O delegado Márcio Shiro Obara, preso durante a deflagração da operação Omertà, em junho de 2020, acabou condenado pela posse de um fuzil encontrado em uma sala privativa de seu apartamento durante o cumprimento dos mandados. 

A condenação foi publicada, no dia 30 de março deste ano, pela 5ª Vara Criminal. Obara foi condenado a três anos de reclusão e 10 dias-multa, em regime aberto, com substituição da pena por duas restritivas de direito consistentes em prestação pecuniária, no valor de 10 salários mínimos, em favor de instituição que ainda vai ser escolhida, e multa de 10 dias-multa à razão de 1/2 salário mínimo. 

O delegado era investigado desde a deflagração da primeira fase da Omertà, em setembro de 2019, por suspeita de receber propina de R$ 100 mil para não investigar a execução do policial da reserva e chefe da segurança da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Ilson Figueiredo, em junho de 2018. Figueiredo teria sido executado em em vingança pela morte de Daniel Alvarez Georges, 43 anos, filho de Fahd Jamil.

Armamento encontrado

O armamento foi encontrado no apartamento de Obara, na Avenida do Poeta. Lá, o (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) acabou encontrando um fuzil .556 e diversas munições de fuzis de origem estrangeira e sem documentação. Após o armamento ser encontrado, foi descoberto pelos agentes que o delegado tinha uma sala privativa na delegacia onde era titular. No gabinete dele nada foi encontrado, quando os agentes estiveram pela primeira vez na delegacia.

Já em buscas na sala privativa de Obara, quando novamente os agentes voltaram ao prédio da delegacia, foram descobertas mais 775 munições de fuzis de cinco calibres diferentes, sendo todos de origem estrangeira. O delegado que já tinha um mandado contra ele acabou sendo preso em flagrante pelo armamento encontrado.

Fuzis das , e Estados Unidos

Em agosto de 2019, laudos da PF (Polícia Federal) indicaram que o arsenal apreendido em uma casa no bairro Monte Líbano, em Campo Grande, em maio teria vindo de três países — México, Filipinas e Estados Unidos da América.

Segundo o laudo da Polícia Federal expedido na época, os 100 cartuchos de munições calibre .38, de marca de fabricação Winchester teriam vindo dos Estados Unidos da América, mais 100 cartuchos de munições calibre .22 long das Filipinas e 50 cartuchos de munições .38 do México, e 31 munições calibre .380 da CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos).

Na época da análise, não teria sido possível o levantamento de fragmentos de impressões digitais em condições suficientes para confronto com os fragmentos encontrados nas cenas dos assassinatos de Ilson e Matheus Coutinho.