Teve alta médica o homem, de 33 anos, vítima de tentativa de execução no dia 7 de novembro, na Mata do Jacinto, em Campo Grande. Ele estava no carro quando outro veículo teria passado e os autores efetuado vários disparos, atingindo o homem 8 vezes. Ele ainda dirigiu até a casa do pai, onde pediu socorro.

Com várias passagens por estelionato, ele chegou a ficar conhecido como ‘estelionatário do amor' pelo tipo de golpe que aplicava — a polícia apura se os crimes teriam ligação. Segundo o delegado Ricardo Meirelles, da 3ª Delegacia de Polícia Civil, familiares e outras testemunhas já foram ouvidas sobre o caso.

No entanto, ainda não há informação sobre uma linha de investigação, se o crime pode ter sido por vingança ou outro tipo de motivação. O homem ainda não foi ouvido, mas deve prestar depoimento nos próximos dias para tentar esclarecer os fatos. Ele chegou a ficar em coma na Santa Casa, por conta dos ferimentos graves e cirurgias que passou.

Atentado

A Polícia Militar foi acionada por moradores e, chegando à rua Pridiliano Rosa Pires, não encontrou a vítima e nem o possível autor. Testemunhas disseram que o homem teria sido levado em seu veículo até a casa do sogro, e de lá foi encaminhado para o hospital. Duas passageiras que também estavam no carro, junto à vítima, não se feriram.

A vítima foi atingida por 8 perfurações: no braço esquerdo, pescoço, rosto e lateral das costas e pernas. Moradores da vizinhança informaram que os autores estariam em um carro Fox vermelho, e seriam dois ocupantes. Perícia e a Polícia Civil estiveram no local e encontraram quatro cápsulas de calibre 9 mm deflagradas no chão.

Também foi feita perícia no carro da vítima e o caso foi registrado como tentativa de homicídio.

‘Estelionatário do amor'

Com mais de 15 passagens por estelionato, o homem de 33 anos teria um ‘padrão' para cometer os crimes. Ele se aproximava de mulheres fingindo ser militar, iniciava um relacionamento e então aplicava os golpes, levando dinheiro, carros, celulares, entre outros pertences das vítimas.

O último crime teria acontecido em 11 de agosto deste ano. Após a vítima perceber que caiu em um golpe, passou a receber ameaças do acusado, que já responde na Justiça por crimes com o mesmo modus operandi. Segundo a mulher, ela conheceu o homem após receber uma mensagem dele, dizendo que não tinha atendido a ligação porque estava em uma missão.

A vítima, então, respondeu ao número desconhecido, afirmando que não tinha ligado. Foi assim que o golpista começou a conversar com a mulher. Se apresentando como militar do Exército — embora em outras ocasiões já tenha dito que era policial — ele puxou conversa e conquistou a vítima, que passou a se envolver amorosamente com ele.

Durante o relacionamento, o acusado mentiu, dizendo que tinha vendido um terreno de R$ 300 mil e que o dinheiro tinha sido bloqueado pelo banco. Ludibriada pelo golpista, a mulher acabou ajudando o suspeito, emprestando a ele R$ 10 mil. Em outra ocasião, passou o cartão em uma loja, no valor de R$ 3 mil para o suspeito.

Estelionatário por formação, ele andava em um Jeep Renegade novo, segundo a vítima, veículo que não sai por menos de R$ 90 mil. Tudo isso para simular ter boa condição financeira e poder dar o golpe. A mulher só descobriu o golpe quando o falso militar disse que a levaria a uma festa, no Exército.

Quando ela estava pronta para a festa, ele ligou, dizendo que o general tinha cancelado o evento. Desconfiada, ela conversou com um amigo, que é militar do Exército, e ele disse que não havia ninguém com o nome do namorado dela no comando e ainda que não tinha nenhuma festa marcada.

Após descobrir o golpe, a vítima se afastou do acusado, quando começou a ser ameaçada e a receber ligações. Por isso, registrou boletim de ocorrência pelo estelionato e também pela violência doméstica. Em outras ocasiões, o homem já foi preso acusado de estelionato.