Três mortes seguidas nos últimos dias na região do bairro Caiobá, em Campo Grande, têm deixado os moradores preocupados com a falta de segurança. Duas mortes ocorreram por disparo de arma de fogo e uma jovem foi atropelada. A ousadia dos criminosos é tamanha que escritas em referência à facção criminosa PCC e até motociclista empinando o veículo em frente à viatura se tornaram cenas comuns na região. 

O Jornal Midiamax esteve na região para conversar com os moradores. No bairro Celina Jallad, um morador de 43 anos, que trabalha na construção civil, disse que é até difícil explicar a situação do bairro, pois muitos jovens estão se envolvendo no tráfico de drogas. “70% dos jovens do bairro estão envolvidos no crime”, revelou.

“Não deixo minha casa sem ninguém, porque esses jovens, que ficam fumando nas esquinas, invadem as casas e furtam o que der”, falou. 

Morador do bairro há 6 anos, ele disse que não pensou em se mudar, apesar da violência estar aumentando no bairro. “Em todos os cantos têm bandidos”, afirmou. O morador comentou ainda que no domingo (5), por volta das 6h30 da manhã, ouviu três disparos próximo a sua casa, e poucos minutos depois ouviu mais um tiro, mas quando saiu para ver, não encontrou nada.

Ele estava com a esposa e amigos na varanda de casa na noite de domingo, quando houve a execução de Douglas Willian Santos de Almeida. “Parecia que eram fogos de artifício”, contou.

Outra moradora da região, uma cozinheira de 43 anos, falou que o bairro está cada vez mais parecido com regiões de favela do Rio de Janeiro, como a Rocinha. “Os motoqueiros passam empinando a moto na frente da viatura e os policiais não fazem nada”, denunciou indignada.

Ela conta que são diversos roubos na região e que os criminosos estão fazendo “arrastão nos pontos de ônibus e levando os celulares tanto dos adultos, quanto das crianças que estão indo para a escola”.

A cozinheira falou ainda que quando os policiais passam pelo bairro, acabam vendo os jovens traficando e não fazem nada. A moradora afirma ainda que eles veem a viatura e correm, os policiais veem a situação e não abordam ninguém.

No meio do fogo cruzado, a aposentada de 65 anos, disse que um morreu na quadra de cima o outro morreu na quadra de baixo e a jovem foi atropelada porque se envolveu com um traficante da região. “A polícia passa, mas não aborda as pessoas, passa na boca de fumo e nem para eles, o que foi morto (Douglas Willian Santos de Almeida), estava nesta esquina”, questionou sobre a polícia.

A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar para mais detalhes sobre reforço na segurança do bairro, que informou que desde julho o serviço foi reforçado. Veja trecho da nota:

“A Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul informa que o policiamento ostensivo/preventivo no Bairro Celina Jallad é realizado pela 10ª Companhia Independente de Polícia Militar, que semanalmente realiza operações policiais na Região Urbana do Lagoa, na qual está inserido o Bairro Celina Jallad.

Além disso, desde o mês de julho deste ano, o policiamento foi reforçado em toda Capital com o lançamento do Programa OCOP – Obtenção de Capacidade Operacional Plena, que potencializou o patrulhamento na Capital. Desta forma, as ações preventivas são contínuas e o tempo resposta célere aos chamados via 190″. 

Os casos

A jovem Ângela Cristina Eduardo dos Santos, de 26 anos, morreu na noite de segunda-feira, 29 de novembro, após ser atropelada por uma motocicleta no Bairro Caiobá, em Campo Grande. Ela chegou a ser encaminhada para a Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos.

Kennedy Gabriel foi assassinado com três tiros na frente da namorada, na noite do dia 2 de dezembro, também na região do Portal Caiobá. Ele ainda tentou correr para dentro de casa para fugir dos atiradores.

O assassinato aconteceu por volta das 22h28, quando Kennedy estava sentado em frente à sua casa com a namorada. Testemunhas disseram que o autor é magro, vestia uma roupa de cor azul e chegou em uma motocicleta de cor vermelha.

Douglas Willian Santos de Almeida, de 24 anos, foi executado na noite de domingo, 5 de dezembro. A Polícia Civil apreendeu cartuchos de munições calibre .40, que estavam com crianças na rua. ‘Douglinhas’ foi assassinado a tiros, na Rua Marilda Avelina Rezende Perez, por ocupantes de um Palio.

O atirador estava encapuzado. Até o momento, não há informação da identificação ou prisão do acusado.