PF não assume caso de morte de rezadores em MS e delegado não vê intolerância religiosa

Neto do casal foi preso como principal suspeito do crime

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Casa onde curandeiros viviam foi queimada (Foto: Reprodução, Redes Sociais)

Até a manhã desta quarta-feira (20) a PF (Polícia Federal) não entrou em contato com a Delegacia de Polícia Civil de Aral Moreira, que investiga o duplo homicídio contra o casal de rezadores do território Guassuty, para possível federalização da investigação. Neto dos curandeiros foi preso suspeito de carbonizar os avós.

“Sou titular do inquérito policial e até o momento não recebi nenhum pedido de informações da Polícia Federal. Esse é um inquérito policial normal. As pessoas estavam querendo fazer sensacionalismo em cima disso. Não houve questão de intolerância religiosa. Isso não aconteceu. Foi uma questão familiar”, explicou o delegado Maurício Moura Vargas à reportagem do Jornal Midiamax.

Preso em flagrante suspeito de matar carbonizado o casal de idosos e rezadores Nhandesy Sebastiana e Nhanderu Rufino, o neto deles disse à polícia que não sabe ao certo o porquê matou os dois na madrugada de segunda-feira (18), no território Guasuty, em Aral Moreira, município a cerca de 400 quilômetros de Campo Grande.

Segundo o delegado responsável pelo caso, Maurício Moura Vargas, o rapaz estava ‘completamente drogado’ e havia dito que não se lembrava de nada. “Nem ele sabe ao certo porque matou”, disse Vargas.

Rufino e Sebastiana eram atuantes na comunidade Guassuty (Foto: Reprodução, Redes sociais)

Ministério diz que casal sofreu ameaças

Apesar do inquérito da Polícia Civil seguir a linha de que a morte do casal de curandeiros Nhandesy Sebastiana Gauto e Nhanderu Rufino não teve motivação religiosa, o MPI (Ministério dos Povos Indígenas) afirma que o casal sofreu ameaças recentes pelas práticas religiosas.

“Também já foi possível se apurar a existência de relatos anteriores de ameaças de morte dirigidas a Nhandesy Sebastiana e seu marido em razão de suas práticas religiosas”, diz um trecho do documento do MPI.

“Em tempo, pede-se ainda que seja informado ao MPI a existência de inquéritos em curso perante esta unidade da Polícia Federal, envolvendo os indígenas Guarani e Kaiowá residentes os municípios afetos a esta circunscrição”, solicita o ministro interino no ofício enviado ao diretor da Polícia Federal de Mato Grosso do Sul.

O Cimi (Conselho Missionário Indigenista) divulgou posicionamento de cunho nacional da entidade nessa terça-feira (19) em que volta a falar em práticas de intolerância religiosa.

“Familiares relataram a nossa equipe – que foi até à Comunidade Guarani e Kaiowá ao tomar conhecimento do ocorrido –, que o casal vinha sofrendo ameaças nos dias que antecederam sua morte, e que esta situação, inclusive, exigiu medidas de prevenção em suas rotinas, como se recolher ainda durante o dia e manter as portas bem trancadas durante à noite”, diz um trecho do posicionamento.

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