Policial que matou empresário no Procon teria ameaçado servidor antes de fugir, diz testemunha

Crime aconteceu em fevereiro deste ano, durante uma audiência de conciliação por dívida de R$ 630

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Policial Militar José Roberto durante audiência. (Kísie Ainoã/Jornal Midiamax)

Nesta segunda-feira (3), acontece a primeira audiência de instrução e julgamento, na 2ª Vara do Tribunal do Júri, do assassinato do empresário Antônio Caetano de Carvalho, dentro da sede do Procon-MS (Secretaria-Executiva de Orientação e Defesa do Consumidor), ocorrido em 13 de fevereiro deste ano. A vítima participava de uma audiência de conciliação, quando o policial militar José Roberto se levantou e atirou contra Caetano, que morreu no local.

Em seguida, o policial fugiu a pé pelas ruas centrais da cidade e se entregou na delegacia três dias depois, em 16 de fevereiro. O militar entrou para a reserva em 2015, segundo a assessoria de comunicação da PM.

A expectativa é que seis testemunhas sejam ouvidas nesta segunda-feira. Entre elas, uma teria dito que José Roberto apontou a arma para a cabeça dela antes de sair do prédio do Procon.

A primeira testemunha ouvida no julgamento foi um policial civil que participou das primeiras diligências no dia do crime e fez o relatório inicial da investigação.

Em seguida, foi ouvido um servidor do Procon que trabalha na sala em frente de onde ocorreu o crime. A testemunha contou que é comum os colegas auxiliarem em casos de animosidade e que foi chamado por uma servidora.

A testemunha contou que houve desentendimento na primeira audiência de conciliação, que aconteceu na sexta-feira, 10 de fevereiro.

Já no dia do crime, o homem foi chamado na sala por causa de briga e quando voltou para o setor foi quando o crime aconteceu.

Nesse momento, ele ouviu uma das partes falando “Você me respeita, me respeita, você pensa que tá falando com quem?”, relembrou o servidor.

Ele viu uma pessoa se levantar e um dos disparos, pediu para os colegas se abaixarem e ouviu os outros dois tiros. O homem conta que não viu o policial ir embora.

Depois que pararam os disparos, ele correu para sala e retirou a colega conciliadora do ambiente.

O servidor conta que durante os 19 anos na função é comum os desentendimentos aconteceram durante as audiências e que a maioria fica só nas discussões.

Em quase duas décadas na função, ele contou que menos de dez brigas chegaram a vias de fato, mas que colegas já viram pessoas colocarem armas e facas em cima da mesa durante as audiências de conciliação.

Quando os funcionários veem que vai gerar briga, os servidores acionam a força policial da Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo), que fica no piso superior do Procon.

Além disso, acrescentou que não ocorreram mudanças na segurança do Procon depois desse fato. “É um espaço que se acontecer alguma coisa não tem pra onde correr”, relatou.

Outro servidor que foi ouvido no tribunal do júri nesta segunda contou que encontrou o autor na porta do atendimento, que fica ao lado da sala de conciliação.

O policial teria apontado a arma para a cabeça do homem e depois saiu andando a passos largos, desceu a Rua 13 de Junho e virou na Rua Maracaju. A testemunha teria ouvido “Não faz isso”, antes do tiro.

Relembre o caso

O empresário foi assassinado pelo policial militar reformado após um serviço feito na caminhonete do autor.

Segundo um dos funcionários, Antônio sempre documentava tudo e era o primeiro serviço que o policial fazia na empresa. Tal serviço foi feito em dezembro, e foi dito ao militar que muitas distribuidoras fecham no fim do ano, sendo que a garantia estendida seria dada após a volta das distribuidoras.

Mas, neste meio tempo, José Roberto entrou com uma reclamação no Procon alegando ter sofrido transtornos neste período. Ele havia pedido uma indenização. No entanto, a causa foi ganha pelo empresário que demonstrou através de documentos que havia refeito o serviço para o militar assim que foi cobrado do defeito.

Já na segunda-feira, 13 de fevereiro, durante a conciliação, o empresário cobrou o policial sobre os R$ 630 que ele havia ficado devendo e, nisso, José Roberto se levantou dizendo que iria pagar a dívida e atirou contra Caetano, que morreu no local.

Em seguida, o policial fugiu a pé pelas ruas centrais da cidade. O militar entrou para a reserva em 2015, segundo a assessoria de comunicação da PM. O filho de Caetano contou na época ao Jornal Midiamax que acredita que o crime tenha sido premeditado.

Também segundo o filho do empresário, o policial trocou o motor da caminhonete no fim do ano passado, mas deu problemas e o militar reformado reclamou, sendo que voltou à empresa para refazer o serviço, mas ocorreu a demora, já que era fim de ano e a empresa entrou em recesso. Neste período, o policial acabou entrando com uma ação no Procon.

Mas, o serviço foi refeito e Caetano havia pedido para que o policial retirasse a queixa no Procon, já que tudo havia sido feito.

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