Polícia deve pedir desocupação de ‘Carandiru’ ao MPMS após relatório da defesa civil e bombeiros

Foram encontrados R$ 50 mil em espécie e 13 pessoas acabaram presas

Danielle Errobidarte – 06/06/2023 – 17:05

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Carandiru
Condomínio conhecido como Carandiru (Foto: Divulgação/ PCMS)

Após a conclusão do relatório da investigação sobre o prédio do ‘Carandiru’, localizado no Bairro Mata do Jacinto e alvo de operação na manhã desta terça-feira (6), a Polícia Civil deve pedir pela desocupação do imóvel ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). A segunda fase da operação inclui análise da estrutura pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil.

Conforme explicado pela delegada Priscula Anuda, titular da 3ª DP, delegacia responsável pela operação de hoje, cerca de 23 pessoas continuaram residindo no local após a saída dos policiais. A segunda etapa da mobilização inclui trabalho de assistência social às famílias que residiam no prédio.

O relatório dos dois órgãos dirá se o prédio tem ou não condições de servir de moradia. Assim que for concluída a parte da Polícia Civil, será encaminhado documento à Prefeitura Municipal, que decidirá se o prédio voltará a ser habitado.

O delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Roberto Gurgel, afirmou que uma das dificuldades encontradas para deflagrar a operação – apesar das investigações terem começado em agosto do ano passado – é de que até a estrutura do local havia sido modificada após a invasão.

O delegado classificou a operação como ‘vertical’, já que segundo ele foi montada uma favela dentro do prédio. “A estrutura não seguia mais a planta original, porque tiveram tantas modificações que até mesmo as entradas foram trocadas de lugar”, afirma.

Delegada Priscila Anuda, titular da 3ª DP. (Foto: Kisie Ainoã – Jornal Midiamax)

Assistência social

Ainda conforme o delegado-geral, o prédio também funcionava como moradia para famílias em situação de vulnerabilidade social, o que foi levado em consideração nos levantamentos prévios à operação. “Tivemos uma preocupação extra com mulheres e crianças, por exemplo”, disse.

A SAS (Secretaria de Assistência Social) informou que está fazendo levantamento prévio, por meio do CREAS Norte e CRAS Estrela Dalva de 46 famílias que moravam no prédio. O CRAS atuará com a confecção ou atualização do Cad Único para que a população tenha acesso aos benefícios sociais oferecidos pelos governos.

Já as equipes do CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) que estiveram no local, ofereciam passagem de volta para cidade natal das famílias que possuíam parentes em outras localidades. As que tinham familiares ou amigos que pudessem abrigá-las em residências da Capital, também receberam auxílio de transporte.

Entretanto, as famílias que não tinham nenhum conhecido ou familiar, poderiam ser levadas para unidades de acolhimento.

‘Espaço’ do PCC

O delegado Regis de Almeida, da 3ª Delegacia de Polícia, definiu o local encontrado pelos policiais onde como “espaço paralelo”. O cômodo funcionava como cantoneira para torturas e julgamentos do Tribunal do Crime do PCC (Primeiro Comando da Capital) e foram encontrados respingos de sangue e até fezes.

Ainda segundo explicado por Regis, as investigações começaram em agosto de 2022 com levantamento e análise de crimes de roubos e furtos na região do Prosa. “Após as análises, acabamos descobrindo outros crimes, como tráfico de drogas e armas dentro do próprio condomínio”, afirma.

Segundo o delegado geral da Polícia Civil de MS, Roberto Gurgel, a sensação no local era de que a polícia em geral não conseguiria entrar no condomínio nem realizar qualquer operação lá. “Não existe local em que a Polícia Civil não entre, onde não possamos chegar”, garante Gurgel.

Conteúdos relacionados