Em conversa gravada durante visita no Presídio Federal de Brasília (DF), Cynthia Willians Herbas Camacho conta ao esposo Macos Willians Herbas Camacho, o Marcola, que foi assaltada. Ao descobrirem que a vítima era esposa do considerado líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), os bandidos devolveram o celular e o dinheiro que tinham roubado.

A visita acontece no dia 3 de novembro de 2021 e estão presentes Cynthia e um dos filhos do casal, de 13 anos. Na ocasião, a esposa conta a Marcola que teve o celular roubado e que os assaltantes ainda usaram aplicativo para transferir dinheiro dela, por PIX.

“Foi onde isso aí?”, pergunta Marcola. Cynthia conta que tudo aconteceu na Marginal, em (SP). “Aí devolveram porque viram meu nome. Que era seu nome”, relatou. “Mandaram entregar lá no salão. Devolveram o celular e o PIX”, disse Cynthia.

Ainda conforme o trecho da conversa, divulgado em matéria do neste domingo (14), Marcola ri e diz “Eu não acredito. Mas você sabe que ali, exatamente na Marginal, tem… Eu sou muito conhecido”.

Planos para resgatar Marcola descobertos em celular de advogada de MS

Os planos de com códigos foram quebrados em fevereiro de 2021, logo após a advogada de Três Lagoas, presa na Anjos da Guarda, sair de uma visita a um de seus clientes, Esdras Augusto do Nascimento Júnior, uma das lideranças do PCC, que estava encarcerado na penitenciária federal de Campo Grande.

A advogada de Três Lagoas, que estava com os códigos, foi presa pela Polícia Federal, no dia 10 de agosto, quando da deflagração da operação, que cumpriu três mandados em Mato Grosso do Sul, sendo um de busca e apreensão na Capital e dois em Três Lagoas.

“Plano 1 – Código STF. Por que não foi feito? Qual a dificuldade em fazer? Já estão monitorando? Do que precisam para fazer? Tem informações internas e externas da unidade.”

“Plano 2 – Sequência – Código STJ. Sequestrar diretor-geral e chefe de segurança. Família deles. Fazer o cativeiro em outro estado. Se o Ciro [Marcola] não sair, elimina. Renato Gomes Vaz – Diretor; Rodrigo Campos Porto – Chefe. Não adianta pegar Depen. Se for preciso pega agente penitenciária de .”

“Plano 3 – Suicida. Em 8 meses, se o STF e o STJ não for concluído [sic], o Ciro [Marcola] vai executar plano suicida dentro do sistema PF [penitenciário federal]. […] Atenção sócio Tuta, Bulgari, Colorido, Siariba, Maguila, Deva. Durante 10 meses tirou o banho de sol com Ciro [Marcola] e durante esse tempo recebeu instruções para passar aqui fora.[…] O plano do STF e STJ já precisa estar em andamento. Está só aguardando resultado. Bulgari e Ciro pediram atenção nisso. Pediram advogado toda semana para atualizar as informações.”

Outro plano de fuga de Marcola

Em 2014, foi detectado pelo governo paulista o primeiro plano de fuga de Marcola: dois helicópteros blindados, camuflados com as cores das aeronaves da Polícia Militar, pousariam na penitenciária de Presidente Venceslau, no extremo Oeste do estado, com uma cesta de resgate.

Quatro anos depois, o PCC investiu 100 milhões de reais na contratação de mercenários estrangeiros e na compra de dois helicópteros, lança-mísseis e metralhadoras para invadir a mesma penitenciária do interior paulista – o plano só foi frustrado por ter sido descoberto antes pelo governo de São Paulo.

Por conta do plano, Marcola foi transferido para a penitenciária federal de Brasília no início de 2019. O que não impediu que continuasse a tramar sua fuga por meio dos “gravatas”, como o PCC denomina os advogados a serviço da facção.