Em depoimento no Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), após a sua prisão nessa quarta-feira (11), no bairro Nova Lima, em Campo Grande, o terceiro envolvido no sequestro de um casal de bancários, disse que o crime teria sido planejado em São Paulo por membros da facção que eram especialistas em invadir computadores.

JS do PCC (Primeiro Comando da Capital) de início negou sua participação no crime, mas depois confessou que ele seria responsável por manter contato com os integrantes faccionados de São Paulo, e que conheceu um dos membros no Guarujá, quando foi até o estado paulista para comprar roupas. 

O membro da organização ainda revelou que o funcionário do banco conhecia um dos integrantes de longa data – El Tanque -, e que mantinham contato por e-mails funcionais do bancário, que teria sido cooptado pela organização criminosa para a participação no crime. 

Ainda segundo JS do PCC, o bancário ganharia com as ações criminosas e já, inclusive, teria mandado prints de telas de computadores da agência para o integrante da organização.

De acordo com o depoimento, o bancário estava relutante em passar o cartão dele de acesso às contas bancárias, mas já havia revelado aos membros da organização a sua matrícula e tentado instalar um programa em seu computador para os autores terem acesso ao sistema do banco.

JS do PCC ainda revelou que também enviou emails para o bancário, mas era contra forjar o sequestro. 

‘Programador’ e invasão a computadores

O plano inicial era apenas a cooptação do funcionário, que acabou evoluindo para um falso sequestro. Segundo JS do PCC, áudios e conversas trocadas entre os membros da organização criminosa mostraram o plano sendo arquitetado e o integrante de São Paulo, teria dito que membros conhecidos como ‘Programadores’ seriam especialistas na invasão dos computadores e o nome para a ação era de ‘Infect’.

Em uma das conversas entre o grupo criminoso, os policiais encontraram prints e vídeos, com fotos de folhas com nomes dos funcionários dos bancos, além de fotos de dinheiro que seria paga aos integrantes.

Logo após saber da prisão dos comparsas, JS do PCC contou que deletou conversas de seu celular como fez o ‘reset’ na tentativa de apagar rastros. O integrante da organização criminosa de São Paulo foi identificado. Ele seria morador de favelas em Guarujá, sem paradeiro fixo.

‘El Tanque’

O criminoso, ‘El Tanque’, de 30 anos, contou em depoimento de que foi ameaçado para que cometesse o crime. Ele disse que abriu uma conta na agência bancária há 30 dias, e que cerca de três dias depois recebeu uma ligação via WhatsApp de um número desconhecido, de um homem que se apresentou sendo morador da Paraíba. O questionou se seria ‘El Tanque’ e ele respondeu que sim e então lhe fez a proposta.

À polícia, o homem contou que se negou, momento em que o desconhecido desligou o telefone e passou a mandar mensagens ameaçadoras, incluindo fotos da esposa, mãe e filho do autor. Disse ainda que por ter perdido totalmente a sua segurança aceitou fazer em um ‘ato de desespero’.

Ele explicou que ao sair de uma tabacaria com a esposa, e entrando em um carro de aplicativo, foi abordado por um indivíduo que lhe entregou um simulacro e um aparelho celular antigo. Em seguida, recebeu uma ligação do homem dizendo que havia descoberto o endereço do gerente do banco e lhe enviaria por mensagem. Disse ainda que era para ele encontrar um comparsa para ajudá-lo e por isso chamou o ‘Gordinho’. O criminoso receberia R$ 10 mil pelo serviço.

Pela madrugada, cerca de 4h, pegou carona com um amigo que é motorista de aplicativo que deixou a dupla em frente a uma casa. Lá eles ficaram aguardando movimentação até as 6h, quando notaram que o carro saia da garagem. Eles então fizeram a abordagem e perceberam que era uma mulher.

A vítima se identificou como esposa do gerente do banco e eles a mandaram ligar e pedir para que ele fosse até o local, inventando uma história. Ao chegar no local foi rendido também e questionado sobre o cartão de acesso.

Após levá-lo até a agência e pegar o cartão, disse que deixou o casal com o comparsa na casa e foi para o aeroporto para levar o cartão até Paraíba, porém só tinha passagem para as 18h40. Ele então foi para a casa e ficou aguardando, quando acabou preso na própria residência.

Já o comparsa, contou para a polícia que mora na rua e que conheceu o comparsa há 3 meses. O colega teria perguntado se ele queria ganhar dinheiro e diante da resposta afirmativa, contou que envolveria o gerente de um banco.

Sequestro casal de bancários

Dois bandidos, de 20 e 30 anos, foram presos na segunda-feira (9) por equipes do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros) após o sequestro de um casal de bancários, em Campo Grande.

Informações obtidas pelo Jornal Midiamax são de que o casal foi sequestrado logo pela manhã, e os bandidos exigiram um cartão que dá acesso a contas bancárias, assim, eles poderiam fazer movimentações em várias contas.

A mulher teria ficado em poder de um dos bandidos no cativeiro, e o homem levado junto do outro bandido para buscar o cartão bancário. Depois ele foi levado para o cativeiro junto da mulher. Os policiais descobriram o local e libertaram os reféns.

No cativeiro, um rapaz de 20 anos foi preso, e um homem de 30 anos foi preso no bairro Santa Mônica. Os dois bandidos estão presos no Garras. A dupla não conseguiu fazer nenhuma movimentação bancária com o cartão das vítimas.