Foi solto nesta quinta-feira (16) o rapaz de 22 anos, conhecido no meio policial por ser um especialista em desbloquear iPhones em Campo Grande. Tal serviço é procurado por assaltantes que roubam esse tipo de aparelho para conseguirem revender.

O jovem foi detido na manhã de quarta-feira (15), durante cumprimento de mandado de busca e apreensão. O flagrante foi feito pela Derf (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos).

Assim, na casa dele foram encontrados dois notebooks e também mais de 10 celulares sem origem comprovada. Entre os celulares apreendidos, três foram confirmados como roubados, com boletins de ocorrência registrados.

A em flagrante acontece poucos meses após o rapaz ser condenado pelo mesmo crime. Em julho de 2022, ele foi preso e em setembro condenado. No entanto, desde o dia 14 de setembro está em liberdade.

Passagens e prisões do especialista

Além da receptação, o rapaz também tem passagem por roubo. Junto com outros comparsas, ele participou de assaltos a farmácias da cidade na noite de 11 de agosto de 2019.

Foram dois estabelecimentos comerciais roubados em menos de uma hora. Um na Avenida Coronel Antonino e outro na Avenida Eduardo Elias Zahran.

Ainda conforme a denúncia, os bandidos estavam armados. Então, renderam as vítimas e roubaram mercadorias, dinheiro dos caixas e pertences das pessoas que estavam nos locais.

O rapaz de 22 anos e um dos comparsas foram presos pela Derf e ele já foi condenado pelo crime. Conforme a sentença da juíza Eucelia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal, datada de julho de 2021, o réu foi condenado a 7 anos, 5 meses e 18 dias de reclusão.

Cobrava até R$ 1 mil para desbloquear iPhone

O rapaz foi preso em flagrante por receptação em 2022, já que estava com três iPhones que teriam sido roubados. Além disso, também estava com ao menos outros 18 aparelhos de origem suspeita, 99 chips, um e um iMac também de origem suspeita.

Assim, relatou que os celulares roubados foram deixados na casa dele por um conhecido, para que fossem desbloqueados. Depois o homem buscaria os iPhones, no dia seguinte.

Para a polícia, o suspeito ainda contou que cobrava de R$ 500 a R$ 1 mil por celular desbloqueado, dependendo do modelo. Porém, ele negou qualquer relação com roubos ou furtos e disse que trabalha no Camelódromo, como autônomo, com reparo de celulares.

Já foi preso outra vez por receptação

Em dezembro de 2020, o rapaz foi preso pela Derf após meses de investigação. Na época com 19 anos, ele era considerado o único especialista em desbloquear iPhones em Mato Grosso do Sul.

Apesar da prisão em flagrante, na época ele foi liberado provisoriamente com uso de tornozeleira eletrônica. Ele se livrou da medida cautelar em agosto de 2021, quando foi desativado o monitoramento eletrônico.

 Na época da prisão, a investigação observou o ‘desaparecimento' de iPhones roubados em Campo Grande. Isso, porque com o sistema de rastreamento e a dificuldade de desbloqueio, os aparelhos da marca eram normalmente jogados fora pelos assaltantes.

Os policiais da Derf então chegaram até o rapaz e encontraram na casa dos pais dele um verdadeiro escritório para o ‘serviço'. Os pais chegaram a relatar que pensavam que o filho trabalhava com manutenção dos celulares, mas sem saber da procedência ilícita.

Só na casa foram encontrados 28 aparelhos sem nota fiscal ou qualquer registro. O suspeito foi apontado como o único no Estado e um dos poucos do país que fazia tal serviço.

Apesar da prisão em flagrante, na audiência de custódia o juiz entendeu que o crime não foi cometido mediante grave ameaça, não qualificando condição de converter em prisão preventiva. Por isso, o rapaz foi liberado com uso da tornozeleira.

No dia 17 de dezembro de 2020, quando seguia para colocar a tornozeleira, ele teria desobedecido ordens dos agentes penitenciários, porque utilizava o celular. Foi recomendado que ele entregasse o aparelho, mas ele se negou, dizendo que ‘era bandido'.

Ele chegou a tirar uma ‘selfie' com o aparelho e publicou no status do WhatsApp. Então, acabou novamente encaminhado para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro, onde o aparelho ficou apreendido.