Há três anos, Miguel foi assassinado pelo pai para atingir a ex que não queria reatar relacionamento
Para atingir a ex e se vingar, autor matou filho de dois anos afogado em uma bacia, em setembro de 2019. Ele foi julgado e condenado a 20 anos
Mirian Machado –
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Infelizmente, ainda não raro, um homem que não aceita o término do relacionamento quis se vingar da ex-esposa. Em muitos casos, o resultado é tragédia. Muitas mulheres perdem a vida assim, e só este ano, por exemplo, foram registrados 28 feminicídios em Mato Grosso do Sul. Porém, essa história é diferente, mas não menos dolorosa. Para atingir a ex e se vingar, Evaldo Christyan Dias Zenteno, assassinou o próprio filho, Miguel Henrique dos Reis Zenteno, de apenas dois aninhos, de uma forma ainda mais cruel: afogado em uma bacia.
Pelo crime, a pessoa que se diz ‘pai’ foi condenada a 20 anos de reclusão em júri, no dia 25 de agosto de 2021. Ele apelou, teve o recurso julgado improcedente em dezembro do ano passado, acórdão transitou em julgado em março deste ano se tornando definitivo.
Na época, Evaldo afirmou que teria sido assaltado e que jogaram o filho em um córrego, mas a versão não se sustentou. No dia do crime, ele pegou o carro de um amigo emprestado às 6h50, dizendo que iria visitar um avô que estava internado.
O crime
No almoço, pai e filho foram até o local de trabalho do amigo e almoçaram. À polícia, esse colega contou que não percebeu comportamento estranho.
Ao terminar o almoço, ele saiu por volta das 14 horas, sendo que o amigo combinou que ligaria no horário que fosse sair do trabalho, por volta das 19 horas. O estudante contou que recebeu uma ligação de Evaldo às 17h40. Ele dizia que tinha sido assaltado e que os bandidos teriam jogado a criança no rio. O autor afirmou que socorreu o filho e o levou ao hospital. Quando chegou à Santa Casa, o amigo encontrou Evaldo na presença de alguns policiais.
Já durante audiência contou outra versão. Dessa vez que havia deixado o filho, que estava sonolento, tomando banho na bacia no banheiro enquanto ele estava na sala mexendo no celular. Ao escutar um barulho, correu até o banheiro e viu Miguel se afogando, mas ao invés de retirar a criança de lá voltou para a sala e continuou no celular. Foram 2 horas e 30 minutos para que ele decidisse socorrer o bebê, após afogá-lo em uma bacia cheia de água.
Devastada, em depoimento, a mãe, Thayelle Cristina Bogado, de 23 anos, afirmou que Evaldo não aceitava o fim de relacionamento e sempre insistia para reatar, porém era obsessivo e a perseguia. Lembrou que dias antes da morte, Miguel já havia sido levado ao hospital, após supostamente “cair” da cama enquanto dormia com o pai. Apesar de toda situação, a mãe disse que nunca desconfiou que o ex-marido pudesse fazer algo contra o próprio filho.
A jovem lembra do pequeno Miguel dizendo que a criança sempre estava sorrindo e que era muito alegre. Quando soube da morte do filho, não acreditou e neste momento seu mundo desabou. “Só acreditei quando vi ele [Miguel] no caixão”, disse Thayelle ao Jornal Midiamax na época.
O julgamento
Durante julgamento em Campo Grande, a promotora de acusação apresentou a bacia e as roupas de Miguel usadas no dia do crime. Ainda no julgamento, o policial militar que atendeu à ocorrência relatou que vários pontos indicavam que o assassinato havia sido premeditado.
Uma das observações, por exemplo, indica que Evaldo estava de chinelos de cor branca no dia do crime e disse aos PMs que, quando o bebê foi jogado da Avenida Ernesto Geisel, ele entrou no córrego para buscar o filho. O militar percebeu que seu chinelo continuava branco, mesmo dizendo que tinha ido atrás da criança.
Outro ponto que chamou a atenção é que Miguel estava de roupa branca e não estava suja, mesmo com o bebê caindo no córrego. O policial ainda disse que em nenhum momento Evaldo chorou pela morte do filho, sendo que aparentava frieza e passou a fingir lágrimas para tentar se defender. Ele foi descrito pelo policial como calculista e o crime premeditado.
Ao término do julgamento, o Conselho de Sentença condenou Evaldo pelo homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Ele foi condenado a 20 anos de reclusão, conforme sentença do juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri. Por ser crime hediondo, Evaldo cumpre pena em regime fechado.
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