A defesa de Jamil Name Filho apresentou na quarta-feira (12) queixa-crime contra sete promotores de Justiça do (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de Mato Grosso do Sul, incluindo o promotor Gerson Eduardo de Araujo, que foi designado para auxiliar no processo desde janeiro deste ano e no julgamento que ocorre na próxima segunda-feira (17).

Consta na queixa-crime que os promotores afirmaram que Jamil e o pai seriam alguns dos mandantes dos homicídios de Paulo Magalhães e de Andrey Galileu Cunha, porém a acusação, segundo a defesa, é caluniosa e ‘ofende a honra objetiva do querelante' e que tal acusação seria na ânsia de convencer o Tribunal de Justiça relacionando a outro crime, “extravasando os limites da verdade”. Por isso pede que o promotor seja impedido de participar do julgamento.

Já para o Ministério Público o pedido é estratégia de defesa. “A intenção de se fazer instalar a ideia de animosidade ou inimizade entre o excipiente e o excepto, bem como em relação aos demais integrantes do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado(GAECO), apresenta-se como estratégia defensiva, tanto para, no caso concreto, buscar novo adiamento da sessão plenária quanto para, em todos os casos, criar aparência de mácula (inexistente) que possibilite futuro apontamento de nulidade diante de eventual condenação“.

Em resposta dada nesta quinta-feira (13) MP diz ainda que há sinais claros de que é uma manobra para adiar o julgamento e pede a rejeição da suspeição sem recurso de manifesta improcedência. “Afigura-se ainda mais notória a manobra quando se percebe que, além de intempestiva (conforme já se viu em tópico específico), a peça foi protocolada ontem (12 de julho de 2023), às vésperas da nova sessão designada para o plenário do júri (previsão de início para a próxima segunda-feira, 17 de julho de 2023), com claros sinais de intenção tumultuária“.

Julgamento

Na próxima segunda-feira (17) ocorre o julgamento de  Jamil Name FilhoMarcelo Rios e Vladenilson Daniel Olmedo, o ‘Vlad', em , pelo assassinato de Matheus Coutinho, morto com de fuzil, em abril de 2019, em frente de casa. Todos foram investigados na Operação Omertà.

O julgamento já havia sido adiado por duas vezes e agora foi marcado para começar no dia 17 de julho às 8 horas da manhã, no Tribunal do Júri, em Campo Grande. Com 16 testemunhas para serem ouvidas, o julgamento deve durar quatro dias, e um megaesquema de segurança está sendo montado para a vinda dos acusados, que estão presos em Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Antes da última data marcada, foi cogitado que o júri fosse feito por videoconferência, mas o juiz Aluízio Pereira dos Santos determinou a vinda dos réus para Campo Grande. Após o impasse resolvido, o respondeu à solicitação do magistrado, no último dia 24 de maio, afirmando que os presos seriam transportados para a Capital.

No documento anexado ao processo, o Depen detalha que os réus serão transportados para Campo Grande sob escolta de policiais federais e que já foram iniciados os trâmites administrativos para a realização da operação, planejamento da missão e levantamento das equipes policiais que serão selecionadas para compor a escolta dos três réus. 

Ainda no despacho enviado ao magistrado, foi informado a devolução de Vladenilson para o sistema penitenciário de Campo Grande, que ocorrerá quando forem trazidos para o julgamento. Ou seja, o réu ficará preso na Capital.

Devido ao tempo prolongado do julgamento, foi pedido pelo juiz a reserva de hotel por cinco dias para os jurados que irão participar do julgamento.

Foi lembrado pelo magistrado que este julgamento por ter tantas testemunhas teve de ter seu início mudado para uma segunda-feira, o que não é praxe em júris que ocorrem em Campo Grande. 

Execução de Matheus

O crime aconteceu na Rua Antônio Vendas, no Jardim Bela Vista, no dia 9 de abril de 2019. O relato é de que o crime teria ocorrido mediante orientações repassadas por Vlade e Marcelo Rios, a mando de Jamil Name e Jamil Name Filho.

Naquela noite, vários tiros de fuzil AK-47 foram feitos contra Matheus. No entanto, os criminosos acreditavam que dentro da camionete estava o pai do jovem, que seria o verdadeiro alvo dos acusados.

Também segundo as investigações, o grupo integrava organização criminosa, com tarefas divididas em núcleos. Então, para o MPMS, Jamil e Jamil Filho constituíam o núcleo de liderança, enquanto Vlade e Marcelo Rios eram homens de confiança, ‘gerentes' do grupo.

Já Zezinho e Juanil seriam executores, responsáveis pela execução de pessoas a mando das lideranças. Assim, meses depois, os acusados acabaram detidos na Operação Omertà, realizada pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Bancos, Assaltos e Sequestros) e pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial Especial e Combate do Crime Organizado).