‘Morto não fala’, diz família sobre versões de vizinha após morte de adolescente com tiro no olho
Segundo a mãe do adolescente, vizinha, que era amiga e considerada da família, deu pelo menos três versões para o que aconteceu
Lívia Bezerra, Mirian Machado –
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Com amigos de escola, familiares e conhecidos do adolescente Wandré de Castro Ferreira, de 17 anos, que morreu na madrugada de sábado (2) com um tiro no olho em um residencial, no Jardim Canguru em Campo Grande, prestaram a última homenagem ao rapaz em despedida no Cemitério Memorial Park.
Bastante abalada, a mãe do adolescente conseguiu conversar com o Jornal Midiamax e disse querer Justiça para que o filho não seja ‘mais um’. Sirlene Soares, de 57 anos, lembrou como o filho era, “Educado, prestativo. Tudo que você pedia, ele fazia. Não sabia falar não para ninguém. Meu filho era maravilhoso”, descreveu a mãe.
Segundo informou, o menino tinha uma doença Legg Calvé Perthes, uma necrose no fêmur que ocorre em crianças e com isso ele não tinha o quadril desenvolvido, por esse motivo sentia muitas dores. A mãe, que é dona de casa, vivia com a ajuda do benefício Loas do filho.
Ela lembrou que tomava tereré junto da vizinha e os filhos de ambas também são amigos e um sempre ajudava o outro. “Éramos como uma família”, disse. Sobre os antecedentes da autora, a mãe da vítima disse que não sabia do passado da ‘amiga’ e que ela não transpassava o que fez no passado, inclusive dava conselhos para os jovens do local.
“Estávamos dormindo com o inimigo do nosso lado e não sabíamos”, disse. Sirlene contou que a vizinha chegou a dar pelo menos três versões do que aconteceu. Na primeira, disse que o disparo foi acidental, depois a informação era de que o adolescente pediu a arma emprestada e por último disse que Wandré tinha agredido o filho da autora.
“Ela está falando o que ela quer. Morto não fala. Se meu filho estivesse aqui, se ela tivesse acionado o socorro na hora acontecida, meu filho estaria aqui para contar”, lamenta a mãe.
Lauany Vitória, de 18 anos, é amiga de escola de Wandré desde o 5º ano. Segundo ela, eles tinham amizade como irmãos. “Ele era um menino muito alegre, quando eu chorava ele ficava do meu lado. A pessoa mais alegre, mais gentil e doce que conheci”, disse, afirmando ainda que não consegue dormir lembrando do que aconteceu com o melhor amigo.
Outra amiga de escola, Jéssica Duarte, de 16 anos, lembrou do quanto o adolescente era alegre e fazia a alegria de todos. “Era um menino que não deixava ninguém triste na escola, fazia piadas com tudo. Às vezes ele sentava no chão da sala de aula quando não tinha cadeiras só para conversar com a gente”.
O padrasto, que se considera mais como pai de coração, também estava bastante abalado. Na coroa de flores estava escrito: “Nós o amamos onde quer que esteja”.
Assassinato
O crime aconteceu na madrugada de sábado (2) em um residencial no Jardim Canguru. A suspeita do crime, de 44 anos, é vizinha da família do garoto e alega que o disparo foi acidental.
Ao Jornal Midiamax, a mãe da vítima disse que já estava deitada quando uma das filhas da autora bateu na porta. “Ela disse para eu não ficar brava e que a mãe dela tinha dado um tiro sem querer no meu filho. Eu desci correndo até o apartamento dela e quando entrei no quarto meu filho estava caído no pé da cama com um tiro no olho”, detalha.
Segundo ela, a suspeita estava embriagada e teria consumido bebida alcoólica durante todo o dia. “Ela nem chamou a polícia ou o socorro, eu que tive de ligar para o Samu”, conta.
Para a família e para a polícia, a mulher sustentou a tese de que não sabia que a arma estava carregada. No apartamento, foi apreendido um revólver calibre 38 e quatro munições intactas.
“Meu filho estava todo feliz porque o pai tinha conseguido um emprego para ele, ia começar a trabalhar dia 6. Era um menino bom, que nunca mexeu com coisa errada”, afirma a mãe. Segundo ela, o menino faria 18 anos no dia 25 de novembro.
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