Cleberson de Proença de Almeida senta no banco dos réus pela segunda vez, nesta sexta-feira (3), para ser julgado durante Tribunal do Júri. Ele é acusado do homicídio de Suelen Cristaldo e da tentativa de homicídio do companheiro dela, ocorrido em 2004, em uma conveniência no Bairro Universitário. Após ficar 15 anos foragido e ter o primeiro julgamento anulado, ele terá a sentença definitiva decretada hoje.

A promotora Luciana do Amaral Rabelo entrou com recurso no Tribunal de Justiça pedindo pela anulação da decisão do Conselho de Sentença de absolver Cleberson dos dois crimes, durante julgamento ocorrido no dia 21 de junho de 2021.

O recurso da promotora foi provido, considerando-se na decisão que “restou evidente que o agente [Cleberson] agiu com a intenção de matar a vítima [da tentativa de homicídio] por razões alheias à sua vontade”, além de ter atingido Suelen nas costas.

Uma das testemunhas de defesa, amigo de infância da vítima, afirmou que estava próximo ao local do crime, segundo ele cerca de 200 a 300 metros de onde Suelen foi atingida. “Ali era um local de jovens, hoje não existe mais, todo fim de semana a gente se juntava para beber, curtir a juventude”, afirma.

Segundo ele, a rua ficava bastante movimentada, com barulhos de carro, motocicleta e grande fluxo no trânsito. “Eu e o Cleberson chegamos juntos no local e depois nos separados e ele foi para o local dos fatos. Eu não vi ele com arma de fogo, só soube que teve um homicídio de uma menina que faleceu por um tiro, não citaram o nome dele”, explica.

A irmã do réu também foi arrolada como testemunha pela defesa. Na época com 12 anos, ela afirma que foi ameaçada por familiares e amigos de Suelen após o crime.

“Eu estava com uma amiga em casa arrumando minhas coisas para ir para casa da minha mãe quando senti uma batida forte na janela. Tinham três homens, já grudaram minha amiga pelo pescoço perguntando se era a irmã do Cleberson. […] Em seguida eu já sai correndo com medo. Falaram para mim que não estavam brincando e dois anos depois bateram no meu irmão para que ele contasse aonde o Cleberson estava, mas a gente não sabia”, alega.

A irmã do réu ainda afirmou em juízo que nunca tinha visto arma em sua casa, onde morava com Cleberson, já que o imóvel só tinha duas peças. “Se ele tivesse arma eu tinha visto. Fui ver meu irmão só três meses depois [do crime], porque logo que aconteceu ele foi direto para casa da minha avó”, disse.

Durante seu depoimento, Cleberson afirmou que ficou foragido durante 15 anos por medo das supostas ameaças feitas pela família de Suelen, caso fosse transferido para Campo Grande após sua prisão. Ele foi preso em Ponta Grossa, no Paraná, e chegou a ficar sete meses preso no município. Em seguida, foi transferido para Campo Grande, onde ficou preso mais um ano, até o primeiro julgamento, em junho de 2021. Desde então, ele responde o processo em liberdade.

Questionado sobre o motivo de não ter se apresentado durante mais de uma década, ele afirmou ao juiz Aluísio Pereira dos Santos que chegou a procurar um advogado no Paraná, mas que foi informado que, mesmo após passar tantos anos, ele ainda seria preso quando encontrado.

Cleberson ainda atribuiu a posse da arma do crime a um colega que estaria com ele na lanchonete, e morreu anos depois. Segundo ele, o disparo ocorreu após ele tirar o revólver das mãos do amigo “para evitar que acontecesse algo pior”. Ainda na versão dada por Cleberson, ele alega que a vítima teria dito que “se ele não o matasse em 24h, seria morto”.