‘Tem dor que não tem nome’, conta filho de ex-vereador assassinado por caseiro em Campo Grande

Filipi Silveira relatou o vazio pela ausência dos pais assassinados em julho de 2017

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(Arquivo Pessoal)

Já se passaram cinco anos do assassinato do ex-vereador Cristovão Silveira e a esposa Fátima Silveira, na chácara em que moravam em Campo Grande, mas para Filipi Silveira é como se tivesse acontecido ontem, já que ainda tenta conviver com a ausência e o vazio deixado pelos pais mortos de forma brutal e cruel. 

“Uma família que destruiu outra”, disse Filipi ao falar sobre o crime que chocou não só a população, mas até os policiais que atenderam a cena do duplo homicídio. Para Filipi, a saudade será eterna, tanto as vividas junto dos pais, como as que poderiam ser vividas futuramente, e que nunca acontecerão.

O mês de julho é a data em que ele sempre presta homenagens aos pais, um gesto na tentativa de deixar viva a memória do casal, assassinado no dia 18 de julho de 2017. Durante a conversa com Midiamax, Filipi ainda falou sobre o aniversário do pai, no dia 25 de julho. Data em que a família estaria reunida comemorando ou viajando.

Filipi falou que teve partes do processo que não ficou sabendo devido à crueldade do crime. “Foi um crime vil, primitivo e torpe. Queria fazer sofrer, machucar.”, disse. A dor pela ausência dos pais sempre vai acompanhá-lo e nada vai poder preencher esse buraco. “Uma ausência plena. O vazio sempre vai estar aqui, uma dor que não tem nome”, falou.

Filipi disse que a luta é diária e que só ele pode enfrentar essa dor dilaceradora. “É o trabalho que preenche minha cabeça, fazer arte pra não sofrer muito mais. Sozinho somos o que ninguém vê….aqui tem vazio e tristeza, o que me resta é seguir por eles, tenho certeza que eles iriam querer isso, levo o legado deles comigo.”, fala.

O filho do ex-vereador ainda contou que a avó morreu sem saber o que realmente aconteceu com o casal, “escondemos a violência sofrida pela sua filha, sempre falamos que foi rápido”. Sobre a condenação de mais de 90 anos dos réus foram, ele diz que a justiça dos homens foi feita, mas não irá trazer os pais de volta, “não consigo vê-los (acusados) como seres humanos”, falou.

Condenação

Rivelino foi condenado a 48 anos de reclusão, 1 ano de detenção e 70 dias-multa pelos crimes de latrocínio (contra os dois), vilipêndio de cadáver da vítima Fátima e destruição parcial de cadáver.

Em abril de 2018, Rivelino teve 378 dias de pena remidos. Até o momento, ele já cumpriu 6 anos, 27 dias, 11 meses e 3 dias. A previsão de término da pena é em 28 de junho de 2046. A progressão para o regime semiaberto está prevista para o dia 4 de julho de 2034.

Já Rogério foi condenado a 45 anos de reclusão e 40 dias-multa pelo crime de latrocínio (também contra às duas vítimas). A sentença foi proferida pelo juízo da 4ª Vara Criminal de Campo Grande, Wilson Leite Correa.

De acordo com a denúncia do MPMS (Ministério Público Estadual), Rivelino e os filhos Rogério e Alberto Nunes Mangelo, 21 anos, com ajuda de Diogo André dos Santos Almeida, 21, (falecido), tiveram participação no roubo da caminhonete Mitsubishi L200 2015/2016, avaliada em R$ 102 mil; uma televisão led de 40 polegadas, avaliada em R$ 1.499,99, uma arma de fogo não identificada, dois aparelhos celulares, duas alianças de ouro e R$ 1.231,00 em dinheiro, pertencente ao casal.

O crime

Cristovão e Fátima foram assassinados no dia 18 de julho de 2017, quando chegaram a chácara por volta das 15 horas. Cristóvão teria sido atraído até o local onde foi cercado pelos autores.

A vítima, que recebeu um primeiro golpe na nuca teve o dedo decepado ao tentar se defender das facadas. As mãos de Cristóvão estavam bastante machucadas e um golpe na altura do pescoço chegou a quebrar sua coluna.

Ao ver que o marido estava sendo atacado pelo trio, Fátima tentou ajudá-lo com um cabo de vassoura, mas caiu no chão e foi atacada com dois golpes de facão por Rivelino. O caseiro negou que tenha tinha tido relação sexual com Fátima e disse que tirou as roupas dela e passou as mãos em suas partes íntimas.

Após as mortes, o caseiro, foi preso quando recebia alta do hospital Santa Casa, após ser atendido por causa de um corte profundo no pé. Ele foi socorrido depois que a dona de um bar, que fica a 800 metros da chácara, acionou o socorro. Segundo ela, Rivelino chegou a dizer que sete homens invadiram o local para roubar. Mas, após ser levado para depoimento acabou confessando a autoria dos assassinatos.

Assim que mataram o casal, Rogério e Diogo fugiram com a camionete até Anastácio e, então, até uma chácara localizada a 30 km de Aquidauana, onde estava Alberto que ficou com uma TV roubada do casal.

Alberto confessou à polícia, que Diogo e o irmão chegaram ao local na camionete roubada com as roupas ensanguentadas e teriam queimado as peças. Diogo então seguiu com outro comparsa (que não teve o nome divulgado durante o inquérito), já que o mesmo não sabia dirigir, para a Bolívia. Ele acabou morto em uma troca de tiros com a polícia durante sua fuga, no município a 444 quilômetros de Campo Grande.