Em até três dias a Justiça irá determinar se Christian Campoçano, padrasto da menina Sophia de Jesus Ocampo, morta aos dois anos, e Stéphanie de Jesus, mãe da criança, irão à Popular. Os dois foram ouvidos em audiência pela primeira vez perante o juiz Aluizio Pereira dos Santos no prédio do Tribunal do Júri, em nesta terça-feira (05).

“Hoje encerrou a instrução com o interrogatório de ambos os acusados. Então eles apresentaram as alegações finais hoje mesmo e ratificaram as já prestadas. Então o próximo passo é eu dar uma sentença dizendo se eles devem ou não ir a júri popular. Conforme for minha sentença, se eles forem pronunciados a ideia é que esse júri seja marcado em março do próximo ano, até porque os presos têm o direito de se ter um julgamento dentro de um prazo razoável, sejam condenados ou absolvidos”, explicou o juiz.

Durante as oitivas, Christian Campoçano negou as acusações e diz que a mulher, Stéphanie de Jesus, o acusou para se esquivar. “Eu não sei o que passa na cabeça da Stéphanie, sinceramente. O que eu vejo é ela me acusando para que não caia sobre ela”, respondeu ao juiz Aluísio Pereira dos Santos, da a 2ª Vara do Tribunal do Júri.

Ao ser questionado sobre ter estuprado a enteada, Christian também negou e disse que pediu ao advogado que fizesse exame para descartar a acusação. “A primeira coisa que fiz foi pedir ao meu advogado para solicitar um exame genético para comprovar que eu não cometi esse ato”, afirmou.

Depoimento da mãe

“Sim, ele matou”, confirmou. “Corrigia da forma que sempre fui corrigida quando era criança. Nunca agredi minha filha. Corrigia com palmadas, nem mesmo com chinelo batia nela. Eu a deixava muito castigo para ela pensar”, alega.

“Eu nunca teria coragem de fazer isso com ela. Quando eu soube a causa da morte dela eu entrei em choque porque não acreditei”, garante. Stéphanie se negou a responder perguntas da Acusação e da defesa de Christian, a quem ela atribuiu a culpa pela morte da filha.

Caso Sophia

A menina, que já havia passado por diversas internações, morreu em janeiro deste ano. As investigações mostraram que Sophia foi levada pela mãe a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), já sem vida. A mulher chegou ao local sozinha e informou o marido sobre o óbito.

Uma testemunha afirma que depois de receber a informação sobre a morte de Sophia, o padrasto teria dito a frase: “minha culpa”.

Uma das contradições apontadas na investigação é o fato da mãe ter afirmado que antes de levar a filha para atendimento médico, a menina teria tomado iogurte e ido ao banheiro.

A versão é contestada pelo médico legista que garantiu que com o trauma apresentado nos exames, a criança não teria condições de ir ao banheiro ou se alimentar sozinha. A autópsia também apontou que Sophia pode ter agonizado por até seis horas antes de morrer. O padrasto e a mãe da menina são acusados do crime e estão presos.

Abusos

A perita Rosângela Monteiro, que atuou no caso Nardoni em 2008, analisou material enviado pela advogada do pai de Sophia, Janice Andrade. Em seu parecer, Rosângela afirma que a menina foi abusada inúmeras vezes.

“A violência sexual foi claramente identificada pelo rompimento de hímen, a heperemia em partes da vagina e esquimoses na face interna das coxas, e o rompimento do hímen já estava cicatrizado, portanto fora realizado em data anterior da morte da vítima”, diz parte da análise feita.

Padrasto de Sophia em depoimento nesta terça-feira (Foto: Alicce Rodrigues, Midiamax)
Mãe de Sophia quebrou o silêncio durante audiência (Alicce Rodrigues, Midiamax)