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Polícia

De xingamentos à agressão, veja o que fazer caso seja vítima de violência doméstica

Cerca de 6 mil mulheres foram vítimas de algum tipo de violência doméstica este ano em Mato Grosso do Sul
Mirian Machado -
DAM do interior, Casa da Mulher Brasileira e Sala Lilás, onde são feitos atendimentos especializados a vítimas de violência doméstica.

Cerca de 6 mil mulheres foram vítimas de algum tipo de violência doméstica de janeiro até agora em . São cerca de 1.500 vítimas por mês, ou 50 mulheres por dia, que sofrem agressão física, psicológica, patrimonial, moral e/ou sexual. A recomendação é ficar atenta ao primeiro sinal de violência, principalmente quando o agressor alterar o tom de voz ou destrói objetos.

Neste caso, a vítima deve procurar ajuda. Em Mato Grosso do Sul há a (Delegacia Especializado no atendimento à Mulher) que fica na Casa da Mulher Brasileira e funciona 24 horas, todos os dias e há também outras 11 DAMs (Delegacias de Atendimento à Mulher) espalhadas pelas cidades do interior, como Aquidauana, Coxim, Corumbá Dourados, Fátima do Sul, Jardim, , Nova Andradina, Pronta Porã, Paranaíba e Três Lagoas, estas funcionam das 7h30 às 17h30 de segunda a sexta-feira.

Sala Lilás, inaugurada nessa segunda-feira (17) em Anastácio. (Divulgação/PCMS)

Existe ainda as chamadas “Sala Lilás”, implantadas em cidades de médio e grande porte, que são espaços diferenciados exclusivos para atendimento de crianças de 0 a 11 anos de ambos os sexos, meninas e mulheres vítima de violência física e sexual. É o local onde elas recebem atendimento diferenciado, qualificado e especializado. Nessa segunda-feira (17) foi inaugurada a 27ª Sala Lilás do Estado, em Anastácio. A primeira foi inaugurada em 2019 em Sidrolândia. Existe uma expectativa de que sejam inauguradas as salas em outras 8 cidades ainda este ano.

Como procurar ajuda?

A vítima deve procurar a delegacia de Polícia Civil, preferencialmente uma especializada no atendimento à mulher, caso não tenha na cidade, todas as delegacia fazem o atendimento e registrar um boletim de ocorrência, é narrado os fatos e o delegado responsável fará a tipificação do crime.

Caso a vítima tenha sofrido violência física ou sexual será encaminhada a um hospital ou unidade de saúde, que entrará em contato com a Polícia Civil para providências. Depois de registrado, inicia a investigação. Caso haja necessidade o delegado pedirá exames de corpo de delito ou outro exame, esses pedidos são mais comuns em casos envolvendo lesão corporal e estupros.

Esses dois crimes não dependem de representação, ou seja, se a polícia recebeu a notícia do crime, a investigação vai seguir, mesmo sem a vontade da vítima, inclusive se ela quiser retomar o convívio com o agressor.

Caso o crime tenha sido de ameaça, calúnia, injúria, difamação ou dano, a vítima tem que informar o desejo de representar o agressor.

Dispostas na Lei Maria da Penha, há ainda as medidas protetivas de urgência que são requeridas quando a mulher teme por sua vida ou pela integridade física, assim com a medida, o agressor é proibido de se aproximar da vítima, é afastado do lar e proibido de manter contato de qualquer forma, seja por email, telefone, entre outros.

Após o registro policial

Feito o boletim de ocorrência na delegacia, o procedimento é enviado ao Poder Judiciário. O juiz responsável decide sobre a concessão das medidas protetivas. Caso o município não tenha juiz, o próprio delegado pode deferir a medida, que deve ser feita no prazo máximo de 48 horas.

Em seguida o agressor é intimado e deverá cumprir as medidas impostas, caso haja desobediência da ordem ele será preso, por isso é importante também que a vítima notifique a Polícia Civil sobre o descumprimento.

Se a mulher não puder contratar um advogado, a Defensoria Pública fará o devido acompanhamento garantindo os direitos.

Acolhimento das vítimas

Pode ainda ser tratado com os Centros de Atendimento à Mulher e com a rede socioassistencial do município, um local extremamente seguro para caso a vítima não puder voltar para a sua casa e não tiver outro local seguro para ficar.

Em Campo Grande, por exemplo, a Casa da Mulher Brasileira e o Centro Especializado de Atendimento à Mulher fazem esse encaminhamento da vítima para a Casa Abrigo, uma residência sigilosa e protegida, mantida pelo Governo do Estado e administrada pela (Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho).

Quando registrar ocorrência?

