‘Chefão do PCC’ que fugiu na pandemia, Palermo é réu em mais uma ação em MS

Condenado a mais de 100 anos, Palermo quebrou tornozeleira e fugiu em 2020

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Após quebrar a tornozeleira eletrônica, fugir e ser condenado a mais de 100 anos de prisão, Gerson Palermo, chefão do PCC (Primeiro Comando da Capital), acabou virando réu em mais um processo, e agora, por lavagem de dinheiro, onde foi acusado de ocultar bens móveis e imóveis usando contas bancárias de terceiros.

O processo foi instaurado na 3º Vara Criminal Federal, no dia 3 deste mês, onde Palermo e sua esposa são apontados como autores de lavagem de dinheiro na ocultação de bens móveis e imóveis. Nas movimentações bancárias, foram descobertos depósitos nos valores de R$ 20 mil e R$ 1 mil.

A denúncia foi recebida no dia 27 de abril deste ano, onde é informado que o chefão do PCC teria usado contas de terceiros para a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, sendo, neste caso, com a compra de um veículo. Os valores movimentados pela suposta OrCrim foram identificados no âmbito da “Operação All In”.

Fuga e apuração do CNJ

No dia 23 de abril de 2020, o corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, instaurou pedido de providências para apurar o habeas corpus que concedeu a Palermo a prisão domiciliar. Foram 8 horas da soltura até que ele conseguisse romper a tornozeleira eletrônica e fosse considerado foragido. 

Então, foi determinado pelo ministro a autuação da decisão como pedido de providências, constando a CNJ (Corregedoria Nacional de Justiça) no polo ativo e o desembargador responsável pelo HC no polo passivo. Com isso, ele foi intimado para prestar informações sobre os fatos.

Chefão do PCC

Gerson Palermo, chefe de célula do PCC (Primeiro Comando da Capital) que operava tráfico internacional de cocaína se apresentava como comerciante informal de luxo para venda de aeronaves e caminhões. Além disso, contava com rede de falsários para executar desvio de bens e lavagem de dinheiro.

Gerson foi investigado no âmbito da operação All In, deflagrada em março de 2017 pela Polícia Federal e que resultou na apreensão de duas remessas de mais de 800 quilos de cocaína em Cubatão (SP) e São Paulo (SP).

Operação All In

Palermo é conhecido por ter sequestrado um Boeing da Vasp em 2000, que estava com R$ 5 milhões no compartimento de cargas, e também por arquitetar a fuga considerada cinematográfica do seu genro, preso em Santos (SP).

Na ocasião, o narcotraficante planejou substituir o genro por um membro da quadrilha, que faria até mesmo as tatuagens do preso para assumir seu lugar na cadeia. Palermo pagaria R$ 100 mil, sendo R$ 70 mil para o substituto e R$ 30 mil para os policiais, para colocar o plano em prática. Mas foi descoberto pela Polícia Federal. 

Ele foi preso em março de 2017 durante a Operação All In, da Polícia Federal, apontado como responsável pelo tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. 150 policiais participaram da operação. Foram cumpridos 50 mandados em seis estados brasileiros, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Goiás. Foram 28 mandados de prisão cautelar, 25 mandados de busca e apreensão e sete mandados de condução coercitiva.

Durante as investigações, foi descoberto que o PCC teve à disposição pelo menos três aeronaves e cerca de 15 caminhões e carretas, além de vários veículos de passeio, todos oriundos de rendimentos do tráfico de drogas e registrados em nome de laranjas. O grupo ocultava e dissimulava a posse dos bens.

Eles contavam também com despachantes, incluindo despachantes aeronáuticos, e tinham acesso a uma rede de falsários dedicada a obter documentos ou até empreender falsificações, justamente para dinamizar os atos de lavagem de ativos. Para legitimar a movimentação de lucros do tráfico, usavam contas correntes de seus próprios integrantes, familiares, amigos, conhecidos e mesmo empresários próximos, fragmentando as transferências em depósitos múltiplos, a fim de evitar os mecanismos de detecção de movimentações bancárias suspeitas.

Visando blindar as comunicações vinculadas ao tráfico, o PCC contava também com terminais telefônicos registrados em nome de terceiros (sem qualquer relação com os fatos), com a troca constante destes mesmos números, com a preferência por realizar contatos por aplicativos ou chamadas audiovisuais e a utilização de códigos e apelidos.

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