Nesta quarta-feira (14), advogado de defesa de Hugleice da Silva, 39 anos, relatou que não pretende pedir absolvição do réu, que vai a júri popular na quinta-feira (15) pela morte da cunhada Marielly Barbosa Rodrigues, de 19 anos. Hugleice confessou o crime na época das investigações, em meados de 2011.

Conforme o advogado José Roberto da Rosa, Hugleice segue preso no Mato Grosso e veio para Mato Grosso do Sul escoltado, apenas para participar do julgamento, que acontece em Sidrolândia. Para Rosa, não haverá tentativa de absolvição do réu, que já confessou o crime. No entanto, ele alega que Hugleice não participou do aborto.

Advogado José Roberto da Rosa – Foto: Nathalia Alcantara/Midiamax

O caso em julgamento é o aborto com resultado de morte da jovem Marielly, que conforme a Polícia Civil e o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) foi feito com consentimento da jovem. Hugleice, que seria o pai da criança gerada em uma relação extraconjugal com a cunhada, teria encontrado o enfermeiro Jodimar Ximenes Gomes, 51 anos, para fazer o procedimento clandestino.

Assim, o aborto teria acontecido na casa de Jodimar. Logo após o procedimento, Marielly passou mal e faleceu e os dois homens teriam então levado o corpo da jovem até uma área de mata, onde foi encontrado três semanas após o desaparecimento. Por isso, Jodimar e Hugleice também são julgados pela ocultação de cadáver.

Para a imprensa, Rosa afirmou que Hugleice não participou do aborto e que, quando entrou na sala, Marielly já estava morta. A defesa quer que, caso condenado, ele seja sentenciado a cumprir pena em regime aberto. Hugleice atualmente está preso no Mato Grosso por tentar assassinar a esposa.

No julgamento, o caso do aborto de Marielly teria ‘pesado’ na condenação, afirmou José Roberto da Rosa. Já neste júri, ele quer que o crime cometido contra a esposa em 2018 não seja levado em consideração, já que a morte da cunhada aconteceu em 2011. Naquela época, segundo o advogado, Hugleice tinha bons antecedentes.

Marielly morreu após o aborto

A investigação policial aponta que Marielly teve relação com o próprio cunhado, Hugleice. Dessa relação extraconjugal, resultou uma gravidez indesejada da jovem, comprovada por meio de um exame médico feito em fevereiro de 2011.

A gravidez era mantida em sigilo, mas a jovem chegou a confidenciar para uma amiga, dizendo que “se a criança nascesse seria uma ‘bomba’ para a família”. Foi então que ela e o cunhado teriam optado pelo aborto. Hugleice então conhece Jodimar, que morava na época em Sidrolândia.

Na residência, o então enfermeiro teria feito o procedimento de aborto na jovem. O que se apurou é que Marielly, logo após o aborto, passou mal e faleceu. Ali, Hugleice e Jodimar colocaram o corpo da jovem na camionete do cunhado e levaram até a área de mata nas margens da rodovia MS-162, onde o corpo foi desovado.

Corpo encontrado nas margens da estrada

Foram três semanas do desaparecimento até o corpo de Marielly ser encontrado. O corpo já estava em estado inicial de mumificação, irreconhecível, sendo identificado pelos exames periciais. No entanto, foi identificado que se tratava da jovem.

A Perícia também identificou que Marielly já não tinha mais o feto, ou seja, o que para o MPMS comprova o aborto. A causa da morte não foi identificada, mas o indício é de que ela tenha sofrido uma hemorragia aguda, inclusive sendo identificado sangue perto da área pélvica do corpo da vítima.

Confusão da Justiça e liberdade

Em setembro de 2020, Hugleice acabou solto por uma confusão da Justiça de Mato Grosso. Mas, após ser solto Hugleice se apresentou à Justiça. Ele estava preso pela tentativa de feminicídio. A confusão seria por causa de outro processo que ele responde e teve a prisão revogada, que seria por conta do aborto que acabou na morte de Marielly.