu acabou sendo assassinado três meses depois do crime.

A mãe de Kennyd também foi ouvida. Ela disse que, no dia do fato, o filho saiu de casa com um adolescente de moto, apontado como autor do disparo, por volta de 23 horas e que, logo em seguida, cerca de 10 minutos, Kennyd já teria retornado.  
 
Mas, acusação do MPMS (Ministério Público Estadual), do promotor de justiça José Arturo Bobadilha Garcia, trabalha para comprovar que Kennyd tinha conhecimento que o ‘amigo’ queria assassinar Carlos. Mas em seu depoimento hoje, Kenneyd disse que não tinha conhecimento do crime e que nem conhecia a vítima.  
 
“Hoje, vamos julgar participação, de alguma maneira, no crime. O réu conduziu a moto e deu fuga para o executor”, uma das denúncias, das teses apresentadas pelo Promotor José Arturo Garcia. O MP ainda apontou que, conforme a investigação do caso, havia desentendimento entre o executor, que morreu três meses depois, e a vítima, e que Kenedy sabia sim da intenção de que o adolescente queria matar Carlos.

O Promotor questionou mais uma vez. “O que ele (menor) disse pra você?” Kennyd falou que o “adolescente” só teria chamado ele ou pra ir numa festa beber com umas ‘minas’. “Vamos tomar umas cervejas. Fui pilotando, ele (o menor) falou onde era. Aí ele desceu da garupa, atravessou a rua, atirou e voltou correndo”.
 
Uma moça, irmã da vítima que estava no local do crime, de acordo com a investigação, informou que a moto passou antes no local do crime e autor do tiro disse: “Fica esperto, ameaçando a vítima”, e que depois deram meia volta e o adolescente atirou contra Carlos. Fato que Kennyd negou, dizendo que logo que os dois (ele e o menor) chegaram de moto ao local, o adolescente já efetuou o disparo. 

Outra testemunha, que consta no processo, disse que Kennyd sabia sim que ele e o amigo iam ao local e que ele já sabia que o adolescente estava armado. Fato que Kennyd negou, dizendo que não tinha visto nenhuma arma. Negou também que sabia que havia rixa entre o autor do homicídio e a vítima.  

O juiz Carlos Alberto Garcete diz que há ainda acusação de que Kennyd havia ‘corrompido’ o menor a praticar o homicídio, mas mais uma vez o réu negou, dizendo que não sabia de nada. 

Mensagens no celular e no Facebook do réu

O Promotor de Justiça lembrou que Kennyd autorizou a entrega do celular e que foram encontradas conversas da irmã dele com ele. A irmã estaria apavorada dizendo: “Você fez m…”. O Promotor questiona: “Como surgiu este diálogo?”, mas Kennyd disse que não estava sabendo das mensagens, que não tinha lido. Outras mensagens da irmã do réu foram: “Cadê a arma? Você não vem pra cá, porque a polícia veio atrás de você”.  

Acusação mostrou fotos e um vídeo postados numa rede social de Kennyd. Mas ele disse que a arma era do amigo (menor de idade) e mais uma vez falou que não sabia que o menor queria matar Carlos.    

No Facebook, o que chamou atenção foram os dizeres:  
-Trabalha na empresa: Profissão Perigo 
-Estudou na Instituição: Faculdade do Crime (1533). Essa numeração, seria uma alusão a uma facção criminosa, o PCC (Primeiro Comando da Capital).
 
Questionado pela defesa, feita pelo Defensor Público, Ronaldo Calixto Nunes, e também pela acusação, “qual a finalidade da publicação?”, Kennyd disse que não tem ligação com nenhuma facção criminosa e que nunca teve arma. “Postei porque foi bobeira, estava emocionado, queria aparecer, mas depois apaguei e estou arrependido”.