O primeiro depoimento colhido no Tribunal do Júri nesta segunda-feira (17) já esquentou o clima entre defesa, acusação e testemunha. O juiz que preside o júri, Aluízio Pereira dos Santos, titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri, acabou dando ‘bronca’ no advogado.

Durante julgamento dos réus Jamil Name Filho, policial aposentado Vladenilson Olmedo e o ex-guarda municipal Marcelo Rios, a delegada da Polícia Civil Daniela Kades foi a primeira a prestar depoimento. Testemunha de acusação, a delegada atuou na força-tarefa da Operação Omertà.

Após responder aos promotores de justiça, a delegada responde perguntas dos advogados de defesa. O advogado Márcio Widal, que atua na defesa de Marcelo Rios, fez questionamentos sobre datas e páginas que constam nos autos do processo.

Assim, ao questionar a delegada sobre data de uma suposta transferência bancária entre os réus, o advogado recebeu uma ‘chamada’ do juiz. “Doutor, se tem está nos autos”, afirmou o magistrado.

“Aquilo que está provado por documento, não pergunte para a testemunha”, afirmou ainda Aluízio. O advogado ainda rebateu, afirmando que isso era importante para ‘formar o convencimento’.

“No debate o senhor fala”, disse o juiz. Isso, porque após todas as testemunhas e réus serem ouvidos em plenário, acontecem os debates. Nessa fase final, são ouvidos os promotores e advogados, antes da decisão dos jurados.

O advogado então fez outra pergunta sobre a ligação entre Marcelo Rios e Juanil Miranda. A delegada pede um momento, quando o juiz repreende mais uma vez o advogado. “A doutora já falou umas duas vezes isso aí doutor, duas ou mais”.

Negociação de armas

Durante depoimento, a delegada Daniela Kades relata negociação de armas dias antes do crime. A delegada disse que cinco dias antes do assassinato de Matheus Coutinho, foram negociadas armas que fariam parte do pagamento para a execução do crime.

O armamento seria levado para o Paraguai. Durante a negociação, a delegada fala que foi solicitado silenciador e armas pesadas. Ainda segundo o depoimento de Kades, dias antes do crime, Vladenilson estava à procura de Paulo Xavier, já que o militar, na época, não estava sendo encontrado.

A delegada ainda diz que começaram a ter várias execuções e carros queimados, em Campo Grande. Ainda segundo Kades, as armas depois dos crimes sempre eram trocadas. O julgamento deve durar ao menos quatro dias e serão ouvidas 16 testemunhas.

O julgamento da morte de Matheus foi adiado por três vezes e a defesa de Name tentou um último recurso para adiar mais uma vez, alegando que um dos promotores, Gerson Eduardo de Araújo, teria ‘inimizade’ com a família Name, mas o pedido de suspeição foi negado pelo juiz Aluízio Pereira.

Um megaesquema de segurança foi armado para o julgamento considerado da década. Os sete jurados, sendo cinco homens e duas mulheres ficarão em um hotel reservado pelo Tribunal do Júri.