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Polícia

Subnotificado, crime de agiotagem em MS neste ano já superou total de registros em 2021

Na agiotagem, os juros cobrados dos clientes para um empréstimo de dinheiro ultrapassam os limites legais; pena prevista é de seis meses a dois anos de prisão
Fábio Oruê -
agitagem agiota
Controle dos clientes, feito à mão, com cobrança de juros nas alturas (Foto: Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax)

Não é difícil ouvir de ‘uns e outros’ sobre o empréstimo de dinheiro à juros exacerbados sem restrições, seja por vontade própria ou motivos de força maior – isso é o que configura o crime. Dados de Mato Grosso do Sul, no entanto, mostram que a agiotagem ainda é pouco denunciada no Estado.

Por outro lado, os números disponibilizados pela (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) ao Jornal Midiamax trazem um panorama que pode indicar uma mudança nos registros da prática de agiotagem: os dados de 2022 mostram que os registros policiais de janeiro a agosto já superam o total reportado pelas vítimas em todo 2021.

Nos primeiros 8 meses deste ano, foram 9 ocorrências registradas pela polícia, enquanto que no ano passado são 8 registros. De 2019 a 2021, os registros apresentaram queda, ano a ano, mas teve novo aumento, como demonstra o gráfico abaixo:

registros de agiotagem MS
2022 apresentou nova alta nos registros (Dados: Sejusp/Arte: Jornal Midiamax)

Agiotagem é subnotificada

A nova alta pode ser mostrar dois panoramas: o primeiro, mais ideal, é que os crimes estão sendo denunciados. O segundo, mais preocupante, é que mais pessoas estão fazendo empréstimos com agiotas. Entretanto, os dados registrados ainda são baixo, o que também revela uma característica do crime.

Para o delegado Rodolfo Daltro, o baixo número de registro ocorre pelo fato de que a agiotagem é subnotificado, por conta da dinâmica da relação entre agiota e vítima. Um precisa do dinheiro, enquanto o outro ganha em cima do empréstimo.

“A prática de agiotagem, em si, é um crime. Porém, é um crime de pena baixa e, como envolve cobrança, quando a dívida vai tomando proporções maiores, pode ter consequências maiores”, explicou ao Jornal Midiamax.

Conforme o delegado, as esse tipo de delito acaba sendo acompanhada de um outro mais grave, como ameaça, homicídio, extorsão, lesão corporal e etc. Isso porque o agiota – para fazer a cobrança da dívida – acaba utilizando meios violentes para tal.

Esquema do crime em Campo Grande

A divulgação e o esquema de agiotas ‘rola solto’ no Centro de . Reportagem do Jornal Midiamax abordou alguns trabalhadores do crime e não seria muito difícil fazer um empréstimo ali mesmo.

Geralmente, os empréstimos são feitos para que o pagamento comece já no dia seguinte. São valores considerados ‘baixos’, mas podem chegar na casa dos R$ 3 mil dependendo de quem empresta.

Imagem ilustrativa (Foto: Midiamax)

O que é o crime de Usura?

A Lei 1.521/51 dispõe sobre crimes contra a economia popular e em seu artigo 4ª prevê o crime de usura pecuniária ou real. O item descreve a conduta como sendo o ato de cobrar juros, e outros tipos de taxas ou descontos, superiores aos limites legais, ou realizar contrato abusando da situação de necessidade da outra parte para obter lucro excessivo.

O termo agiotagem também é utilizado como sinônimo de usura, porém, a cobrança de ‘ágios’, dentro dos limites legais não é considerado crime, é exatamente o que os bancos fazem quando emprestam dinheiro.  

Conforme o TJDFT (Tribunal de Justiça do e dos Territórios), a pena prevista para esse crime é de 6 meses a 2 anos de detenção e multa.

Além disso, estão previstos alguns agravantes para o crime:

  • ser cometido em época de grave crise econômica;
  • ocasionar grave dano individual;
  • dissimular-se a natureza usurária do contrato;

Também é um qualificador se o crime for cometido por militar, funcionário público, ministro de culto religioso, por pessoa cuja condição econômico-social seja manifestamente superior à da vítima e em detrimento de operário ou de agricultor, de menor de 18 anos ou de deficiente mental, interditado ou não.

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