Alvo da Operação Traquetos, realizada na última quarta-feira (8), teria se comunicado com a esposa através de uma psicóloga do Presídio da Gameleira, em Campo Grande. O casal foi preso preventivamente na ação de combate ao tráfico de drogas e armas, além de lavagem de dinheiro.

Em trecho de escuta telefônica captada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), é relatado que o líder da organização pagava advogados para os demais integrantes que fossem presos. Então, é citada a situação do suspeito, investigado junto com a esposa no âmbito da Traquetos.

Assim, foi identificado que na tratativa do pagamento do advogado do preso, foi captada conversa entre psicóloga do Presídio de Regime Fechado da Gameleira e a esposa do detento. Na ligação, a mulher diz para a esposa do interno entrar em contato com o líder da organização criminosa.

No entanto, a reportagem apurou que atuação da psicóloga de promover o contato entre o preso e a família faz parte do trabalho de tratamento penal desenvolvido pela Agepen (Agência Penitenciária de Mato Grosso do Sul).

Depois, o investigado é transferido para o Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, o presídio de regime semiaberto. Lá, ele consegue um número de celular e mantém contato com a esposa, conforme relatado pelo Gaeco.

O preso teria, inclusive, entrado na unidade com um chip embaixo da língua. De dentro do presídio, ele continuava comandando o tráfico de drogas para a organização criminosa.

Casal responsável pelo tráfico de drogas

Ainda conforme o Gaeco, o acusado seria responsável pela venda, transporte e fornecimento de drogas na região de Ponta Porã, atuando com outro comparsa, que é seu sogro. Assim, conversas nos telefones dos suspeitos identificaram o crime.

Os diálogos ainda apontam para o comércio de drogas em Campo Grande. Já o dinheiro das vendas era colocado nas contas da sogra e da esposa do acusado.

Além disso, a investigada também fazia pesquisas na sobre carregamentos de drogas do grupo criminoso que acabaram apreendidos.

No pedido de , o Gaeco chega a citar que a organização criminosa já movimentou mais de 10 toneladas de maconha. Essa droga foi apreendida por forças policiais e integrantes acabaram presos.

Mesmo assim, não pararam com os crimes e seguiam traficando de dentro do presídio ou quando soltos com tornozeleira eletrônica.

Líder da organização criminosa

Apontado como uma das lideranças da organização criminosa alvo da Operação Traquetos, suspeito já foi alvo de ação da Polícia Federal em 2022. Na época, foi preso com o irmão por envolvimento com facção criminosa.

Conforme relatado pelo Gaeco, o acusado foi alvo da Operação Tarja Preta, da PF. A ação foi feita contra a facção Bonde do Maluco, que atuava com homicídios, tráfico de drogas e armas e lavagem de dinheiro.

No entanto, logo após ser preso e encaminhado ao Instituto Penal, conseguiu uma linha telefônica. Então, passou a se comunicar com os outros integrantes da organização criminosa.

Dessa forma, ele seguia negociando no comércio de drogas, “relevando sua audácia e importância dentro da organização criminosa”, aponta o Gaeco. Ainda consta na peça que o investigado atuava junto com a esposa.

Ao menos desde 2019, ela era responsável pela organização financeira do grupo criminoso. A partir dela eram feitos Pix para outros integrantes da organização criminosa, para custear viagens e até mesmo ajudar famílias dos presos.

Na apuração das transferências bancárias, foram identificados Pix de altos valores, entre R$ 50 e R$ 30 mil. Além da esposa, o investigado agia com auxílio do irmão, também preso pela PF na Operação Tarja Preta.

Inclusive, em 2022, esteve em São Paulo, possivelmente em reunião com outros criminosos, “potenciais compradores de drogas”, esclarece o Gaeco. Outras duas mulheres também investigadas estariam repassando os valores.

Também consta no documento que o casal não tinha atividade lícita declarada e, mesmo assim, fazia grandes movimentações de dinheiro. O alvo da operação foi preso preventivamente.

CAC foi alvo de buscas

Ainda na Operação Traquetos, foram cumpridos mandados de busca e apreensão na oficina e residência de um investigado, que tem registro CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador).

Apesar do mandado de prisão preventiva expedido, ele não foi preso. Já os mandados de busca foram feitos com acompanhamento do advogado, Antônio Cairo Frazão.

Assim, foram apreendidas munições de diversos calibres e também armas de fogo. Ao Midiamax, o advogado esclareceu que será feito pedido para revogar a prisão preventiva, para que o investigado responda em liberdade.

Também segundo ele, as armas apreendidas têm registro e demais documentos. Ainda de acordo com o Gaeco, a oficina do empresário seria usada para preparação de veículos com droga.

Veterinário e zootecnista também são investigados

Casal morador no Damha II, veterinário e zootecnista também são alvos da operação. Contra os investigados foi cumprido mandado de busca e apreensão.

Na residência, conforme apontado pelo Gaeco, teriam sido abrigados veículos vinculados ao grupo criminoso, uma Dodge Ram e uma Land Rover. Porém, ainda será apurado se o casal participa diretamente das atividades do grupo criminoso.

O que diz a defesa

Segundo o advogado do casal, Leandro Raul, trata-se de “um pequeno mal-entendido, decorrente da negociação de um veículo que foi de propriedade ou esteve na posse de algum investigado da operação, cuja origem não era de conhecimento dos meus clientes”.

Ainda conforme o advogado, os clientes permanecem à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários para colaborar com as investigações.

Operação Traquetos

O Gaeco deflagrou a Operação Traquetos para cumprir 18 mandados de prisão preventiva e 26 de mandados de busca e apreensão. Alvos são traficantes do Estado que levavam drogas de e Ponta Porã para a Bahia, Goiás e São Paulo.

Ainda segundo o órgão, a organização criminosa tinha uma grande rede de batedores. Também havia pontos de apoio nas cidades de Campo Grande, e Aquidauana, com o intuito de escoar a droga.

Os mandados foram cumpridos em Anastásio, Campo Grande, e Coxim. Também conforme o Gaeco, o trabalho investigativo durou cerca de 17 meses, tendo iniciado em agosto de 2021.

Assim, resultou em uma série de prisões em por tráfico de drogas, como ainda identificou a estrutura da organização criminosa.