Conforme o site “Não se Cale”, da Subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres, a violência ocorre sempre em um ciclo, e é nele que as vítimas devem ficar atentar e procurar ajudas, se possível ao primeiro sinal.

Primeiro o agressor se mostra irritado com coisas insignificantes, humilha, faz ameaças, destrói objetos. A mulher tenta acalmá-lo e evita qualquer conduta que possa “provoca-lo”. Muitas vezes tenta justificar a agressividade do autor como, por exemplo, “ele teve um dia ruim no trabalho”.

Depois ocorre de fato a violência, seja ela verbal, física, psicológica, moral ou patrimonial. Em muitos casos a mulher fica paralisada diante do fato. Sofre tensão psicológica severa como insônia, perda de peso, fadiga constante, ansiedade, tem medo, ódio, solidão, vergonha, pena de si mesma, confusão e dor.

Em seguida vem o arrependimento do agressor, também conhecida como “lua de mel”. Nesta fase o autor se torna “amável” para conseguir a reconciliação. A mulher se sente confusa e pressionada a manter o relacionamento diante da sociedade ou mesmo por conta dos filhos, ainda mais com ele dizendo que “vai mudar”.

Por um período fica relativamente calmo, a mulher se sente feliz acreditando no esforço da mudança e nos momentos bons. Há ainda um misto de sentimento de culpa, medo, confusão e ilusão. Por fim a tensão volta à fase um.

Na sequência, dados de mulheres que registraram ocorrência por violência doméstica, por estupro e casos de feminicídio em MS (Fonte Sejusp)

Agressões, estupros e feminicídio

Conforme dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), de janeiro até terça-feira (18 de abril), 5941 mulheres registraram ocorrência por violência doméstica no Estado, 562 por estupro e 7 mulheres perderam a vida este ano.

Na semana passada, um morador de Dourados, de 45 anos, foi preso após a namorada, de 40, o denunciar por violência psicológica. A mulher pediu ajuda de uma atendente de uma conveniência para solicitar socorro. Os policias foram acionados e encontraram a mulher assustada e nervosa.

O homem apresentou resistência em sair da casa, inclusive tentou chutar os policias. Ele foi contido e preso por violência psicológica, resistência e desobediência.

No dia 9 deste mês um homem foi preso após a polícia encontrar a esposa desacordada dentro do carro onde o casal estava. Populares acionaram a polícia, que em rondas encontraram o carro onde a vítima estava sendo espancada. Ao ver a viatura policial, o motorista fugiu, mas foi abordado mais a frente.

Os policiais perceberam que a mulher estava inconsciente no banco do passageiro e convulsionando. Uma viatura do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) que passava pela região socorreu a mulher, a levando para a Santa Casa. Ela tinha lesões no olho, rosto e reclamava de dores de cabeça. 

O autor estava descontrolado com falas desconexas e no carro foram encontradas garrafas de cerveja e whisky. O homem passou a fazer ameaças aos policiais. “Adeus promoção”, disse. Ele foi levado para a delegacia.

No final do mês de março Cinthya Mendieta Cuellar, 32 anos foi assassinada a tiros em Rio Brilhante, a 158 quilômetros de Campo Grande, pelo marido Anézio Areco Alves, de 42 anos. O filho do casal de 11 anos presenciou a mãe ser assassinada pelo pai a tiros, no Bairro Vila Nova Esperança, segundo informações preliminares. O casal estaria em processo de separação e o homem não aceitava.

Logo após matar Cinthya a tiros, o autor cometeu suicídio. O Corpo de Bombeiros chegou a ser acionado e encontrou a criança aos prantos dizendo que não tinha mais pai e mãe. O menino foi levado para o hospital da cidade em estado de choque.

Amparo oferecido a vítimas de violência doméstica em MS

Medida protetiva online

Vítimas de violência doméstica podem pedir medidas protetivas pela internet. A mulher que for vítima desse tipo de violência e deseja denunciar seu abusador deve preencher o formulário de avaliação de risco no site do Tribunal de Justiça (https://sistemas.tjms.jus.br/medidaProtetiva/), no local destinado à solicitação de medidas protetivas de urgência e o pedido será encaminhado para análise do juízo da Vara de Medidas Protetivas: simples, rápido e de fácil acesso a todos.

Acompanhamento psicossocial

A Casa da Mulher Brasileira, por meio do Serviço Psicossocial Continuado (Conti), oferece suporte e auxílio para mulheres vítimas de violência doméstica superarem o trauma sofrido e resgatarem a sua autoestima e autonomia financeira.

No local, é realizado o acompanhamento com atendimento oferecido durante a denúncia, monitorando o caso até que a assistida tenha sua autonomia emocional e financeira para seguir em frente.
As vítimas são acompanhadas através de visitas domiciliares, monitoramento via telefone e contatos institucionais dentro e fora da Casa da Mulher Brasileira.

