A mulher, de 30 anos, preso por torturar crianças na creche onde era proprietária, disse que tinha autorização dos pais para ministrar medicamentos para os alunos. Ela dava medicamentos para que as crianças dormissem e ela pudesse assistir televisão.

Segundo a delegada Sayara Baetz, responsável pelo caso, foi apreendido um medicamento indicado para náusea e vomito, proibido para menores de dois anos.

O medicamento seria utilizado para ‘dopar’ as crianças da creche e fazer com que elas passassem a maior parte do tempo dormindo, pois esse é um dos efeitos colaterais da medicação.

Baetz afirma que, no momento da prisão, a dona da creche afirmou que o medicamento apreendido era de uso pessoal, mas ela tinha autorização dos pais para ministrar remédios.

Na foto, a delegada Sayara Baetz, delegado Gustavo Ferrari e equipe de policiais de Naviraí que prenderam mulheres por tortura em creche (Divulgação, PCMS)

A delegada explica que alguns pais teriam dado autorização, mas não para que fosse ministrada esse tipo de medicação às crianças, mas sim medicamentos leves.

Uma funcionária, de 26 anos, também foi presa por dar o remédio para as crianças.

“No local não havia brinquedos, até porque as crianças passavam a maior parte do tempo dormindo. Alguns pais relataram que as crianças ficavam sonolentas o dia todo e tinham dificuldade de acordar até mesmo no outro dia”, explicou a delegada.

A dona da creche irá responder por tortura e a funcionária por omissão.

Presa colocava pano na boca das crianças

A polícia ficou sabendo do caso após uma criança contar que presenciou a dona do local agredir as crianças e bebês batendo suas cabeças contra sofá, colocando pano na boca em uma delas, para que a autora pudesse assistir televisão e em outros casos, dava remédios para as crianças dormirem, quando estavam chorando. O caso configuram os delitos de tortura qualificada e exposição da vida e saúde à risco, além de maus tratos.

Durante diligências foram feitas medidas de interceptação/captação ambiental na creche e instaladas pelo Departamento de Inteligência da Polícia Civil, monitoramento por áudio e vídeo. Através do monitoramento, policiais constataram que um bebê, de 11 meses foi agredido pela mulher às 11h.

A criança estava em um colchão no chão, sozinha e havia saído do travesseiro que estava. A mulher brutalmente tirou a criança do colchão e a jogou no mesmo lugar. Em seguida a bebê voltou a chorar, momento em que a suspeita novamente a pegou e jogou no colchão , além de dar alguns tapas no corpo da bebê, nitidamente como castigo em virtude do choro. A mulher ainda chamava a bebe de ‘sem vergonha’ e ainda dizia que quando a criança começasse a andar estavam lascadas.

Como as imagens visualizadas pela polícia era vista em tempo real, uma equipe se deslocou até a creche enquanto outro permanecia fiscalizando pelo monitoramento.

Na creche, os investigadores estranhara o fato da bebê não se levantar do colchão e ficar no local por horas, sem se arrastar, engatinhar ou andar, aparentando estar sob efeito de algum medicamento.

A equipe que analisava as imagens notou que uma funcionária, de 26 anos, eu algum remédio na mesma bebê, que dormiu por horas. Nesse tempo, a proprietária e a funcionária ficaram por muito tempo sentadas, mexendo no celular, sem olhar para as crianças que estavam lá.

Crianças passavam fome no local

Outras crianças estavam na creche e foram alimentadas pela equipe policial, pois estavam com fome. A perícia foi acionada e apreendeu o medicamento utilizado pelas cuidadoras. O remédio era utilizado para tratamento de sintomas de enjoo, tontura e vômitos, podendo causar sonolência, havendo a descrição de proibição na embalagem e na bula quanto ao uso por crianças menores de 02 anos.

O Conselho Tutelar foi acionados e as crianças entregues aos responsáveis.

A bebê de 11 meses fez exame de corpo de delito, onde foi constatado pela perícia médica que ela apresentava edema em região malar esquerda e lesão bolhosa no pé esquerdo. Ainda segundo a polícia, a bebê teve sofrimento mental, já que era xingada e menosprezada pela cuidadora, que após torturá-la a deixava chorando sozinha.

A dona da creche foi presa pelos crimes de tortura qualificada e exposição da saúde de outrem à perigo. A funcionária vai responder por exposição da saúde de outrem à perigo.