Com o menor número de vítimas nos últimos cinco anos em Mato Grosso do Sul, os feminicídios ainda são frequentes todos os meses. O número de mulheres que morreram no ambiente familiar, ou simplesmente por serem mulheres, reduziu de janeiro a agosto, se comparado com anos anteriores desde 2019, porém os dados mostram que pelo menos duas mulheres são assassinadas por mês no Estado.

Conforme dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), nos 8 primeiros meses de 2023 foram registrados 19 vítimas do crime. Nos quatro anos anteriores, foram vítimas de feminicídio: 2022 (30); 2021 (28); 2020 (25); 2019 (22).

Dos 19 casos registrados em Mato Grosso do Sul neste ano, 6 ocorreram em Campo Grande.

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, segundo informações do ano de 2022, mostram que a maioria dos autores de assassinatos de mulheres no país é composta pelos próprios companheiros (53,6%), seguidos por ex-companheiros (19,4%), depois por algum outro familiar (10,7%), desconhecidos (8,3%) e outros conhecidos (8%).

Já sobre a violência com que o crime foi cometido e a forma, indica que a maioria, ou seja, 49,9% dos crimes cometidos em 2022, foi com a utilização de faca, 26,3% com arma de fogo, 11,7 outro, 10,4 por agressão, espancamento, asfixia, estrangulamento e 1,6 por outro tipo de objeto contundente.

Ainda 69,3% dos casos ocorreram dentro da própria casa.

Alessandra foi morta 9 dias após pedir proteção

O último caso no Estado aconteceu na terça-feira (29), em Paranaíba, cidade a 410 quilômetros de Campo Grande. Alessandra da Penha Cardoso, 42, foi morta com golpes de faca no pescoço pelo ex-marido em frente à casa dela.

A mulher havia solicitado medida protetiva há 9 dias, quando o homem prometeu matá-la. Na ocasião ele danificou o vidro do carro. A mulher contou à polícia, que ele não aceitava o fim do relacionamento.

A mulher foi atacada quando chegava em casa. Após o crime, o homem fugiu e tentou se esconder em uma casa atrás de uma fábrica na cidade, mas acabou sendo localizado e preso.

Dados mostram a quantidade de vítimas de feminicídio por ano em MS. (Fonte: Sejusp MS)

Feminicídios

Entre os crimes brutais contra mulheres praticados este ano, está a morte de Albina Freitas Ribas Luiz Gonçalves, de 49 anos. Ela foi atacada e assassinada brutalmente pelo ex-marido, quando seguia para o trabalho em uma escola no Bairro Nova Lima, em Campo Grande, no dia 28 de fevereiro.

Segundo testemunhas, Albina seguia a pé quando foi seguida pelo homem. Os dois passaram a discutir, quando ele volta e a atacada com vários golpes de faca.

No dia 30 de abril, a jovem Karolina Silva Pereira, de 22 anos, foi morta a tiros ao lado de um colega, que a acompanhava em casa depois do serviço, por medo do ex-namorado. O rapaz também morreu.

O ex não aceitava o fim do relacionamento e tentava a todo custo uma reconciliação. Quando suspeitou que a jovem estivesse em um novo relacionamento, planejou matá-la. Ele a esperou escondido em frente a casa dela e atirou na jovem e no colega, depois fugiu e foi escondido pela família em uma chácara, mas acabou se apresentando e ficando preso.

Em Nova Andradina, Maurília Sartori Marques, de 27 anos, ficou 13 dias internada, mas morreu após ser atingida por três tiros no rosto em julho.

A mulher estava sofrendo ameaças de seu ex-marido, que está preso em regime fechado em Dourados. A polícia cumpriu mandado contra ele, por ser o mandante do crime. Outros três acusados foram presos por serem os autores do crime.