Auxílio aluguel

Foi sancionado pela Prefeitura de Campo Grande lei que prevê concessão de auxílio-aluguel às mulheres em situação de violência doméstica e familiar no início deste ano. A medida prevê a possibilidade do pagamento e será regulamentada.

O auxílio será previsto para mulheres que possuem medida protetiva, mas também àquelas que, pelas circunstância de violência e risco, foram obrigadas a deixar a moradia, com ou sem dependentes, após passar por análise técnica qualificada.

O recurso poderá ser concedido para família com renda mensal de até três salários mínimos, pelo prazo de até 12 meses, podendo ser prorrogado. A lei aponta a permissão para criação do auxílio, ainda sem detalhes da execução.

Vale ressaltar que essas e outras assistências podem ser conferidas com as autoridades de segurança, como a Casa da Mulher Brasileira, para o encaminhamento adequado da vítima.

Denuncie

A Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) funciona 24 horas por dia, sete dias da semana, situada na Casa da Mulher Brasileira, na Rua , 85, Jardim Imá, em Campo Grande -MS.

No interior é possível encontrar as DAMs nas cidades abaixo. Onde não há delegacia especializada, o atendimento é feito na delegacia normal, conforme citado acima. Vale lembrar, que em outras cidades há ainda as Salas Lilás.

Em casos de urgência, ligue no 190 e acione a Polícia Militar. Em casos de denúncias anônimas, ligue 180.

AQUIDAUANA: DELEGACIA DE ATENDIMENTO À MULHER (DAM)
Endereço: Rua Sete de Setembro, 1311 – Bairro Guanandi – CEP 79200-000
Telefone: (067) 3241-1172
Email: damaquidauana@pc.ms.gov.br

CORUMBÁ: DELEGACIA DE ATENDIMENTO À MULHER (DAM)
Endereço: Rua Major Gama, 290 – Centro – CEP 79330-000
Telefone: (067) 3234-9904 / 3234-9923
Email: dam@corumba.ms.gov.br

COXIM: DELEGACIA DE ATENDIMENTO À MULHER (DAM)
End: Rua General Mendes Moraes, 230 – Jardim Aeroporto – CEP 79400-000
Telefone: (067) 3291- 1338
Email: damcoxim@pc.ms.gov.br

DOURADOS: DELEGACIA DE ATENDIMENTO À MULHER (DAM)
Endereço: Rua Francisco Feitosa Sobreira, 820 – Vila Bela – CEP 79813–040
Telefone: (067) 3421-1177
Email: damdourados@pc.ms.gov.br

FÁTIMA DO SUL: DELEGACIA DE ATENDIMENTO À MULHER (DAM)
Endereço: Rua Presidente Dutra, 1261 – Centro – CEP 79700-000
Telefone: (067) 3467-1622
Email: dam.fms@pc.ms.gov.br

JARDIM: DELEGACIA DE ATENDIMENTO À MULHER (DAM)
Endereço: Rua Fernando Aranha, 1055 – Centro – CEP 79240.000
Telefone: (067) 3251-6397
Email: damjardim@pc.ms.gov

NAVIRAÍ: DELEGACIA DE ATENDIMENTO À MULHER (DAM)
Endereço: Rua Irineu Bonicontro, 74 – Jardim Progresso – CEP 79950.000
Telefone: (067) 3461-5182 / 5115
Email: damnavirai@pc.ms.gov.br

NOVA ANDRADINA: DELEGACIA DE ATENDIMENTO À MULHER (DAM)
Endereço: Rua Santo Antônio, 1094 – Centro – CEP 79750.000
Telefone: (067) 3441-8261 / 3441-5047
Email: dam.nandradina@pc.ms.gov.br

PARANAÍBA: DELEGACIA DE ATENDIMENTO À MULHER (DAM)
Endereço: Rua Rui Barbosa, 1680 – Jardim Brasília – CEP 79500-000
Telefone: (067) 3503-1266
Email: damparanaiba@pc.ms.gov.br

PONTA PORÃ: DELEGACIA DE ATENDIMENTO À MULHER (DAM)
Endereço: Rua 7 de Setembro, 617 – Centro – CEP 79904-624
Telefone: (067) 3431-3771
Email: dam.ppora@pc.ms.gov.br

TRÊS LAGOAS: DELEGACIA DE ATENDIMENTO À MULHER (DAM)
Endereço: Rua Oscar Guimarães, 1655 – Vila Nova – CEP 79600-021
Telefone: (067) 3521-0227 / 3521-9056
Email: dam.tlagoas@pc.ms.gov.br

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