A tortura sofrida pela jovem de 20 anos foi feita de forma lenta para causar o máximo de dor à vítima, que teve o corpo queimado com um maçarico improvisado com um inseticida, na casa em que era mantida em cárcere pelo namorado de 27 anos, preso nessa segunda-feira (30).

A delegada da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), Elaine Benicasa, pediu pela prisão preventiva dele, e disse em coletiva de imprensa, nesta terça-feira (31), que a jovem foi muito agredida, chegando a ser torturada com o vapor do ferro de passar roupas.

Segundo a delegada, o autor colocava o vapor do ferro junto ao rosto da jovem que foi queimada também embaixo do chuveiro. O rapaz chegou a arremessar uma balança contra a vítima e desferiu socos contra a jovem, que teve parte dos cabelos queimados e arrancados da cabeça.

Benicasa relatou que o rapaz negou a tortura, mas pediu por um novo depoimento onde irá revelar o que de fato aconteceu, segundo ele. A delegada informou que o rapaz teria dito à namorada que ela só iria sair do cárcere, assim que os machucados sarassem. 

A vítima que tinha um relacionamento de 1 ano e 4 meses com o rapaz pediu por medidas protetivas. Ele está preso e deve passar por audiência de custódia nesta quarta-feira (1º).

Manteve outra namorada em cárcere

Há quatro anos, em 2019, outra jovem passava pela mesma cena de terror que a mulher de 20 anos, resgatada nessa segunda-feira (30), em Campo Grande, na Vila Almeida, sofreu, sendo mantida em cárcere privado pelo rapaz de 27 anos. Ele está preso na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).

O fato aconteceu em maio de 2019, quando a jovem estava na companhia de uma amiga, que teve o carro ‘fechado’ pelo autor. Ele retirou a vítima do veículo à força pelos cabelos, a colocou dentro do outro carro e a levou para sua casa.

A polícia foi acionada pela mãe da jovem depois da amiga avisar o que tinha ocorrido. Os policiais foram até a casa do rapaz, e com sinais sonoros pediram para que saísse.

Era possível ouvir os gemidos da vítima de dentro da casa. A jovem foi encontrada nua, enrolada em um lençol com vários ferimentos pelo corpo, como mordidas, socos e tapas. A vítima, na época, disse não ter sido estuprada pelo ex-namorado, que foi preso e encaminhado para a Deam.

O rapaz havia descumprido medida protetiva e estava usando tornozeleira eletrônica.

Cárcere e tortura de namorada

A jovem contou que tudo começou no sábado (28), dia do aniversário dela. O casal estava em uma tabacaria e, por volta das 2 horas da madrugada, teve uma discussão e a jovem pediu para que ele a levasse para casa. Neste momento, o autor respondeu que a vítima iria para a casa dele.

Em desespero, ela puxou o freio de mão do carro e o homem passou a enforcá-la. A mulher desmaiou e acordou em cima da cama do namorado, já sem roupas. Ele jogou álcool no corpo dela e a amarrou com fita. O autor usou um spray de inseticida e um isqueiro para fazer do objeto um maçarico e queimou os lábios da vítima.

A mulher ficou com queimaduras, foi levada para o banheiro e colocada debaixo do chuveiro, momento em que parte dos cabelos começou a cair no chão. O homem ainda fez ameaças com uma faca de 30 centímetros. 

A vítima passou a reclamar de dores e, no domingo (29), o autor saiu por volta das 17 horas para comprar remédios para ela, a deixando trancada em casa. O homem confiscou o celular da vítima.

‘A gente se sente impotente’

Moradores da região da Vila Almeida, em Campo Grande, que presenciaram o resgate da jovem de 20 anos, nessa segunda (30), após ser mantida em cárcere privado, contaram ao Jornal Midiamax estarem surpresos com tudo que aconteceu.

“A gente se sente impotente porque aconteceu perto de casa”, disse um morador que não revelou o nome. Ele ainda falou que era um casal muito pacato e que estavam há 3 meses aproximadamente morando na residência.

Outros moradores contaram nunca terem ouvido gritos de socorro e que em algumas ocasiões, a jovem saía, ficando na frente de casa enquanto o namorado a observava pelo portão. “Parecia um casal normal”, disse o morador.

Moradores ainda relataram o susto ao verem muitas viaturas no bairro, considerado pacato por todos.