Após virem à tona denúncias de que um funcionário do Instituto Mirim estava assediando alunas, em Campo Grande, o servidor acabou demitido, segundo nota do Instituto enviada ao Jornal Midiamax nesta quinta-feira (13). Mães procuraram a delegacia nesta semana para registrar boletins de ocorrência por assédio sexual.

De acordo com a presidente do Instituto Mirim, Patrícia Saraiva Souza, uma análise jurídica foi feita após as denúncias relatadas pelas adolescentes, o que resultou no desligamento do funcionário dos quadros do instituto. Ainda segundo a nota enviada, todo aparato psicossocial foi colocado à disposição da família e da adolescente. 

Sobre a questão do funcionário apelidar os alunos de forma pejorativa, em nota foi relatado pelo Instituto Mirim que na época, em 2022, foram tomadas as medidas cabíveis, quando foi instaurado procedimento interno e aplicada pena disciplinar contra o servidor. 

A nota ainda diz que: “Ao contrário do afirmado na notícia, em momento algum houve iniciativa do IMCG em desestimular que o caso fosse levado às autoridades competentes. As situações que nos foram relatadas diziam respeito a faltas de cunho trabalhista, a serem resolvidas no âmbito administrativo-disciplinar, sendo que dessa forma foram tratadas, com a aplicação da devida punição.”

Aluna de 15 anos assediada

A mãe da adolescente procurou a delegacia, no dia 10 deste mês, onde relatou que a filha está no Instituto Mirim desde novembro de 2022. Desde então, o funcionário teria começado a assediar a menina, a chamando todos os dias para conversar no WhatsApp, informou a mãe da garota.

Ainda segundo o registro, o funcionário sempre sentava muito perto da menina e chegou a passar as mãos em suas pernas. Ele ainda obrigava que a adolescente mandasse sempre ‘bom dia’ e ‘boa noite’ para ele, e caso, não respondesse às mensagens, o homem ligava insistentemente até que a adolescente respondesse.

Na delegacia, a mãe pediu por medidas protetivas contra o autor. A adolescente passou por depoimento especial. Segundo a página do Instituto Mirim, no Facebook, o funcionário trabalha no local desde 2002. 

‘Meu sonho destruído’

Outra adolescente relatou ao Jornal Midiamax os assédios sofridos pelo funcionário quando entrou no Instituto Mirim, em 2021. A mãe da garota registrou um boletim de ocorrência na terça-feira (11) depois que outro caso veio à tona envolvendo abusos a uma aluna de 15 anos. A mãe disse que não procurou a polícia na época dos crimes porque foi informada pelo instituto que “providências seriam tomadas”. Na época, a filha dela foi transferida de setor para não ter mais contato com o agressor.

A menina revelou detalhes do pesadelo que viveu. Os abusos aconteceram de dezembro de 2021 até agosto de 2022, quando ela resolveu sair do Instituto Mirim, depois de ficar com depressão e ansiedade causadas pela situação que estava passando. Ao Jornal Midiamax, ela disse que era um sonho entrar para a Mirim.

Ela conta que o funcionário a chamava na sala dizendo que era para tratar de assuntos profissionais. “Se era profissional, por que ele trancava a porta da sala dele?”, questionou a adolescente, que afirmou que ele sempre se sentava ao seu lado e ficava passando as mãos em suas costas, pernas e chegou a dizer em uma das ocasiões: “Como posso ter uma morena tão linda assim na banda”. A banda a que o homem se referia é o grupo musical do Instituto Mirim.

Ela contou que, mesmo negando as investidas do homem, recebia mensagens dele no WhatsApp. O funcionário do instituto trocou a jovem de instrumento musical e passou a persegui-la, dizendo que ela “não servia” e a xingando na frente de outros alunos. 

A adolescente ainda revelou que o funcionário apelidava outros alunos de forma pejorativa, “tinha um menino negro que ele chamava de azul”, falou a garota. Outra aluna era chamada de “burra” na frente de todos e que não ‘prestava para nada’. 

Em uma das idas até a sala do funcionário, a adolescente contou que ele afirmou ser o responsável pelas notas dos alunos e que era uma pessoa muito nervosa. Ele ainda teria revelado ter uma coleção de armas guardadas na chácara de um familiar e que seria capaz de matar uma pessoa. Hoje, a adolescente está em tratamento psicológico no Caps Juvenil. “Só queria alguém que me ensinasse e não xingasse ou assediasse”, falou.