Acusados de latrocínio contra contador de Campo Grande há 3 anos somaram pena de mais de 40 anos

Autores marcaram encontro com a vítima, roubaram carro que seria vendido na Bolívia e desovaram o corpo

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Contador ficou dois dias desaparecido até corpo ser encontrado. (Foto: Reprodução/ Redes Sociais – Arquivo Midiamax)

Paulo Roberto Mendes dos Santos, de 19 anos, e Ryan Victor da Vera Cruz Teles, de 20, réus pelo latrocínio do contador Aparecido Ferreira da Silva, encontrado morto em uma fazenda na saída para Sidrolândia, há três anos, foram condenados, juntos, a mais de 40 anos de reclusão. Aparecido desapareceu no dia 24 de março de 2020 e seu corpo foi encontrado já em estado de decomposição no dia 26.

Conforme consta na denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), os autores atraíram a vítima para uma emboscada, com o pretexto de realizarem um programa sexual por R$ 200, e tinham como finalidade roubar o carro, dinheiro e celular de Aparecido. As investigações da Polícia Civil revelaram que o carro seria vendido na Bolívia por R$ 5 mil.

Paulo e Ryan foram denunciados pelo MPMS por roubo majorado que resulta em morte, ocultação de cadáver e tráfico de drogas, em abril de 2020. Durante a fase de instrução, foram ouvidas testemunhas que tiveram contato com os réus durante o transporte do carro até a Bolívia, além de conhecidos da vítima e policiais que participaram da investigação, conduzida pela DEH (Delegacia Especializada em Crimes de Homicídio).

Ryan foi absolvido do crime de tráfico de drogas e condenado, junto a Paulo, pelo roubo que resultou na morte de Aparecido e por ocultação de cadáver. O juiz Roberto Ferreira Filho considerou que Paulo não tinha antecedentes criminais, mas que o motivo do crime foi a busca pelo lucro.

Por ter confessado o crime, a pena total de Paulo, pelos crimes de latrocínio, ocultação de cadáver e tráfico de drogas, foi de 22 anos e 8 meses de reclusão e pagamento de 180 dias-multa, cumprida em regime fechado.

Já Ryan foi condenado a cumprir 21 anos de reclusão e 20 dias-multa, em regime fechado, pelos crimes de latrocínio e ocultação de cadáver. Ele também não possuía antecedentes criminais. A sentença foi dada no dia 9 de abril de 2021.

Relembre o caso

Na denúncia do MPMS consta que Ryan conheceu Aparecido no trabalho e, após trocarem mensagens, no dia 22 de março de 2020, foi marcado dos dois se encontrarem. Ryan teria contado seu plano ao vizinho, Paulo, que teria planejado amarrar o contador até que conseguissem atravessar o carro na fronteira, e não matá-lo.

No dia do crime, no período da tarde, Aparecido foi até a casa de Ryan em seu Chevrolet Celta e o réu teria inventado a desculpa de que precisavam dar uma carona para Paulo até um supermercado, onde ele supostamente trabalhava. Quando passaram por uma rua deserta, no Bairro Tijuca, próximo a uma construção abandonada, Ryan pegou uma faca e anunciou o assalto a Aparecido.

Entretanto, Aparecido teria reagido e tentado fugir, momento em que Paulo teria aplicado um golpe de mata-leão para tentar conter a vítima e Ryan desferido uma facada em sua cintura, resultando na morte. Na sequência, eles se apossaram de R$ 900 e do celular de Aparecido, e deixaram o corpo em uma estrada vicinal de acesso ao Assentamento Santa Mônica, na saída para Sidrolândia.

No caminho de volta para Campo Grande, o carro teria apresentado problemas mecânicos ao ser atingido por uma pedra. Os autores procuraram ajuda na vizinhança, o que originou as investigações. No dia 27 de março de 2020, quando investigadores da DEH apuravam o desaparecimento da vítima, receberam a informação de que dois rapazes teriam atirado um aparelho celular no mato e ido até uma chácara pedindo ajuda para consertarem o carro.

Com auxílio de um detector de metais, o celular de Aparecido foi encontrado e testemunhas indicaram a oficina mecânica até onde o Celta havia sido rebocado, no Bairro Colibri. Um dos moradores ainda levou a dupla até o Terminal Bandeirantes, dando carona.

O carro da vítima foi encontrado e apreendido, e funcionários da oficina explicaram que ele havia sido guinchado até uma residência na Vila Bandeirantes. No local, os policiais encontraram Ryan, que foi preso em flagrante com R$ 140 de Aparecido. Ele confessou os crimes e entregou seu comparsa, Paulo.

Paulo foi preso em sua casa e também confessou. Os dois indicaram onde estava o cadáver de Aparecido, já em estado de decomposição. Foram localizados 20,80 gramas de cocaína na residência de Paulo, além de R$ 550 da vítima. A calça utilizada por Ryan no dia do crime ainda foi encontrada de molho, já que foi usada para estancar o sangue que escorreu do braço de Aparecido, na tentativa de esconder vestígios.

O Jornal Midiamax entrou em contato com a advogada que consta no processo, responsável pela defesa de Ryan à época da sentença, Étila Guedes, e com a Defensoria Pública Estadual, para ter acesso à defensora Maritza Brandão, que responde por Paulo Roberto, para pedir posicionamento sobre a atuação das defesas. Até a publicação desta matéria não obtivemos resposta. O espaço segue aberto para declarações das defesas.

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