O ex-delegado-geral da PC (Polícia Civil) de Mato Grosso do Sul, Adriano Garcia Geraldo, entrou com uma ação contra o Governo do Estado pedindo cerca de R$ 450 mil em razão de acúmulo de função, ocorrido por conta de substituições que não teriam sido pagas.

Na petição, protocolada no último dia 5 de julho e assinada pelo advogado Robinson Fernando Alves, o ex-delegado-geral pede um total de R$ 545.514,54 ao Governo de MS. O valor não possui correções e juros, mas é abatido um total de R$ 86.821,34 referentes a título de indenização por substituição já recebidas.

A defesa alega que Garcia, “por ato de seu superior, foi designado e respondeu como Delegado de PC (Polícia Civil), cumulativamente, pelo expediente da Assessoria de Relações Institucionais e de Comunicação Social e pela Assessoria de Administração”. Essas funções teriam sido designadas ao então delegado-geral entre abril de 2018 e fevereiro de 2021.

Também é dito, que “quando atuou cumulativamente frente a tais Delegacias, o A. não substituiu simplesmente o exercício da função gratificada de outro Delegado. Assumiu todos os encargos inerentes ao Delegado de Polícia responsável pelas unidades policiais, fazendo jus ao recebimento da verba respectiva, conforme previsto em lei, ou seja, considerando-se que a base de cálculo da gratificação de substituição é o subsídio do Delegado, e não o valor vil, ilegal e francamente insuficiente para remunerar a atuação cumulativa”.

A juíza Liliana de Oliveira Monteiro, da 3ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos, despachou o processo no último dia 12 de julho decidindo não realizar audiência de conciliação entre as partes, pois a “questão discutida nos autos envolve interesse público”. O Estado de MS foi citado para se pronunciar, mas ainda não o fez.

Vale lembrar que Garcia foi afastado de suas funções após contra o carro conduzido por uma jovem de 24 anos após uma briga de trânsito que acabou em perseguição na Avenida Afonso Pena, em Campo Grande. Atualmente, Garcia comanda o Ciops (Centro Integrado de Operações de Segurança Pública) em MS.

A reportagem entrou em contato com o ex-chefe da PC, Adriano Garcia Geraldo, buscando posicionamento sobre o processo contra o Governo de MS, mas não foi atendida. O espaço segue aberto para manifestação.

Ex-chefe da PC se envolve em briga no trânsito

A versão registrada na delegacia admite que tudo começou após uma briga de trânsito. Na versão da ocorrência, foi confirmado que Adriano buzinou após ser ‘fechado’ e que a motorista de 24 anos teria ‘mostrado o dedo’ após levar a buzinada. O histórico afirma que o delegado atirou duas vezes depois que ela já tinha parado o carro, e um dos disparos quando ela tentou fugir.

Segundo a versão da Polícia Civil, Adriano teria atirado porque achou que a jovem, mesmo com o carro trancado pelo carro dele, estaria “virando o volante para o lado dele e engatando ré”. No entanto, pouco antes, ele mesmo diz que não sabia quantas pessoas poderiam estar no carro porque tinha insulfilm, ou seja, contraditoriamente, diz que não seria possível ver o interior do veículo.

Durante o atendimento da ocorrência dos disparos feitos pelo delegado-geral, os policiais que atenderam à ocorrência do chefe recolheram a memória de uma câmera que ela tinha no para-brisa do carro, e o celular da jovem.

A motorista garante que, nas filmagens, poderia provar que o delegado-geral a perseguiu sem se identificar logo após se irritar em uma desinteligência de trânsito. “Simplesmente mostrei o dedo para ele porque meu carro afogou e ele buzinou. Eu não tenho bola de cristal para saber que ele é delegado”, disse a jovem.