Oitiva sobre ligação de cúpula da Polícia Civil com briga pelo jogo do bicho dura 2 horas
Delegado-geral e advogados foram ouvidos
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Na tarde desta sexta-feira (3), o delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Adriano Garcia Geraldo, prestou depoimento na Corregedoria, em audiência, por conta do PAD (Processo Administrativo Disciplinar) instaurado contra a delegada Daniela Kades. Isso, porque em reunião com vários delegados, Kades disse para Adriano que não confia na polícia, quando ele pediu para ela revelar dados das operações deflagradas pela Omertà.
Conforme o delegado da Corregedoria da Polícia Civil, Sérgio Luiz Duarte, foram aproximadamente 2 horas de audiência, em que foram ouvidos o delegado-geral e os advogados de defesa de Daniela Kades. O delegado não deu outras informações, alegando que o PAD é sigiloso.
Adriano retornou de férias de 15 dias, após crise que se instalou na cúpula da Polícia Civil sobre supostas ofensivas contra certos setores do jogo do bicho e denúncias, com as várias fases desencadeadas da Operação Deu Zebra. Em um total de 10 operações, nenhuma teria chegado nem perto dos verdadeiros donos do jogo.
Adriano Garcia voltou ao trabalho cumprindo expediente na DGPC (Delegacia Geral da Polícia Civil) nesta quarta-feira (1º).
Briga que acabou em PAD
Daniela Kades responde ao PAD após não ter repassado informações ao delegado-geral Adriano Garcia, que teria cobrado da colega nomes de quem seriam as pessoas responsáveis pelo jogo do bicho atualmente. “Falei que eu sabia algumas, mas não de maneira enfática. Até mesmo porque se eu soubesse materialmente eu tinha obrigação de prender essas pessoas”, disse Kades.
“Eu sabia de maneira informal, até porque não é mais a força-tarefa que investiga o jogo do bicho. Então disse que não falaria”, pontuou. Neste momento, o delegado-geral teria determinado que ela falasse. “É uma prerrogativa do delegado, ainda tem investigação em andamento, inquérito. É uma garantia do delegado, então disse que não falaria. Naquele momento acabei sendo infeliz na colocação que não acreditava na polícia”, explicou Daniela.
Para punir Kades o chefe da Polícia Civil de MS recorreu a um processo administrativo. Nele, Adriano diz que ao responder rispidamente Daniela transgrediu o artigo 155 da Lei Complementar nº 114/2005 que define, entre outras posturas, ‘observar o princípio da hierarquia funcional’.
Disputa pelo jogo do bicho
No dia 8 de novembro, o Jornal Midiamax noticiou que dentro da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, servidores suspeitam que as ações no âmbito da Operação ‘Deu Zebra’ estariam ligadas à suposta tentativa de interferência na briga pelo controle do jogo do bicho em Campo Grande. O caso resultou em denúncias ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e pedido de afastamento do delegado-geral.
Em meio à crise na diretoria da corporação, Adriano Garcia recebeu 15 dias de férias, até o fim de novembro, substituído pela delegada-adjunta Rozeman Geise Rodrigues de Paula. Informações obtidas pelo Midiamax são de que Adriano retornaria das férias já em outro cargo, não mais como delegado-geral, após desgaste sofrido com as recentes denúncias.
Denúncia MPMS
No dia 9 novembro, foi determinada a distribuição imediata pelo MPMS (Ministério Público Estadual) de uma denúncia que tem como alvo a cúpula da DGPC (Delegacia-Geral da Polícia Civil). Segundo informação oficial do Ministério Público, o procedimento deve ser distribuído a uma das promotorias do Patrimônio Público. A expectativa é de que pelo menos um dos titulares dessas promotorias se declare sob suspeição. Atualmente, atuam como titulares os promotores Adriano Lobo Viana de Resende, Fabio Ianni Goldfinger e Humberto Lapa Ferri, da 29ª, 30ª e 31ª promotorias, respectivamente.
A manifestação foi recebida pela ouvidoria e no mesmo dia determinada a sua distribuição. “Foi determinado o encaminhamento à Supervisão das Promotorias de Justiça Especializadas para distribuição a uma das Promotorias de Justiça com atribuição na área do Patrimônio Público e Social”, explicou a nota enviada ao Jornal Midiamax.
‘Cota Mínima’
O Jornal Midiamax apurou que, no plano de operação da décima fase da ‘Deu Zebra’, foi estipulada cota mínima para cada equipe policial. Ou seja, cada equipe deve identificar ao menos duas bancas responsáveis pelas apostas do jogo do bicho, que apresentem resultado positivo para apreensão de objetos e identificação de autoria.
O prazo para cumprir a missão vai desta terça até o dia 3 de dezembro, quando cada equipe apresentará relatório com o resultado final da operação. Em ofício, o Sinpol-MS (Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul) alegou que o andamento de procedimentos das delegacias especializadas e distritais estão prejudicadas por conta do uso dos investigadores na ‘Deu Zebra’.
Além disso, o cumprimento da ‘cota’ que cada delegacia deve cumprir acaba prejudicando ainda mais o trabalho. Foi solicitado que desdobramentos da operação sejam executados apenas por policiais das delegacias encarregadas pelo inquérito policial.
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