A mãe de Kawan Adrian de Souza, de 19 anos, que morreu na manhã de terça-feira (7) durante confronto com a Polícia Civil na cidade de Santa Rita do Pardo, a 267 quilômetros de Campo Grande, contestou a informação policial de que seu filho havia reagido à abordagem.

Segundo a mulher, Kawan mexia com drogas e ela sabia, mas afirma que não havia motivo para matá-lo. “Eu sabia que ele mexia com droga, não vou negar, mas ele não tinha arma como estão falando aí, não estava armado. Tinha vários policiais contra ele, era só prender, não precisava matar”, lamenta a mãe desolada ao telefone.

A mãe conta que o Kawan, mais velho de 6 filhos, estava dormindo. Na residência, além dele, estava ela, o marido, o irmão e três filhos pequenos de 7, 3 e 1 anos. “Era cinco horas da manhã. Eles desligaram toda a energia da casa, arrombaram o portão e mandaram todo mundo sair. Meu filho, que estava dormindo, falou “vou correr mãe”. Ele fugiu pra não ser pego com a droga”, detalhou.

O rapaz então pulou o muro da residência, momento este que se deparou com outros policiais que cercavam a casa. “Quando meu filho pôs os pés no chão, eles atiraram. Eu ouvi três tiros. Horas depois eles ainda me diziam que meu filho estava bem, que era para eu ficar tranquila”, contou a mulher.

Ainda no relato, diz que apesar do filho estar mexendo com coisa errada, não quer que a morte seja injusta. “Executaram ele. Ele não estava armado, nem tinha dinheiro para comprar arma. O médico disse que ele já chegou morto no hospital com tiro a queima-roupa. Só não quero que meu filho, além de ter sido morto, vai com essa injustiça”, diz.

Ainda conforme a mãe, Kawan havia sido preso uma vez, pois havia emprestado uma arma de brinquedo a outra pessoa. O colega foi preso em flagrante com o simulacro e Kawan foi junto por ser o dono. Depois de solto, trabalhou em uma carvoaria em uma fazenda e há um mês e meio estava na casa da mãe, mas, segundo ela, na próxima semana iria morar em Bataguassu.

Conforme a polícia, a abordagem teria ocorrido durante mandado de cumprimento de busca e apreensão, devido a uma ocorrência de ameaça a um servidor. A mãe contraria a versão e diz que o filho era quem estava sendo ameaçado pelo policial. “O policial tinha ameaçado ele e outro menino de 15 anos. O outro menino a mãe dele mandou ele pra uma fazenda, mas ele conseguiu matar meu filho”, reclama.

Apesar do relato da mãe, a polícia afirma que Kawan teria reagido, pulado muros das residências e apontado arma, uma pistola 380, para os civis, que revidaram.

Na residência de Kawan, foram encontrados pinos de pasta base de cocaína e um celular, que ele teria quebrado ao avistar os policiais. A arma foi apreendida e passará por perícia.

Kawan tinha passagens por roubo, dano, ameaça e tráfico de drogas e, segundo a polícia, também seria integrante de uma facção criminosa.

O cumprimento do mandado de busca fazia parte de uma ação conjunta entre policiais da Delegacia de Polícia Civil de Santa Rita do Pardo, Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Bancos, Assaltos e Sequestros) e Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico).