Traficante que escapou ‘pela porta da frente’ em MS mandou matar Rafaat na fronteira, diz Beira-Mar
Gerson Palermo teve sua liberdade concedida com o uso de tornozeleira eletrônica, mas quebrou o equipamento, fugiu e, desde então, está foragido
Thatiana Melo –
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Uma conversa interceptada entre Fernandinho Beira-Mar e Marcinho VP, no Presídio Federal de Porto Velho, apontou o envolvimento de Gerson Palermo, líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), na execução de Jorge Rafaat, em junho de 2016, quando foi morto com tiros de fuzil.
A conversa interceptada foi em julho de 2016 e o relato foi registrado pelo Depen (Departamento Penitenciário Nacional). Beira-Mar e VP são apontados como líderes da facção criminosa CV (Comando Vermelho), e os áudios captados foram logo após a execução de Rafaat.
Gerson Palermo teve sua liberdade concedida em abril de 2020, com o uso de tornozeleira eletrônica, mas acabou quebrando o equipamento, fugindo e, desde então, está foragido. Após a fuga foi instaurado procedimento para apurar o habeas corpus concedido a Palermo.
Na conversa entre os dois, fala-se que a execução de Rafaat estava sendo atribuída a facção paulistana, mas, na verdade, o envolvido na morte do chefão da fronteira seria de um ‘Siciliano’, que estaria à frente Gerson Palermo, segundo o Portal UOL.
Em uma das conversas, Fernandinho Beira-Mar diz: “O Samura [Jorge Teófilo Samúdio Gonzalez, líder do Comando Vermelho preso desde março de 2021] falou para mim como é que foi. Falou que o bagulho foi cinematográfico. Tomaram essa atitude [Palermo e comparsas] mas quem levou a fama foi o pessoal do 15 [em alusão ao PCC]”.
Marcinho VP responde que quando conheceu Rafaat ele vendia pneus e que não era bandido. “O Rafaat, quando eu cheguei lá [no Paraguai], nem era bandido. Ele trabalhava com negócio de pneu. Mas ele sempre teve sede de poder. E, depois que puxou uma cadeia lá, ele saiu querendo dominar. Ele entrava no caminho dos outros, querendo cobrar pedágio. Eu não tinha inimizade com ele, não. Mas a postura dele era postura de alemão [inimigo].”
Ainda de acordo com as conversas interceptadas, Beira-Mar diz que não tem nada contra Palermo, já que é respeitado por ele. “Cara, é o seguinte. Eu não tenho nada contra ele. Ele me respeita e tal, quando eu estava lá. Mas é o seguinte: ele é comerciante, ele trabalha com quem compra dele. Seja 15 [em referência ao PCC], seja lá quem for. Ele trabalha, mas a informação que eu tive é que ele estava junto com o Siciliano e mais um S [Sérgio Lima dos Santos, condenado a 35 anos de prisão pelo assassinato do Rafaat]. Eles estavam junto na caminhada e se uniram lá, entendeu?”, mostra as conversas divulgadas pelo Portal UOL.
Beira-Mar ainda fala que a fronteira está tomada. “Lá [na fronteira entre Brasil e Paraguai], agora, tá o seguinte (…). Tem muita gente lá. Brasileiro lá tá igual mato. Tá, tipo assim, tem muito amigo nosso que tá (…). [O Siciliano está] morando lá muito mesmo e, fora nós [Comando Vermelho], deles tem muito lá. Mas é muito grande. Então, dá pra todo mundo viver lá. Cada um na sua lá, tá ligado?”
A conversa encerra quando Beira-Mar fala que o PCC levou a fama pela execução de Rafat. “O que chegou pra gente é que ele se uniu com o S [Sérgio Lima dos Santos] e o Siciliano tomaram essa atitude. Mas quem levou a fama foi o pessoal do 15 [PCC], entendeu? Quem ganhou a fama de ter feito foi o pessoal do 15.”
Fuga de Gerson Palermo
Palermo está foragido há 3 anos. No dia 23 de abril de 2020, o corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, instaurou pedido de providências para apurar o habeas corpus que concedeu a Palermo a prisão domiciliar. Foram 8 horas da soltura até que ele conseguisse romper a tornozeleira eletrônica e fosse considerado foragido.
Então, foi determinado pelo ministro a autuação da decisão como pedido de providências, constando a CNJ (Corregedoria Nacional de Justiça) no polo ativo e o desembargador responsável pelo HC no polo passivo. Com isso, ele foi intimado para prestar informações sobre os fatos.
Execução de Rafaat
Por volta das 19 horas do dia 15 de junho de 2016, ao sair de seu escritório em Pedro Juan Caballero, Jorge Rafaat Toumani foi atacado por um grupo de pessoas armadas com fuzis AK 47, Mag antiaérea e metralhadoras. Os suspeitos estariam em três veículos.
No local, além de centenas de cápsulas de projéteis, a polícia também encontrou armas de grosso calibre, que furaram a blindagem do Jipe Hummer ocupado por Rafaat. Várias outras pessoas teriam ficado feridas, dentre elas um policial identificado como Jorge Espindola. Também há informação de que seguranças de Rafaat teriam morrido durante o tiroteio, que durou mais de 20 minutos.
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