Morte por intervenção policial em 2023 em MS supera todo o ano de 2020
Maioria das ‘vítimas’ seria de criminosos de maior periculosidade, que investem contra a polícia ao serem abordados
Mirian Machado –
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Mortes por intervenção policial em Mato Grosso do Sul cresceram se comparadas com anos anteriores. Segundo dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), em 2023, de janeiro a março, foram registradas 27 mortes, sendo que em 2020, por exemplo, durante todo o ano foram 26 casos.
Se comparado com 2021 e 2022 no mesmo período dos três primeiros meses do ano, o número também é maior. Em 2021, foram 11 casos e 7 em 2022.
Apesar do número alto, o chefe da assessoria de comunicação social da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), Carlos Augusto Pereira Regalo, explica que o que tem aumentado são os crimes violentos como homicídio e feminicídio. Já as mortes por intervenção policial tem ocorrido principalmente porque as “vítimas” estão mais ‘atrevidas’ e investindo contra a polícia ao serem abordados.
“De forma intuitiva, isso ocorre principalmente em relação aqueles que apresentam uma maior periculosidade, em outros casos até o clima interfere, como por exemplo, vamos entrar em uma parte mais fria do ano, é comum haver uma diminuição na quantidade de ocorrências em geral”, explicou.
O chefe da comunicação ainda lembrou que a morte não é desejada. Ocorre que o policial para se proteger reage à agressão sofrida e na técnica policial não tem a questão de atirar em determinado lugar do corpo. “O policial tem que repelir a injusta agressão e impedir a ação do agressor, mas a morte não é desejada, até porque a própria equipe presta socorro de imediato”, afirma.
Ainda segundo Augusto, em todos os casos, incluindo os que não resultam em óbitos, é aberto inquérito policial militar para apurar a conduta dos policiais militares e os inquéritos são submetidos à apreciação das autoridades judiciárias.
No início do mês de fevereiro, um rapaz envolvido em uma tentativa de homicídio morreu após trocar tiros com a polícia no Jardim Centro Oeste, em Campo Grande. Na ocasião, um fugiu e outra pessoa foi presa.
Na madrugada daquele dia, ocorreu uma tentativa de homicídio em que o alvo dos atiradores estava na Vila Nhanhá. A dupla que estava em uma motocicleta atirou cerca de 13 vezes contra o portão da casa para cometer o crime contra o alvo, o motivo seria desavença de drogas.
Eles fugiram e o irmão da vítima indicou para os policiais onde os atiradores poderiam estar. Antes das diligências na região do Centro-Oeste, os policiais prenderam um rapaz que usava tornozeleira eletrônica e que teria envolvimento no atentado.
Ao chegarem ao local, os policiais foram recebidos a tiros por um dos autores. Os militares revidaram e o homem foi ferido, sendo socorrido para uma unidade de saúde, onde morreu.
Ainda em fevereiro, outro criminoso morreu em confronto com a polícia. Ele era suspeito de roubar uma motocicleta. Dois homens teriam realizado um pedido para ser entregue na Rua São Paulo, região do São Francisco.
No local, o entregador e proprietário do comércio onde o pedido foi realizado acabou abordado pelos assaltantes. Eles teriam apontado uma arma para a vítima e anunciado o assalto.
Além da motocicleta, eles levaram alguns produtos como bolacha, celular e também R$ 150,00 em dinheiro.
Horas após o crime, equipe do Choque encontrou a dupla. Um dos assaltantes estava com uma pistola e atirou contra os policiais, que revidaram e o assaltante acabou vindo a óbito.
O outro suspeito possuía um simulacro de pistola e acabou preso. Os dois são suspeitos de cometerem outros crimes na região.
No último caso, que aconteceu em Dourados, a 225 km de Campo Grande, no dia 3 de abril, Luis Eduardo Santos Leal, de 22 anos, morreu em confronto com policiais civis. Ele tinha registro de tráfico de drogas e assaltos desde a adolescência, inclusive, também era procurado por dupla tentativa de homicídio, ocorrida na última semana de março em um bairro da cidade e também por fuga de cerco realizado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) na região de Rio Brilhante.
Luiz estava escondido em um motel de Dourados quando a polícia realizou o cerco no local e escutou ele conversando no telefone sobre “dominar o crime na região”. Ao anunciarem que estavam no local, os policiais foram recebidos pelo rapaz com tiros.
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