Na Vila Progresso – bairro onde um idoso de 76 anos matou um suspeito de invadir e revirar sua residência – os furtos têm se tornado frequentes na rotina dos moradores. Com sentimento de que estão esquecidos, vizinhos do idoso relatam que usuários de drogas ‘tomaram conta’ da região e já tiveram até sabão em pó furtado do quintal.
Na maioria das vezes, os produtos furtados são vendidos para que o dinheiro seja usado na compra de entorpecentes, e os usuários de drogas chegam a dormir no portão das mesmas residências em que cometem os furtos. Uma vizinha, de 42 anos, que nasceu e vive até hoje no bairro, afirma que já chegaram a levar de sabão em pó à bicicleta de seu quintal.
“Antigamente aqui era mais tranquilo, mas depois que aumentaram as empresas, distribuidoras, e os lugares foram ficando abandonados, começaram os furtos. Às vezes pela manhã a gente sai e vê bêbados caídos aqui no portão, bem na frente de casa. Eles levam qualquer coisa que acham pela frente”, explica a moradora.
Ela relembra que, ao construir a residência, há cerca de 10 anos, o idoso que atirou no suspeito de furto já instalou equipamentos de segurança, como muro alto e concertina. Uma das casas abandonadas, ao lado do imóvel, serve de abrigo para usuários, mesmo com morador ali. “Aqui tem bastante casa abandonada, os vizinhos já chegaram até a se juntar para limpar o terreno desse vizinho que deixa o mato alto”, relembra.
Motorista autônomo, de 55 anos, presencia diariamente moradores em situação de rua e usuários de drogas andando pelas ruas do bairro. Um barracão antigo e um motel abandonado também servem de abrigo para essa população, que por vezes fazem com que os moradores não saiam de suas casas.
“Onde tem casa vazia entram e roubam fios, mas nos 55 anos que nasci e moro aqui, foram ficando só as oficinas, os ferros velhos e as residências mesmo foram acabando”, alega. Além disso, a sinalização de ‘pare’ escondida pelo mato alto e a falta de pintura das faixas nas ruas contribui para o sentimento de abandono de quem resiste em morar no local.
A falta de segurança é aumentada com a pouca presença policial na região, segundo os moradores. “Vemos viaturas dos Bombeiros direto passando por aqui, porque tem um quartel perto, mas polícia não vemos mesmo. Aqui é um lugar que tem muita empresa e pouca casa, então deu 18h/19h a rua já fica um silêncio”, disse outro morador, que preferiu não se identificar.
Idoso atirou após escutar barulho em sua casa
Segundo informações do boletim de ocorrência, o idoso deixou um advogado responsável por ele na casa, que se comprometeu em apresentá-lo posteriormente na delegacia. Ele informou que o idoso estava em casa quando ouviu barulhos vindos dos fundos.
Com um revólver calibre .38, ele teria ido até o local e encontrado três ou quatro homens, que estariam armados com faca e um simulacro de arma de fogo. Em seguida, ele efetuou alguns disparos, mas não soube dizer quantos.
Os tiros atingiram um dos homens no ombro direito, virilha direita e perna esquerda. No local, a perícia identificou que o cômodo onde supostamente os suspeitos estariam, tinha sido revirado, e eles teriam entrado pela janela onde anteriormente existia um ar condicionado instalado. O caso foi registrado como homicídio simples e posse irregular de arma de fogo.
