‘Você vai pagar’: Policial penal registra ameaça que sofreu por preso em motim na Gameleira

Interno precisou ser removido para cela disciplinar

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Imagem ilustrativa – Foto: Henrique Arakaki, Midiamax

Nesta quarta-feira (1º), policial penal procurou delegacia de Campo Grande para denunciar o detento Naudiney de Arruda Martins, de 31 anos, que precisou ser realocado de cela após o princípio de motim no Presídio de Regime Fechado da Gameleira I. O preso ameaçou o agente de morte.

Conforme detalhado no registro, o preso teve que ser removido do pavilhão após a confusão, quando passou a ameaçar os policiais penais. Ao agente, ele teria dito: “Na primeira oportunidade eu vou pegar o que tiver na frente e furar seu bucho”. “Você vai pagar por pisar no meu calo”, disse.

“Se não for eu vai ser qualquer outro, mas barato não vai ficar”, disse ainda o interno. O caso é tratado como desacato e ameaça.

Princípio de motim

Após princípio de motim, a segurança no presídio foi reforçada nesta terça-feira (31). Três detentos começaram a incentivar a massa carcerária a bater grades e dois foram colocados em celas disciplinares.

Em nota enviada ao Jornal Midiamax, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) disse que a segurança foi reforçada. Confira a nota na íntegra:

Ontem, houve uma alteração disciplinar por parte de alguns detentos, que danificaram algumas celas na Penitenciária da Gameleira 1. O Comando de Operações Penitenciárias (COPE) foi encaminhado pela Agepen à penitenciária para reforçar a segurança. Hoje, estão sendo realizadas as movimentações internas para os reparos necessários. Para isso, o COPE também auxilia no reforço à segurança.

O bate-grade começou logo após o banho de sol ser encerrado por volta das 17 horas. Um dos detentos, Sivalter da Silva Rodrigues, teria começado a chutar as grades da cela 8, no pavilhão I. Ele passou a incitar um motim gritando: “Vou quebrar, ninguém entra aqui hoje. Vou mostrar quem manda nessa p*”. Ele foi advertido e levado ao chefe da equipe.

Outro interno, Deivid da Silva Souza, da cela 2 do pavilhão 1 passou a danificar as grades da cela, passando a incitar a massa carcerária com gritos: “Quebra tudo, vamos chocalhar”. O detento foi advertido e levado para o chefe da equipe para sanções disciplinares. Ele chegou a ser preso em flagrante por dano e teve a prisão convertida em preventiva.

Já Naudiney, alojado na cela 3, teria ameaçado os agentes. “A promotora está fechada com nós, vocês vão se f*”. O detento acabou levado para a cela disciplinar, e ainda teria ameaçado de morte os agentes dizendo: “Eu vou matar vocês, daqui a pouco estou na rua”.

Uma professora que estava ministrando aulas para alguns detentos teve de ser retirada do local, já que corria risco.

Bilhete com plano de ataque

Bilhete foi apreendido após princípio de motim
Bilhete encontrado com detento

Ainda na terça-feira (31), foi descoberto um suposto plano de ataque à Polícia Militar e Civil de Mato Grosso do Sul, com instruções até de como se fazer bombas, guardadas com um membro do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Tudo estava escrito em um bilhete, dentro da costura do short de um dos detentos, identificado como Guilherme Azevedo dos Santos, de 29 anos, encarcerado em uma das celas do pavilhão I. Ele é apontado pela polícia como membro da facção criminosa PCC.

No bilhete, havia instruções para que os ‘irmãos’ de facção se unissem para atacar os policiais militares, e policiais civis que estariam atacando os membros da facção de Caarapó e da região. Ainda no bilhete havia escrito: “vamos montar um tabuleiro e matar no ninho”.

Ainda segundo as instruções do bilhete, era para que as delegacias fossem monitoradas e, assim, os batalhões atacados com bombas, ‘matando no ninho’. Instruções para como fazer a bomba estavam listadas. Ao final, o detento avisa que outras instruções seriam ‘passadas logo’.

Guilherme já foi preso três vezes por tráfico de drogas, tentativa de homicídio e receptação. Ele foi preso em flagrante por promoção, constituição, financiamento ou integração de organização criminosa e teve prisão preventiva decretada nesta quarta-feira (1º).