Ministério pede que PF investigue ataques contra indígenas em Mato Grosso do Sul

Clima segue tenso no entorno da Reserva Federal de Dourados, com pelo menos 10 casas incendiadas

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MPI também quer ação da PF para garantir segurança de indígenas (Foto: Marcos Morandi, Midiamax)

Diante do agravamento dos conflitos envolvendo proprietários rurais e indígenas em retomadas que ficam no entorno da Reserva Federal em Dourados, distante 225 quilômetros de Campo Grande, o MPI (Ministério dos Povos Indígenas) pediu a abertura de inquérito da Polícia Federal para apurar as recentes denúncias de ataques. De acordo com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), os ataques recentes já destruíram ao menos 10 casas de indígenas na região.

“O povo indígena Guarani e Kaiowá da comunidade Tekoha Avae´te foi violentamente atacado por pistoleiros na madrugada do dia 15 de agosto e na tarde do dia de hoje”, diz o trecho do pedido feito ao superintendente da Polícia Federal de MS, Agnaldo Mendonça Alves, e também ao delegado da PF em Dourados, Alexandre Taketomi Ferreira.

“Assim, considerando este novo episódio e odioso criminoso vitimando o povo Guarani e Kaiowá que, legitimamente, luta pelo reconhecimento de seus direitos territoriais e faz jus à proteção de sua integridade física e moral, vem o Ministério dos Povos Indígenas solicitar a imediata instalação de inquérito policial para apuração dos fatos narrados”, justifica o secretário Executivo do MPI.

No documento, o MPI também requere a adoção, em caráter de urgência, por parte da Polícia Federal de todas as medidas necessárias para “salvaguardar a vida e a incolumidade física e psicológica dos indígenas que hoje residem na Tekoha Avae´te”.

Segundo Cimi, 10 casas já foram incendiadas (foto: reprodução, retomada Avae’te)

Tensão aumentou em Dourados

Entre a noite de segunda-feira (14) e a madrugada desta terça (15) a comunidade indígena Retomada Avae’te, em Dourados, foi atacada com destruições e tiros, denunciam os moradores.

Assembleia das Mulheres Kaiowá e Guarani, Kuñangue Aty Guasu, publicou nas redes sociais vídeos que mostram a destruição de 6 casas incendiadas. Segundo a Assembleia, uma idosa, de 64 anos, relatou que um dos tiros por pouco não a acertou.

“Hoje ameaçaram em tom alto que voltarão para atacar a comunidade com o trator blindado (caveirão), passando por cima das casas da comunidade indígena Kaiowá e Guarani”, diz a publicação.

A organização pede que haja intervenção nacional no caso, que resultou também em roças das comunidades destruídas e muitos disparos de arma de fogo.

Conflito

Proprietários de sítios localizados em área de conflito nas proximidades de retomadas registraram queixa contra indígenas nessa segunda-feira (14) em Dourados. Na denúncia, um grupo estaria ameaçando invadir uma sitioca na região.

De acordo com os sitiantes, os envolvidos estariam utilizando armas e teriam feito disparos. Na ocorrência registrada na delegacia, há relatos de que alguns indígenas estariam utilizando garrafas explosivas (coquetel molotov).

A reportagem do Midiamax entrou em contato com lideranças indígenas das retomadas que ficam nas proximidades das retomadas. “Os ataques partiram dos proprietários que contratam seguranças particulares. Nosso povo só se defende e sem o uso de nenhuma arma e nenhum ou explosivos”, diz um morador de uma das retomadas existentes na região.

Há riscos diários de agravamento da tensão entre proprietários de imóveis localizados nas proximidades do anel rodoviário Norte, em Dourados.

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