Entidade cobra investigação sobre agressões a jornalista canadense e outros dois colegas em Iguatemi

Nesta sexta-feira (24), foram divulgadas imagens que mostram homens encapuzados agredindo o trio

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(Foto: Cimi Regional Mato Grosso do Sul)

O Cimi (Conselho Indigenista Missionário) está cobrando uma investigação e punição sobre as agressões a um jornalista canadense, uma antropóloga e um engenheiro florestal em uma área de retomada em Iguatemi, a 412 km de Campo Grande. O trio foi agredido por vários homens encapuzados na quarta-feira (22) e denunciou o caso à polícia.

Além das agressões, as vítimas tiveram seus documentos, celulares, cadernos com anotações e também equipamentos fotográficos e audiovisuais e cartões de memória roubados. 

Os três retornavam da área rural do município, onde foram deixar um líder indígena com quem se encontraram na terça-feira (21), durante a assembleia Aty Guasu, que reuniu lideranças indígenas da região do Cone Sul, em Caarapó. Eles estavam de carro no local quando se depararam com um bloqueio na estrada e dezenas de picapes, com homens armados e os rostos ocultos, segundo publicou o jornal O Globo. 

O Cimi ressaltou que em nenhum momento os profissionais adentraram uma propriedade privada, somente buscavam apurar um conflito no território Pyelito Kue/Mbaraka’y, em processo de demarcação. 

“A violência toda transcorreu numa via pública. A situação, grave em si mesma, evidencia a violência a que os povos indígenas vêm sendo submetidos no Mato Grosso do Sul”, esclareceu a entidade, que cobra uma investigação acerca dos fatos mencionados.

Imagens divulgadas pelo Jornal O Globo nesta sexta-feira (24) mostram o ataque de homens encapuzados ao jornalista canadense, a antropóloga e o engenheiro florestal na região. As vítimas são cercadas e agredidas com socos e chutes. 

(Reprodução, O Globo)

O engenheiro florestal relatou ao jornal como a situação aconteceu: “Viramos imediatamente, e uma picape fechou a gente, com quatro homens armados. ‘Eu aconselho vocês a saírem agora, imediatamente’, disse um deles. Mais deles apareceram e abordaram, ameaçaram a gente”.

Além das agressões, o trio denunciou um sequestro de indígenas ocorrido na região.

Entenda o caso

Conforme o boletim de ocorrência, o trio parou para conversar com o motorista que estava em uma caminhonete estacionada na estrada que liga as rodovias 295 a 386. Outros veículos se aproximaram. Os ocupantes – que estavam encapuzados e armados com facas e armas de fogo – começaram a agredir as vítimas, que tentaram escapar, mas não conseguiram.

O trio de profissionais foi jogado ao chão e agredido com chutes e socos. Os agressores ameaçaram cortar os cabelos da antropóloga, que é casada com o jornalista canadense. Depois de agredir o trio, os suspeitos fugiram levando os equipamentos de trabalho das vítimas, dinheiro e celular.

(Reprodução, O Globo)

Eles foram encaminhados ao Instituto Médico Legal, onde passaram pelo exame de corpo de delito.

A advogada Talitha Camargo, que representa a cacique Valdelice Veron, afirmou que uma família Guarani-Kaiowá, incluindo uma grávida de sete meses, foi sequestrada e torturada na região de Iguatemi. Eles foram encontrados por familiares nessa quinta-feira (23).

O Delegado Eduardo Pereira, a PF (Polícia Federal) e Força Nacional realizaram diligências na região na noite de quarta-feira (22). Foi instaurado uma NCV (Notícia de Crime em Verificação) e o caso está sendo investigado.

PF em terra indígena (Divulgação)

Na mesma noite, um fazendeiro foi preso em flagrante por posse irregular de munição e arma de fogo. Ele estava na fazenda Pássaro Preto quando foi abordado por uma equipe da Polícia Federal que foi para região após ser acionada pela DPU (Defensoria Pública da União), para atender um possível conflito indígena com fazendeiros em Iguatemi.

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