A Justiça negou o pedido de liberdade de Carlos Fernandes Soares, ‘sobrinho’, acusado de ter implicações no assassinato de Márcia Catarina Lugo, esposa de um policial civil aposentado, que foi morta com um tiro na testa, no dia 7 de outubro, e teve seu corpo encontrado no dia 8 de outubro, na BR-262.

No pedido da defesa, que foi negado pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, é alegado que Carlos não cometeu crime algum, além de ser réu primário e ter residência fixa. Também é exposto que a “medida cautelar segregatória não possui idônea fundamentação que a justifique, não estando comprovado o preenchimento dos pressupostos exigidos pela Lei 7.960/89. Por fim, afirma que é soropositivo e não se encontra bem”.

Em sua fundamentação, o magistrado ao negar a liberdade de Carlos afirma que: “A liberdade dos autores pode comprometer as investigações”. 

Pelo crime, além de Carlos Fernandes Soares também foi preso Carlos Henrique Santareno, conhecido como ‘China’. Ele trabalhava para um agiota fazendo cobranças e seria ele o autor do disparo que matou Márcia.

R$ 400 para consertar tiro em SUV

Após testemunhar o assassinato da ‘tia’, Márcia Lugo, Carlos foi até uma tapeçaria, na manhã de sexta-feira (8), para que o estofado fosse arrumado depois do furo provocado pelo tiro dado na testa da vítima. O tapeceiro disse à polícia que, quando começou a remover o estofado, percebeu manchas de sangue, mas continuou com o trabalho sem questionar. O carro, uma SUV, era locado. 

Imagens apagadas x senha do celular de Márcia

As imagens de câmeras de segurança do lava-jato, o qual Carlos era dono, foram deletadas do sistema pelo namorado da irmã do suspeito a pedido dele. A polícia chegou a ir atrás das imagens, mas foi informada pela irmã de Carlos, que por mensagens de WhatsApp ele havia pedido para que fossem deletadas.

Logo após o sumiço de Márcia, o marido dela — policial civil aposentado — foi até o lava-jato para saber do paradeiro da esposa questionando Carlos, já que o policial não conseguia acessar a localização dela pelo celular. 

Carlos, que tinha acesso às senhas do telefone de Márcia, disse que alguém teria formatado o aparelho, por isso não estaria conseguindo localizá-la. No dia do achado do corpo da vítima, a polícia não conseguiu encontrar seus documentos, carteira e celular.

Os documentos de Márcia foram localizados no dia seguinte, na lixeira do banheiro de um shopping da cidade pelo segurança do local.

Depoimento e destruição de provas

Quando acabou preso no dia 15 deste mês, Carlos afirmou que fugiu, logo em seguida para a fronteira, depois de ser ameaçado pelo agiota se revelasse sobre o crime. 

Em depoimento, ele foi questionado sobre o veículo Chevrolet Onix prata, que fazia uso antes de ser preso. Ele informou que o carro foi deixado com um conhecido, filho da proprietária de um hotel localizado na cidade de Bela Vista do Norte, no Paraguai. Carlos afirmou ter deixado as chaves e documentos com o rapaz, dizendo que voltaria para pegá-lo.

Questionado sobre como se deslocou de Bela Vista à Ponta Porã, o homem afirmou que utilizou o referido carro e, ao chegar à cidade fronteiriça, foi orientado por ‘China’, por meio de mensagens via WhatsApp, a se livrar do carro, pois ele estaria sendo rastreado.

Carlos informou que ligou para o conhecido que está na posse do veículo e, como o homem já estaria se deslocando para Ponta Porã, entregou o carro para ele. Dois celulares, que estavam com ele, foram apreendidos.

A polícia não descarta o envolvimento ou participação de Carlos no homicídio, uma vez que, segundo as investigações, ele era “confidente de Márcia e tinha relações muito íntimas com ela”. Além disso, somente os dois sabiam da existência do SUV locado e, ao longo das diligências policiais, será apurado como os agiotas tiveram acesso à localização deles, no dia em que Márcia foi levada.