Foi concedida nessa quarta-feira (15), pela 4ª Vara Criminal de Campo Grande, a prisão domiciliar para uma das mulheres alvos da Operação Traquetos, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), no dia 8 deste mês, em Campo Grande. Um dos líderes da organização seria um CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador).

A juíza May Melke do Amaral substituiu a prisão preventiva depois do pedido da defesa alegando que tem uma filha de 12 anos e está grávida. O Ministério Público se manifestou a favor com medidas cautelares a serem impostas. 

“Expeça-se alvará de transferência para a prisão domiciliar, fazendo constar a obrigação de que a requerente não poderá ausentar-se de sua residência sem autorização deste Juízo, sob pena de imediata revogação da prisão domiciliar.”

A organização criminosa traficava pedras preciosas e ouro, mas a base era o tráfico de drogas, em que chegou a transportar cerca de 10 toneladas de maconha. Durante as investigações e interceptações telefônicas, foi descoberta a troca de 931 mensagens entre um dos líderes e outro membro.

Mensagens interceptadas pelo Gaeco 

As mensagens foram trocadas em um espaço de tempo de 15 dias, onde os dois discutiam a retirada de 200 peças de maconha de uma garagem, que era usada por eles como ‘guarda-roupa’- termo usado para local onde se escondem drogas.

“Já! Já retirou velho, eu já paguei tudo lá já, ai o GURI cobrou SETE CONTO, SETE PEÇA lá pra retirar e guardar lá, tem que ter DUZENTAS E DUAS PEÇAS lá certinho, ele já conferiu já, só falta o *** ligar o telefone e entrar em contato que o GURI lá vai buscar, eu já passei o telefone pro GURI só que chega aqui, chega lá ele não responde”, dizia uma das mensagens interceptadas pelo Gaeco.

Em outra mensagem é possível ver a preocupação dos membros da organização e relação à polícia que sempre estava na região. “Uma semana que é pra pegar o BAGULHO lá e ninguém pega mano, porra cara eu tô, é foda mano aqui toda hora tá POLÍCIA entrando aqui entendeu? Tá lotado aqui não dá pra ficar com o telefone em cima não.”

Segundo as investigações, as mensagens foram trocadas entre 8 e 23 de junho, sendo um total de 931. Outra preocupação da organização era a necessidade de se encontrar outro lugar para armazenar a droga.

Pedras preciosas e ouro

O Gaeco em acesso às conversas do alvo descobriu que não só armas e drogas eram traficadas pelos membros, mas também pedras preciosas como diamantes, safiras e rubis, além de barras de ouro. Em uma das conversas, o líder fala sobre barras de ouro que estava transportando escondidos dentro dos sapatos. “O problema é essas BARRAS DE OURO que está dois no pé do *** e um no meu pé machucando”.

Em outro diálogo, os membros da organização criminosa conversam sobre a avaliação de pedras preciosas. “Ninguém sabe se é Diamante, se é Safira, se é, eu vou levar pra avaliar aí pra ver”.

O diálogo continua e o líder da organização fala na venda da pedra preciosa. “É mais vai que é uma pedra de Diamante, risos, aí nóis (sic) vai ter que vender porque não tem como andar com uma pedra de diamante deste tamanho né, mas deve de ser alguma pedra de um RUBI, uma SAFIRA alguma coisa”. Os diálogos aconteceram em abril de 2021.