Empresário da fronteira de MS é alvo de prisão na Operação Sucessione, mas não foi encontrado

José Eduardo Abdulahad é pai de advogado que defende presos e deputado alvo de operação

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Empresário já foi alvo de outra operação. (Reprodução, Redes Sociais)

O empresário José Eduardo Abdulahad foi alvo de mandado de prisão nesta terça-feira (5) na Operação Sucessione, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).

Segundo apuração pelo Jornal Midiamax, ele não foi localizado pelas equipes e é considerado foragido.
José é pai de Rhiad Abdulahad, que atua como advogado de defesa de presos e alvo de operação contra o jogo do bicho. O pai do advogado seria o dono da casa de jogos ‘Gato Preto’, em Ponta Porã.

A partir da casa de jogos, ele coordenaria as ações do jogo do bicho. Em 2007, José Eduardo foi alvo da Operação Xeque-Mate, que apreendeu 10 máquinas caça-níquel para jogo de azar na Galeria Dona Neta. O local também seria de propriedade dele.

Na época, pelo menos 27 pessoas foram acusadas de integrarem a rede de caça-níqueis que exploravam o jogo de azar em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Rondônia. A denúncia seguiu para o então juiz da 5ª Vara Federal de Campo Grande, Dalton Conrado.

José Eduardo e os outros acusados poderiam ser presos com penas de até 28 anos de reclusão. No entanto, o juiz acabou liberando o empresário de Ponta Porã e outros seis alvos que haviam sido presos preventivamente.

Defesa

José Eduardo pode ser representado pelo próprio filho, Rhiad Abdulahad. Rhiad já defende alguns alvos da operação e ao Jornal Midiamax disse que a lista deve aumentar com a defesa do pai

“Provavelmente sim, mas ainda não consegui acesso aos autos da busca e apreensão e nem contato com ele”, afirmou. Ele também é filho da vereadora por Ponta Porã, Neli Aparecida Souza Abdulahad.

Há 10 anos, os pais de Rhiad foram denunciados pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) após investigações do Gaeco. Novamente, foram alvos por suposta coordenação em esquema de jogos de azar e possível lavagem de dinheiro.

A defesa do deputado Neno Razuk (PL) e de seus assessores também disse não ter acesso ao inquérito que investiga o jogo do bicho, em Campo Grande. Além disso, os alvos não devem prestar depoimento nesta terça.

Em contato com o Jornal Midiamax mais cedo, Rhiad Abdulahad disse que já solicitou o acesso ao processo do caso, que deverá ser liberado até o fim do dia. Rhiad também disse que ainda não tem previsão de quando seus clientes prestarão depoimento.

Operação Sucessione

As investigações que deram origem a operação Sucessione contra o jogo do bicho, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), na manhã desta terça-feira (5), em Campo Grande, descobriram que a organização criminosa estava inserida nos órgãos de segurança pública de Mato Grosso do Sul. Investigação confirmou denúncia de servidores que vincularam ‘guerra do jogo do bicho’ com contravenção na Sejusp, conforme antecipou o Midiamax em reportagem no mês de outubro.

A operação cumpriu 10 mandados de prisão temporária e 13 mandados de busca e apreensão em Campo Grande e Ponta Porã. O deputado Neno Razuk (PL) foi alvo da operação que cumpriu contra ela um  mandado de busca e apreensão. Quatro assessores do deputado foram presos

Segundo as investigações, a organização criminosa era responsável por diversos roubos praticados em plena luz do dia e na presença de outras pessoas, em Campo Grande, na disputa pelo monopólio do jogo do bicho local.

As investigações constataram, ainda, que a organização criminosa tem ‘grave penetração’ nos órgãos de segurança pública e conta com policiais para o desempenho de suas atividades, revelando-se, portanto, dotada de especial periculosidade.

Jornal Midiamax entrou em contato com a Sejusp para posicionamento após as conclusões do Gaeco, mas não houve resposta até a publicação deste texto. O espaço segue aberto para futuras manifestações.

Jogo do bicho na Sejusp

Segundo denúncia de servidores, a disputa pela jogatina expõe os laços da contravenção na Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul). Além do envolvimento direto de servidores públicos supostamente cooptados para atuar em favor do crime organizado, pressão política e até ameaças estariam por trás da mobilização dos grupos que disputam o mercado milionário do jogo do bicho campo-grandense.

Após a apreensão de 700 máquinas eletrônicas usadas pelo jogo do bicho em uma casa no Bairro Monte Castelo, a Sejusp teria se tornado foco da medição de forças entre os grupos que estavam tocando o jogo do bicho descentralizado em Campo Grande e um grupo que tem se anunciado como ‘novos donos do negócio’.

Em outubro deste ano, servidores relataram ao Jornal Midiamax supostas reuniões tensas e os corredores da Sejusp foram tomados por rumores de ‘pedidos’ para ‘cuidar das investigações’.

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