Polícia diz que indiciou mãe por maus-tratos em 2022 e agora investiga se bebê também era agredido

Menina de 2 anos morreu após agressões e tinha sinais de estupro

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Foto: Anna Gomes/ Midiamax

A Polícia Civil informou que todo o trabalho em relação às denúncias feitas na DEPCA (Delegacia Proteção à Criança e ao Adolescente) de maus-tratos contra a menina de 2 anos, que acabou morrendo na noite dessa quinta-feira (26), em Campo Grande, foi realizado.

A mãe foi indiciada por maus-tratos e o caso enviado ao judiciário, após isso a delegada titular da especializada, Anne Karine, afirmou que não sabe as providências tomadas pela Justiça. Foram dois boletins de ocorrência registrados, no dia 31 de dezembro de 2021 e 21 de novembro de 2022. 

Segundo a delegada, ainda não se tem como determinar a causa da morte da criança já que são esperados os resultados dos exames do Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal). Anne Karine ainda relatou que o padrasto da menina pediu para que a esposa mentisse dizendo que a enteada havia caído no parquinho.

Ainda segundo a delegada, o bebê de 6 meses, filho do casal, era agredido pelo homem e a mãe sabia das agressões, mas disse não ter falado nada, já que era ameaçada por ele que dizia que iria tirar a guarda do bebê dela. O menino de 5 anos, filho apenas do homem, deve ser ouvido em depoimento especial para saber se também era abusado e agredido.

O acusado já tem passagens por violência doméstica contra a ex-mulher. 

Menina chegou morta à unidade de saúde 

Segundo o relato das médicas, quando a criança chegou à unidade de saúde, ela já estava morta há pelo menos quatro horas com sinais de rigidez, com hematomas por todo o corpo e sangramento pela boca. Ainda segundo as médicas, a mãe estava estranhamente tranquila e só ficou nervosa quando foi informada que a polícia seria acionada para o local.

Em exames feitos pelas médicas na unidade de saúde, elas constataram sinais de estupro na criança. Com a chegada dos policiais, a mãe da menina negou que tivesse levado a filha até a UPA já morta, mas disse que ela e o atual marido aplicavam ‘corretivo’ na criança.

A mulher contou que a filha ficava com o padrasto enquanto ela trabalhava durante o dia, e que o marido batia na criança com socos e tapas para corrigir a menina. O padrasto da menina foi encontrado em casa pelos policiais e negou que tenha agredido a enteada naquele dia, dizendo que bateu na criança há três dias.

Conselho Tutelar fez 1 visita

Segundo informações passadas pelo Conselho Tutelar da região norte da cidade, foi recebida a denúncia de maus-tratos em janeiro, após isso, em maio foi feita uma visita em que não foram detectados sinais de agressão contra a criança que aparentava estar bem alimentada. 

Já quando os conselheiros tentaram novamente fazer outra visita, a família havia se mudado, perdendo o contato e, a partir daí, nenhuma outra visita ou verificação do caso foi atualizada. 

Em maio, vizinhos haviam denunciado a mãe da criança por maus-tratos contra um cachorro, que acabou morrendo. Em seguida a esta denúncia, a família se mudou.

Choros constantes

Choros constantes eram ouvidos da casa onde a pequena de 2 anos vivia com a mãe, padrasto e irmão, em um bairro da região norte de Campo Grande. Uma vizinha que não quis se identificar contou ao Jornal Midiamax que na semana anterior encontrou com a menina e sua mãe em um supermercado e tudo aparentava estar bem. 

Ela, inclusive, disse à reportagem nesta manhã que não sabia que a menina havia morrido e contou que ouvia o choro da criança que vinha da residência.

Outro vizinho que conversou com a reportagem contou que sempre ouvia o choro da criança, mas disse que “criança chora mesmo”. E nisto nada foi feito e a menina morreu. A mulher passou a morar com a mãe, avó da criança, após ser despejada, segundo os vizinhos. 

Família denunciou agressões há 1 ano

A família da criança já havia denunciado o padrasto e a mãe da menina pelo crime de maus-tratos há 1 ano. Tanto a mãe como o padrasto da criança estão presos.

O primeiro registro feito por maus-tratos foi no dia 31 de dezembro de 2021, pelo pai da menina, na DEPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente). Nele o pai narra que foi casado com a mãe da criança por 3 anos, e que após a separação tinha direito a visitas livres, e toda vez que ia buscar a filha, a criança estava com hematomas.

Quando questionava a ex-mulher sobre os machucados da filha, a mulher relatava que a criança havia caído ao brincar com um gato. Toda vez que a menina ia para sua casa estava machucada e ele passou a questionar a mãe da criança insistentemente.

Os hematomas pararam de aparecer por um tempo. O pai da criança ainda disse que conversou com sua ex-sogra que relatou que a filha estava maltratando a neta constantemente e que a menina era mal alimentada e vivia em condições insalubres.

O outro registro de boletim de ocorrência foi no dia 21 de novembro de 2022, quando a criança apareceu com a perna quebrada e com hematomas nas costas. A mãe da criança disse ao ex-marido que a filha havia caído no banheiro.

A criança chegou a ser levada para a ser ouvida por psicólogos na DEPCA, mas como tinha pouca idade não foi possível realizar escuta especializada. Na época, foi pedido exame de corpo de delito.

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