Pai de santo preso por estupro não era da religião e entidade diz que ‘não precisa tocar para dar passe’

Federação das Religiões de Povos de Terreiro de MS emitiu nota de repúdio ao crime cometido pelo suposto religioso

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Suposto pai de santo foi preso em flagrante
Suposto pai de santo foi preso em flagrante – Foto: Henrique Arakaki/Midiamax

Nesta terça-feira (22), a Federação das Religiões de Povos de Terreiro de Mato Grosso do Sul – Ajô Nilê – se manifestou sobre o suposto pai de santo preso por estupro em Campo Grande. O idoso de 63 anos teria ainda colocado a culpa em uma entidade.

Em nota de repúdio, a federação alega que o idoso não é filiado “tão pouco sabe-se se o mesmo é realmente sacerdote de umbanda, uma vez que tento a religião de umbanda quando seus adeptos jamais cometeriam uma atrocidade desta monta”.

Além disso, a federação, por meio da presidente/babalorisá Deamir Lemes Ribeiro, esclareceu que nenhuma entidade que se manifesta na umbanda cometeria tal ato. “É importante ressaltar Caboclos, Pretos Velhos, Exus, e demais espíritos que se manifestam na seara Umbandista, são entidades de luz, que vem para promover sempre o bem, a cura, a boa palavra aos consulentes”, diz a nota.

“Importante ressaltar que não é necessário tocar na pessoa para dar um passe e/ou tirar qualquer negatividade, ainda mais em partes íntimas, sejam de homens, mulheres, crianças e/ou idosos”, diz ainda a nota.

A Federação de Culto Afro e Ameríndios de Mato Grosso do Sul também se pronunciou em nota de repúdio contra o suposto pai de santo. A afirmação é de que o autor fere e mancha o bom nome da religião.

“Esclarecemos à população em geral que essas são práticas criminosas e não compactuamos com tais atos, nada tendo a ver com os cultos ou praticas religiosas, o desvio de caráter e de conduta e do próprio ser humano”, diz trecho da nota.

Suposto pai de santo foi preso por estupro

O idoso de 63 anos alegou em depoimento que estava ‘tirando’ espíritos obsessores da adolescente que, segundo ele, estava ‘carregada’. Ele foi preso por estuprar a menina de 15 anos durante uma suposta sessão espírita, na noite dessa segunda-feira (21).

A delegada Karen Viana Queiroz, da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), disse que o pai de santo contou que trabalha há mais de 40 anos e que estava semiconsciente durante a sessão.

Além disso, o homem disse que não se lembrava dos detalhes do que aconteceu, já que estaria incorporado. Ainda segundo o depoimento, o autor afirmou que se aconteceu contato sexual entre ele e a adolescente “foi com os pés para extrair as energias ruins”.

A menina frequentava o local há 4 meses, sempre acompanhada da mãe. O suspeito disse em depoimento que é comum aquele tipo de atendimento e que durante a “transferência de energia” existe o contato físico entre a entidade e a pessoa atendida no local.

Ainda segundo os relatos do autor, o espírito incorporado retira a energia negativa de “espíritos obsessores por meio das partes íntimas”, e alegou que a vítima estava ‘carregada’ e cheia de problemas em sua vida pessoal.

O ‘pai de santo’ confirmou que o que aconteceu na sessão foi devido a “sua necessidade de descarregar as energias ruins” que havia absorvido da vítima durante a sessão.

Durante o depoimento da menina, ela disse que o homem estava usando uma cueca, de cor azul. A polícia confirmou a informação verificando as vestimentas do pai de santo, que nega o crime.

Dentro da cueca foi encontrado um pedaço de papel, mas a polícia não informou se havia algo escrito. Segundo a delegada, o pai de santo não tem passagens pela polícia.

O estupro

A mulher contou que a filha estava em uma sala sozinha com o homem, que fazia o atendimento dizendo estar incorporado por uma entidade. Durante a consulta, o autor colocou as mãos por dentro do short da menina e a fez segurar seu órgão genital.

Após o abuso, o homem ainda disse para a menina não contar a ninguém o que tinha acontecido. A adolescente saiu da sala assustada e chorando.

Depois de contar os fatos para sua mãe, a polícia foi acionada. Quando o autor foi questionado pelos militares, ele disse não se lembrar de nada já que estava incorporado.

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