Caso Marielly: Julgamento de crime que repercutiu até fora do Brasil surpreende interior de MS

Demora no julgamento dos réus gera críticas entre moradores

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(Henrique Arakaki, Midiamax)

O clima na cidade de Sidrolândia, que tem 59 mil habitantes, é de surpresa para moradores com o julgamento de Hugleice da Silva e Jodimar Ximenes, nesta quinta-feira (15). Os dois são julgados pela morte de Marielly Barbosa Rodrigues, na época com 19 anos, em 2011, após um aborto malsucedido. O crime, que teve repercussão internacional, mudou a manhã dos moradores.

Foram 11 anos de espera para que a família pudesse ter a Justiça feita pela jovem que teve o corpo encontrado em meio a milharal após duas semanas de desaparecimento. Raquel Acosta Alves, de 49 anos, professora, contou ao Jornal Midiamax que se tornou um escândalo na época e que se lembra já que foi bem no ano em que mudou para a cidade.

Professora, Raquel Acosta

“Além de matar a Marielly, ele ainda maltrata a atual esposa (irmã da vítima). Ele é uma pessoa má”, disse a professora. Ela ainda falou que acha triste a demora em julgar os culpados. 

Outra moradora, Lidiane Marcelino, de 36 anos, falou que foi um momento muito triste, já que Marielly era muito jovem. “Espero que pague pelo que fez, que a família tenha tranquilidade depois de tanto sofrimento”. 

“A demora no julgamento só demonstra o quanto a Justiça precisa mudar”, disse Tainara Gimenez, de 34 anos. Muitos moradores disseram não se lembrar de muitos detalhes do caso, já que ocorreu há muito tempo. 

Investigação e descoberta de traição e aborto

A investigação policial aponta que Marielly teve relação com o próprio cunhado, Hugleice. Dessa relação extraconjugal, resultou uma gravidez indesejada da jovem, comprovada por meio de um exame médico feito em fevereiro de 2011. No mês seguinte, em março, Marielly conheceu um rapaz com quem começou a namorar.

A gravidez era mantida em sigilo, mas a jovem chegou a confidenciar para uma amiga, dizendo que “se a criança nascesse seria uma ‘bomba’ para a família”. Foi então que ela e o cunhado teriam optado pelo aborto. Hugleice então conhece Jodimar, que morava na época em Sidrolândia.

No dia 19 de maio, conforme identificado pela perícia no celular de Hugleice, ele teria passado o dia em Sidrolândia. Já no dia 20, Hugleice e Marielly trocaram um total de 18 ligações telefônicas. No dia seguinte, em que a jovem desapareceu, eles foram até Sidrolândia na casa de Jodimar, também conforme apontado pelo MPMS e Polícia Civil.

Na residência, o então enfermeiro teria feito o procedimento de aborto na jovem. Uma prima de Jodimar que teria ficado ali para fazer a limpeza do local relatou que viu a vítima passando mal. O que se apurou é que Marielly, logo após o aborto, passou mal e faleceu. Ali, Hugleice e Jodimar colocaram o corpo da jovem na camionete do cunhado e levaram até a área de mata nas margens da rodovia MS-162, onde foi desovado.

Hugleice condenado por tentar matar irmã de Marielly

Hugleice foi condenado em 2020 a 12 anos e 3 meses de prisão por tentar matar a esposa, irmã mais velha de Marielly. O crime aconteceu em 2018, quando ele teria flagrado mensagens no celular da esposa e esfaqueado ela no pescoço. Ele ainda teria amarrado a vítima depois de esfaqueá-la.

Na época de sua prisão, ele teria dito que estava arrependido do crime. Hugleice acabou preso em Dourados pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) na BR-163. Estava foragido após a tentativa de feminicídio no Mato Grosso.

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